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Principais Tendências das Relações Comerciais Brasil-Reino Unido

Rubens A. Barbosa


 

Quais são as principais tendências comerciais e de negócios que estão emergindo dessas profundas transformações por que está passando a Europa?

 Sem procurar esgotar o assunto, com o pano de fundo esboçado acima, as tendências que mais interessam ao setor privado brasileiro são:

 Em primeiro lugar, a concentração (hoje, da ordem de 70% do total do intercâmbio comercial externo) do comércio entre os países membros da União Européia.

 Em segundo lugar, o crescimento da renda e a ampliação da competitividade dos produtos da União Européia, decorrentes da integração econômica e comercial, terão efeitos positivos sobre o intercâmbio com o resto do mundo e, por via de consequência, sobre as exportações brasileiras.

 Em terceiro lugar, a dificuldade de penetrar no mercado único europeu em virtude de novas regras de comércio ou em áreas relacionadas com o comércio (algumas ainda em elaboração) como padrões e normas técnicas (ISO 9.000 e outras), de meio ambiente (selo verde), subsídios à produção e à exportação (política agrícola comum e industrial). Essa regulamentação, definida muitas vezes de forma unilateral pelos países europeus, tem-se transformado, na prática, em verdadeiras barreiras de comércio.

 Além disso, existem barreiras tarifárias e não tarifárias propriamente ditas que afetam, principalmente produtos de baixo valor agregado - a parte mais significativa de nossas exportações (as tarifas estão consolidadas na OMC e, em alguns casos, apresentam níveis elevados como em relação a alimentos, calçados e têxteis); direitos niveladores para produtos agrícolas (equalizam os preços internos da UE, geralmente mais altos, com os preços internacionais; na Rodada Uruguai, a UE comprometeu-se a tarificar esses direitos e reduzi-los em seis anos); medidas sanitárias e fitosanitárias; barreiras ecológicas, direitos anti-dumping e anti-subsídios e mais recentemente barreiras sociais (a chamada cláusula social).

 Em quarto lugar, a crescente competição que nossos produtos de exportação para a região (basicamente produtos agrícolas e minerais) já enfrentam de Portugal, Espanha e Grécia e passarão a enfrentar em consequência do ingresso de novos membros e da assinatura de acordos comerciais com os países da Europa Central e Oriental (PECO), com países mediterrâneos e com a África do Sul que produzem e exportam em larga medida os mesmos produtos que o Brasil. Sem falar da competição com produtos que já gozam de preferências pelos acordos de Lomé.

 Em quinto lugar, as modificações qualitativas e quantitativas introduzidas no Sistema Geral de Preferências europeu (concessões tarifárias unilaterais oferecidas pelos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento). A partir de 1º de janeiro de 1997, o Brasil será graduado em suas exportações de produtos agrícolas e agro-industriais para o mercado comunitário, isto é, a União Européia considera que o país atingiu um determinado nível de desenvolvimento que o exclui desse benefício. Em vista disso, o Brasil perderá uma série de concessões outorgadas até aqui, deixando de gozar de vantagem competitiva em grande número de podutos.

 Em sexto lugar, a perspectiva de gradual modificação da Política Agrícola Comum, com a entrada a partir do ano 2000 de outros países europeus já associados (Hungria, Polônia, República Tcheca).

 Em sétimo lugar, a entrada em vigência de um Acordo Quadro Mercosul-União Européia com vistas à ampliação da cooperação econômica/comercial e a perspectiva de negociação, a médio prazo, de um acordo de livre comércio entre as duas uniões aduaneiras.

 Em oitavo lugar, medidas discriminatórias tomadas contra alguns produtos brasileiros como café verde e café solúvel.

retirado de: http://www.brazil.org.uk/secom08-03.html