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A escolha de um Warrant...
Negociar Warrants reveste-se de
vários perigos que são muitas vezes ignorados ou negligenciados. Além de se
tratar de um produto alavancado, o que naturalmente permite atingir maiores
ganhos mas igualmente possibilita a ocorrência de grandes perdas, acresce que o
Warrant é um produto bastante complexo envolvendo outras variáveis que não
apenas a direcção do mercado.
Assim e devido às suas
características não basta estar do lado certo do mercado, mas estar do lado
certo, no momento certo e no Warrant adequado. A questão do timing e
da escolha do Warrant são pois de grande importância e regra geral
determinantes para o sucesso ou insucesso do trade...
Em primeiro lugar, devemos tomar em consideração o plano temporal do trade
que temos em vista: Curtíssimo, Curto ou Médio-prazo. Não pretendo neste artigo
discutir a dinâmica do Warrant pelo que o mesmo pressupõe que se conhece e
domina a mecânica de funcionamento dos Warrants. No quadro seguinte
apresentam-se os vários planos temporais e o que me parece mais importante
previligiar e evitar em cada um dos casos:
Num trade de curtíssimo-prazo é importante previligiar o efeito
de alavancagem, especialmente em daytrading. Desta forma
consegue-se transformar pequenos movimentos (nomeadamente intradiários) em
movimentos negociáveis que permitam cobrir custos de negociação. Por seu turno,
há que ter em consideração o spread Bid/Ask, pois o efeito de
alavancagem que transforme um movimento no subjacente de 1% em 10% no Warrant
de nada serve se o mesmo Warrant tiver um spread Bid/Ask na ordem dos
10, 20 ou mais %. Neste caso não é muito importante a questão da maturidade e
da distancia entre o strike e o subjacente, individualmente. Mas
no seu conjunto poderão levar o Warrant a um valor absoluto muito baixo
implicando elevados spreads, no caso do Warrant muito out-of-the-money
e já relativamente perto do maturidade.
Num trade de curto-prazo (várias
sessões a algumas semanas) o aspecto principal a ter em linha de conta é a
questão da sensibilidade à volatilidade dado que um movimento do subjacente
pode não ter o efeito desejado no Warrant caso esteja a ser contrariado por uma
perda de volatilidade implícita se se tratar de um Warrant muito sensível neste
aspecto. Neste caso, ainda não sendo crítica, a questão da perda de valor
temporal também deverá ser analisada. Deve-se previligiar uma boa relação
entra a alavancagem e a estabilidade perante a perda de valor temporal e a
sensibilidade à volatilidade. Warrants muito alavancados tendem a ser muito
instáveis e se bem que podem servir perfeitamente para daytrading ou
curtíssimo-prazo já poderão não ser adequados para um trade de algumas
semanas.
Num trade de
médio-prazo, a questão da perda de valor temporal ganha um maior relevo pois
estando-se a falar de um trade que pode durar vários meses, surge
obviamente um efeito cumulativo que não deverá ser negligenciado. Neste
caso é preferível que o Warrant tenha características bastante estáveis, o mais
parecido possível com Futuros ou CFD's, um Warrant em que a perda de valor
temporal e a sensibilidade à volatilidade tenham efeitos mínimos. A
estabilidade levanta ainda outra questão que mais adiante analisarei em maior
pormenor.
No quadro seguinte poderá ver-se em traços gerais qual a situação do Warrant
mais adequada para cada um dos planos temporais tendo em conta as
características atrás descritas:
Não sendo tão importante no caso do daytrading e curtíssimo-prazo,
será de evitar principalmente no curto e médio-prazo Warrants que estejam perto
da maturidade, mesmo que pareçam apelativos. Os Warrants perto da maturidade e
principalmente se estiverem out-of-the-money tendem a ficar bastante instáveis
além de que a sua margem de manobra temporal é reduzida. A questão é mais
ou menos óbvia mas não faz mal algum referi-la em todo o caso...
Existe a tentação de efectuar a escolha com base numa simulação nas
calculadoras de Warrants. Estas aplicações têm obviamente utilidade, no entanto
devem servir apenas de auxiliar à escolha. Evite utilizar essas ferramentas
para projectar um determinado cenário. Sinceramente, entendo que a escolha de
um Warrant é mais complexa do que descobrir qual o Warrant que valoriza mais se
o índice for ao valor x no dia y.
Esse cenário pode falhar de diversas formas pois não só temos de estar
correctos quanto à direcção do mercado como em relação a um valor específico
num dado espaço de tempo.
Trata-se de uma ponderação muito restritiva que poderá levar à escolha de um
Warrant demasiado perigoso caso o índice não corresponda a essas expectativas
específicas. Nada de particularmente improvável quando ponderamos um único
cenário...
Retomo agora o aspecto da estabilidade do Warrant. Uma das características
específicas do Warrant é o facto do seu comportamento se alterar ao longo
do tempo com a evolução do subjacente e com a aproximação da data de
maturidade. Este aspecto não deve ser descurado em trades com prazos
mais alargados.
Esta característica particular dos Warrants é responsável por muitos trades
perdedores que em Futuros ou CFD's seríam possívelmente ganhadores.
Isto porque, decorrido um tempo considerável desde a compra do Warrant,
este já não é o mesmo, as suas características mudaram. Este aspecto
é tão mais importante em trades que não estejam a correr
particularmente bem mas em que a nossa análise ao subjacente nos diga para
manter a posição dado que visamos um movimento num plano mais alargado,
movimento esse que nos continua a parecer possível e provável. No entanto,
o Warrant aproximou-se da maturidade e simultaneamente o subjacente poderá
ter-se afastado (ainda que apenas ligeiramente) do strike. O Warrant
pode muito bem ter passado a pouco adequado para o nosso plano temporal ou
num caso mais extremo, dada a proximidade da maturidade e da distância do strike
o sucesso no trade estar agora bastante comprometido, senão
impossível. Convém não ficar «fixado» num Warrant principalmente se o trade
se arrasta no tempo. Não hesite em mudar de Warrant se pretende manter a
posição. Pela experiência que tenho é algo que os investidores não ponderam,
mas se pretende manter a posição poderá ser bastante vantajoso passar para
outro Warrant entretanto mais adequado. Não tem qualquer desvantagem se abrir
uma posição do mesmo valor da que acabou de fechar a não ser os custos de negociação.
Quanto às vantagens são de diversa ordem: ao escolher um Warrant com outro strike
mais acessível e/ou uma maturidade mais afastada passa a ter maiores
probabilidades de sucesso.
Note que caso o trade
não corra conforme o esperado, tal pode significar que:
-> O Warrant que na altura da
escolha se encontrava in-the-money passou a out-of-the-money,
alterando-se as suas características básicas de sensibilidade à volatilidade e
à perda de valor temporal;
-> O Warrant cujo strike
se encontrava perto do subjacente, valor aquele facilmente atingível num certo
período de tempo, passou a estar entretanto afastado do strike com a
agravante de que a margem de manobra temporal reduziu-se igualmente com a
aproximação da data de maturidade.
Mesmo nos casos em que o trade
corre favoravelmente poderá compensar a dada altura mudar de Warrant pois o que
se detém tenderá a perder elasticidade ao passar a encontrar-se deep-in-the-money.
Relembro que este artigo visa
apenas a questão da escolha de um Warrant adequado. O artigo pressupõe que se
conhece e domina a mecânica de funcionamento dos Warrants.
Marco António.
Observação: Esta análise é
um artigo de opinião e não deverá ser entendida como uma recomendação de compra
ou de venda; o autor não se responsabiliza por eventuais prejuízos que possam
derivar do facto do leitor se identificar ou não com a opinião expressa neste
artigo.
Retirado de: http://www.caldeiraodebolsa.com/article.php?iId=94.
Palavras chaves: warrant trade estabilidade