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RESPONSABILIDADE POLÍTICA!
Fernando Marrey Ferreira
A edição de medida provisória que criou incentivos fiscais para as
montadoras, com reflexos diretos no não aprofundamento do Mercosul por estimular a guerra
de renúncia de impostos entre os países é um ato que deturpa o interesse nacional. A
isenção de impostos concedido à Ford com o intuito de levá-la à Bahia ocorreu na
três esferas federativas; o Governador da Bahia também isentou a multinacional dos
impostos Estaduais; o Prefeito do município onde a empresa fixar-se-á não cobrará IPTU
nem ISS, o BNDS vai financiar R$ 180 milhões do projeto na Bahia. A partir da década de
1960 intensifica-se o sistema econômico transnacional, ou seja, onde empresas
multinacionais instalam-se em vários países simultaneamente, propiciando a
descentralizando da produção em diversas unidades produtivas. As instalação de
multinacionais em diversos países propicia o início de intercâmbio global intenso. As
fronteiras dos Estados Nacionais passam representar um problema a esta
internacionalização. As multinacionais a todo tempo tentam escapar do controle nacional
ou de qualquer controle no desenvolvimento de suas empresas ou empecilhos que porventura
possam minimizar seus lucros. O termo offshore é usado para descrever a prática de
registrar a sede legal da empresa num território fiscal generoso, e em geral num Estado
fraco ou pequeno a fim de se evitar pagar impostos, além de fugir de outras restrições
impostas nos Estados de origem da empresa. "Todo Estado ou território sério , por
mais comprometido que estivesse com a liberdade de obter lucros, havia estabelecido certos
controles e restrições à conduta de negócios legítimos, no interesse de seu
povo."(Eric Hobsbawm). Uma combinação convenientemente complexa e engenhosa pode
produzir maravilhas nos balanços das empresas. Países que por incompetência ou
negligência legislativa permitem buracos legais em sua legislação propiciam vantagens
adicionais as estruturas empresariais. É o caso do Brasil onde a lei responsabilidade
fiscal e a reforma tributária são fundamentais aos Estados federados e a União para que
arrecadem eficientemente das empresas os impostos indispensáveis à serem direcionados à
educação, saúde, segurança, reforma agrária...
Os EUA, o Japão, a Grã-Bretanha e a Alemanha em 1960 tinham 85% das duzentas maiores
empresas do mundo, que faturavam 17% do PNB da parte capitalista do globo. Em 1984
passaram a concentrar 26% do PNB e nos dias de hoje estes percentuais são ainda maiores.
A filosofia empresarial norte americana via o interesse do Estado, mas preocupam-se
também com o interesse de suas empresas transnacionais. Palavras de um magnata de Detroit
que entrou no governo norte americano "o que é bom para a General Motors é bom para
os EUA". Como se vê a globalização é um instrumento concentrador de riquezas e
relega os países emergentes como o Brasil a um inexorável subdesenvolvimento agravado
pela inércia da maioria de nossos políticos que não cumprem eficientemente sua
obrigação. Nos não temos empresas brasileiras multinacionais mas deveremos buscar
criá-las e não patrocinar as estrangeira. As "zonas francas" ou offshore
espalharam-se pelos países pobres e propiciaram a redução brutal dos custos de
produção das empresas, pela renúncia dos governos em cobrar impostos. Com o
desaparecimento dos velhos impérios os Estados fragmentaram-se em pequenas unidades, ou
em mini Estados como se deu na América Latina (espanhola), propiciando o avanço de
centros offshore, pois encontravam ali a principal características para sua
solidificação Estado pequeno e no caso brasileiro um Estado fraco e generoso em
incentivos. Abre o olho Brasil!!
Os países do Mercosul: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai necessitam com urgência
unificar políticas de incentivos concedidos às empresas multinacionais. A arrecadação
empresarial de impostos é fundamental, não podemos continuar cobrando implacavelmente
só dos trabalhadores assalariados, as empresas merecem o mesmo tratamento. Os países
adotando uma política conjunta neste sentido evitariam tantos desperdícios, estariam
caminhando com seriedade em resolver a carência de recursos disponíveis às áreas
sociais. No Brasil internamente a guerra fiscal entre os Estados também deve ser
finalizada. O Estado de São Paulo está passando por um processo de desindustrialização
com aumento de desemprego e queda de arrecadação. O Governo de São Paulo é impotente
para minimizar a fuga de empresas do Estado de São Paulo. Como conseqüência não pode
pagar condignamente os professores estaduais, a polícia, os funcionários do fórum, da
saúde e deixa de propiciar um atendimento digno à população como um todo. O BNDS
existe para financia multinacional? A desnacionalização de nosso parque industrial vai
nos levar a escravidão o povo não pode deixar que isto ocorra. Vamos questionar,
debater...
Todos perdem com o atraso e com o empobrecimento da população, inclusive as
multinacionais que instalaram-se aqui para explorar nosso mercado consumidor. O Congresso
Nacional tem o dever de elaborar a reforma tributária e a lei de responsabilidade fiscal.
O povo deve ser protegido com seriedade. Entretanto este caminho no sentido do
desenvolvimento só ocorrerá se a sociedade se mobilizar encontrando mecanismos efetivos
para cobrar uma atitude de quem tem o poder de solucionar estas pendências. O povo pode
ter o poder...
Fernando Marrey Ferreira
Advogado, especializando-se em Jornalismo Internacional na PUC-SP e
Pós-graduando no Núcleo de Relações Internacionais da USP
retirado de: http://www.neofito.com.br/artigos/inter33.htm