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A polícia e a corrupção

 

José Wilson Furtado

 

Segundo matéria veiculada no Jornal "Estado de São Paulo", edição do dia 10/10/94, artigo do jornalista Thelio Magalhães, o Juiz Corregedor da Policia Judiciária, Francisco José Galvão Bruno, remeteu à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo (CORREGEPOL/SP), os seis volumes, com 1.100 páginas, da sindicância que instaurou visando apurar a corrupção na Polícia Paulista. O juiz determina à CORREGEPOL que sejam instaurados inquéritos policiais quantos sejam necessários, a partir das informações já coletadas.

Lembrou o Magistrado Bandeirante que a sindicância começou no dia 31 de maio de 1994, quando o informante policial José Gonzaga Moreira, o "Zezinho do Ouro", procurou espontaneamente a Corregedoria. Durante horas prestou informações que coloca a Polícia Civil de São Paulo em maus lençóis. Suas declarações foram encaradas com reservas, até mesmo face ao caráter duvidoso do informante, que decorria dos próprios fatos narrados. Entretanto, nem por isso se podia deixar de investigar, elucidou a autoridade judiciária já mencionada.

Numa atitude corajosa, o Juiz Francisco Galvão Bruno determinou a quebra do sigilo bancário de 34 policiais envolvidos nas investigações, estendendo a medida a outros sete policiais. Dos 41, ao todo investigados, dez são delegados, um escrivão e os demais investigadores. Após essas considerações, o Juiz Corregedor adotou três medidas: a) Sejam iniciados tantos inquéritos quantos sejam necessários a partir das informações contidas na sindicância; b) Os inquéritos policiais correrão em absoluto sigilo. "A eles somente poderão ter acesso os advogados constituídos"; c) Os pedidos de prazo, salvo determinação específica em contrário deste Juízo, poderão ser feitos por telex.

É bom lembrar, a guiza de arquivo, que no Estado do Amazonas, a corrupção e a violência policiais culminaram com a extinção da Polícia Civil, por força da Lei Nº 1.910/89.

Senhor policial prepotente e covarde, cuidado! (Tribuna do Ceará, 10/11/1994).

 

A DEPENDÊNCIA DA NICOTINA

O Comitê da Food And Drug, concluiu que a nicotina é uma droga, conforme anunciou David Kesseler, Diretor da FDA, Agência de Drogas e Alimentos. A nicotina, portanto, entra na categoria das substâncias que afetam a estrutura e o funcionamento do corpo. Em conseqüência da descoberta científica, surgiu como via de debates, um antagonismo de idéias. Como se sabe, a dependência (vício ou hábito), ocorre, normalmente, pela ingestão de substâncias que acalmam, sedam, entorpecem e causam euforia ou depressão.

Contra os militantes antifumo mais ferrenhos como Scott Ballin, da coalizão "Fumo ou Saúde", a FDA optou por uma atitude mais prudente. Vai começar uma dura batalha no combate à droga. O lobby do fumo propõe estabelecer uma nova distinção entre as substâncias que criam uma simples dependência e as que intoxicam o corpo humano. Aliás, este é o entendimento do brilhante professor Antonio Mourão Cavalcante, da Universidade Aberta do Nordeste, no Curso Drogas: saber e agir, que coordenamos em Senador Pompeu, pela sondas da Rádio Sertão Central. O roqueiro Leo Jaime declarou: "Se meu filho me perguntar o que eu acho sobre o que ele deve fazer: fumar cigarro, beber cerveja ou fumar maconha, eu digo: vai fumar maconha que é muito melhor" (Jornal "O Povo", 14/06/1991).

Os estudiosos Beeson e Mac Dermott dão a classificação às drogas medicamentosas que causam dependência física ou psíquica e as que causam os dois tipos de dependência Classe I) Medicamentos que causa dependência psíquica e física: a) tipo opiaceo (ou similar): morfina, benzomorfanos, grupo de mepiridina; grupo da metdadona; b) tipo álcool-barbitúrico: álcool etílico, paaldeído, hidrato de cloal; meprobromato, carbinais terciários: anfetaminas; II) Medicamentos que causa dependência psíquica: cocaína, alucinógenos, canabis, brometos.

Se você é amigo de Satanás, aí está um bom cardápio. (Tribuna do Ceará, 29/05/1995).

 

ESTRUTURA PSÍQUICA DA CRIANÇA

Na opinião do professor gaúcho, Amadeu de Almeida Weiman, da Faculdade de Direito de Canoas/RS, "A estrutura psíquica da criança passa a se formar do conjunto de componentes sadios que, naturalmente passa e introjetar toda esta imensa carga de sofrimento e frustrações e, do balanço entre uma e outra é que terá o homem sadio ou o neurótico ou psicótico". (Revista do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul, ano 1976, vol. I, loc. cit., pág.265). Dê-me uma criança até seus três anos e eu lhe mostrarei adulto, diz o ditado.

Um estudo neozelandês, realizado nos últimos 21 anos, sugere, no entanto, que na realidade, a idade correta é até três anos, e não sete. "Nossa avaliação de temperamento até os três anos, conseguiu fortes previsões para os adultos, diz o responsável pela pesquisa, o estudioso Phil Silva, em uma entrevista especial ao repórter Sim Luissor, da Reuters,(05/08/94). Aos três anos você pode medir ou ter uma indicação segura do temperamento da pessoa por certas características comportamentais que são contínuas, diz Silva. Estatisticamente, esses traços carregam uma forte correlação com o comportamento na vida adulta, apesar de haver exceções. De acordo com o pesquisador, o risco de uma criança se tornar criminoso na vida adulta, pode, com grau de probabilidade, ser determinado aos três anos de idade. O estudo é baseado em mais de mil casos de crianças nascidas no intervalo de 1972 a 1993, na Cidade de Dunedim, no Sul da Nova Zelândia.

A pesquisa avaliou as crianças e suas famílias em profundidade a cada dois anos, até que fossem completados 15 anos de estudo e, depois disso, a cada três anos. Isto representou uma mina de ouro para a pesquisa acadêmica, fornecendo dados para mais de 500 publicações e artigos. O estudo está desmoronando muitos mitos. Por exemplo: As crianças de mães que trabalham fora não estão em desvantagem em relação àquelas que se dedicam exclusivamente à casa e aos filhos. O comportamento da criança em seu habitat é fundamental na dosimetria de sua maturação.

Que o presente artigo sirva de subsídio àqueles que se dedicam ao estudo da criança. (Tribuna do Ceará, 27/01/2000).

 

BANDIDO COM RAZÃO

No LP da dupla Zezé Di Camarco & Luciano encontramos a faixa intitulada: "Bandido com Razão", onde os versos traduzem a figura do menino abandonado, marginalizado pela sociedade, que o coloca sob a sarjeta, mercê de toda sorte, induzindo-o à seara do crime: "Menino de rua eu te conheço/dignidade não tem preço/menino de rua manchete de jornal/neste País do carnaval, não tem comida pra você". A música é um grito de alerta às autoridades sobre um problema cruciante e que coloca o nosso País numa situação de penúria social.

Segundo os dados do Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência (CBIA), baseado em informações de 27 Estados Brasileiros, mais de 10 mil crianças e adolescentes, de 0 a 18 anos, morreram de forma violenta, em sua maioria por acidentes de trânsito e homicídio, no Brasil, nos últimos três anos. "O impacto das chacinas que vitimizaram crianças e adolescentes nos centros urbanos não pode obscurecer o expressivo número de mortes violentas geradas por outras causas", afirmou a Presidente da CBIA, Regina Lúcia Quadro Bertullim em entrevista concedida ao jornalista Cleber Praxedes, da Agência Estado de São Paulo – (NG/Morte/Crianças, 13/10/94). O CBIA concluiu em seu trabalho, que as crianças na faixa de 0 a 4 anos morrem mais por afogamento, seguida de acidentes de trânsito e queimadura. Na faixa de 5 a 11 anos, as maiores vítimas são em decorrência de acidentes de trânsito e atropelamento, seguido de afogamento. Poucas são as cidades que oferecem condições de sobrevivência à criança.

O Fundo das Nações Unidas apontou a Cidade de São Caetano do Sul como sendo a que oferece melhores condições de sobrevivência às crianças até seis anos. Enquanto isso, vamos encontrar em outras cidades, como no Piauí, onde as crianças se marginalizam usando lama nas veias como forma de drogas, para conseguirem efeitos alucionógenos. A criança que não é bem amada, lamentavelmente torna-se um bandido com razão. (Tribuna do Ceará, 16/11/1994).

 

CRIMES HEDIONDOS

Os crimes hediondos estavam regulados pela Lei Nº 8.072, de 25 de julho de 1990, em virtude de determinação constitucional (Art. 5º, Inciso III, da Constituição Federal de 05/10/1988). A mencionada lei não incluía o delito tentado (Cp. art. 14, Inc. II), como crime hediondo. Por este motivo o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana considera o novo texto mais rígido. São ainda incluídos a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, além do terrorismo. Nos casos de homicídio qualificado a pena vai de 12 a 30 anos. São incluídos: os casos em que existe recompensa, motivo torpe ou motivo fútil, emprego de veneno, fogo, explosivo, torturas, asfixias ou outro meio cruel, emboscada ou ocultação de outro crime, além de outros exemplos.

Como enfatizamos em nosso trabalho, "A luta pela justiça" (Tribuna do Ceará, 10/07/94), este quadro de mudança na legislação repressiva nacional reflete o denodo e galhardia de uma mãe sofrida, no caso, a novelista Glória Perez, que conseguiu apresentar emenda popular com mais de 1,3 milhão de assinaturas no Congresso Nacional, depois que sua filha, Daniela Perez, fora assassinada por Guilherme de Pádua e Paula Tomáz, em novembro de 1992, comoveu o País e levou à mudança na legislação. A novelista Glória Perez, em entrevista concedida a Rosângela Honor, da Agência Estado de São Paulo (08/09/94), considerou uma vitória a decisão do Presidente Itamar Franco de sancionar a lei que dispõe sobre homicídio qualificado e crimes hediondos praticados por grupos de extermínio e enfatizou: "A vitória é de todas as mães, principalmente daquelas que perderam seus filhos".

Com a nova lei, o presidente Itamar Franco espera conter um dos problemas sociais que vem carcomendo a vida dos governos estaduais, podemos citar como parâmetros as chacinas da Candelária, no Rio de Janeiro, e Pantanal, no Ceará.

Face ao princípio da Irretroatividade da Lei Penal, a nova lei não deverá servir de referencial para punir os assassinos de Daniela e nem os que mataram a pancadas o estudante Marco Antonio Velasco, uma gangue em Brasília. (Tribuna do Ceará, 29/09/1994).

 

O JOGO DO BICHO E A IGREJA

Certa vez, ouvi de meu velho pai, quando passava pelo Mercado Central, uma frase que me chamou a atenção: "Filho, dinheiro obtido do jogo é herança do demônio". Vamos encontrar nas escrituras sagradas, em Mateus 21:12, a passagem de Jesus expulsando os cambistas que tentavam transformar a casa do Senhor num covil de ladrões. Em toda a minha adolescência, assisti a cenas em que a igreja sempre repudia a prática dos jogos de azar, embora, aqui e acolá realizasse os seus tradicionais leilões e bingos. Hodiernamente, a coisa mudou, o jornal Agência Estado (15/04/94), noticiou que diversas igrejas do Rio de Janeiro estão na lista do mafioso Castor de Andrade. Este é um dos pontos mais delicados levantados pela Procuradoria na opinião de Antonio Biscaia. Um dos incluídos é o Padre Max Lin Rodrigues, um dos mais conhecidos sacerdotes do Rio de Janeiro, por se aproximar dos jovens e se vestir e falar como eles. Castor de Andrade fazia doações ainda a outras igrejas, como a de Santo Antonio, no centro do grande Rio. A loja "A camélia flores", todas as segundas-feiras de manhã, decora e ornamenta a igreja para receber a visita do poderoso chefão do jogo do bicho.

Dom Luciano Mendes de Almeida, Presidente da 32ª Assembléia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que se realiza em Indiatuba, de modo sereno, afirmou ao Jornal Nacional da Rede Globo (17/04/94), que a legalização do jogo do bicho seria uma alternativa para tentar desvincular esta atividade do narcotráfico e prostituição, e enfatizou dizendo que as denúncias pela Diocese do Rio de Janeiro.

Acredita-se que Jesus voltará à Terra pela segunda vez, e quando isto acontecer, o mestre dos mestres ficará bastante decepcionado, pois encontrará parte de seu rebanho acólito com ladrões e salteadores. (Tribuna do Ceará, 28/04/1994).

 

A CORAGEM DE UM PROMOTOR DE JUSTIÇA

Em excelente trabalho, na coluna Interior, o velho Dutra de Oliveira, escriba do melhor naipe, do time escol de Tribuna do Ceará, sob o tema: "É difícil faer justiça", alude sobre os percalços que enfrentamos como Promotor de Justiça Zonal do Sertão Central, no afã de zelar pela proteiforme função que nos foi incumbida e enfatiza como cátedra: "Uma das coisas mais difíceis deste País é se fazer justiça. Quase sempre a ação dos poderosos se sobrepõe aos ditames da Lei. A ação muitas vezes maléfica da política regional, estadual ou federal, atrapalha o trabalho dos que defendem os injustiçados em todas as instâncias.

Os crimes e criminosos deste País, muitas vezes são julgados de acordo com o prestígio político, econômico e social dos protagonistas" (Dultra de Oliveira – É difícil fazer justiça. Tribuna do Ceará, 29/07/93 – Coluna Interior).

Segundo informações colhidas da Agência Estado de São Paulo, NG/PO/Eleição – Ceará, 147 – 03/10/94, o Promotor de Justiça de Solonópole, a 378 quilômetros de Fortaleza, Johnson Lira Coelho, encaminhou no dia das eleições, ao Procurador Regional Eleitoral José Gerim Mendes Cavalcante, um relatório completo contendo informações sobre a distribuição de "presentes e dinheiro" pelo deputado Pinheiro Landim (PMDB), candidato reeleito. Pelos dados recebidos pelo Procurador, estão envolvidos nessa distribuição além da vereadora Maria Laurice Moreira Freitas (PMDB), dois eleitores e um comerciante.

Todos foram indiciados por crime eleitoral do art. 299, cuja pena é de reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa. Nas eleições de 1992, estivemos na Comarca de Solonópole, juntamente com o Juiz Eleitoral, Dr. Marcos Aurélio Rodrigues. Os boatos relatavam que o deputado já mencionado, na noite anterior do pleito, distribuiu dinheiro em forma de vale. Lamentavelmente não ratificamos os boatos, todavia, a voz do povo ficou confirmada, é sem dúvida a voz de Deus. (Tribuna do Ceará, 20/10/1994).

O LINCHAMENTO DE ITAPIÚNA

Toda a imprensa alencarina noticiou, no dia do feriado da República, sobre a execução do maníaco sexual Francisco das Chagas Gomes Ferreira, conhecido nos arrabaldes pelo pseudônimo de "Raimundo Dim", que de modo frio e bárbaro eliminou os menores Antônio Emanoel de Oliveira, de 10 anos e a irmã deste, Eva Maria de Oliveira, de apenas 4 anos de idade, fato ocorrido na cidade de Itapiúna. O mórbido pedófilo, após a prática de seu crime hediondo, for apreso pelos diligentes aguazis da localidade de Sítio Tatajuba, naquele Município, onde a população deste lugarejo, diante da impunidade que campeia em nosso País, e talvez nas leis dos homens, mormente, no Tribunal Popular do Júri, resolveu fazer a sua própria justiça, o que não recebe o beneplácito da lei.

Recentemente, na cidade do Rio de Janeiro, ocorreu um fato idêntico: os menores da favela do Dique em Vigário Geral, queimaram vivo, na tarde do dia 29/setembro/93, o catador de papel Adilson Oliveira Barroso, acusado de incendiar um barraco e provocar a morte de Rafael Justino Cavalcante, de apenas nove (9) meses de idade (O Globo, 20/09/93).

A onda de linchamento, lamentavelmente vem pegando. No Recife um linchamento seguido de morte: revoltados com a morte de Valquíria Costa, de 13 anos, estuprada e assassinada pelo próprio tio, João Franco da Silva, cerca de 200 moradores do Alto Nova Olinda, no Bairro de Peixinhos, lincharam e enforcaram o criminoso. Já em São Paulo (Estado de São Paulo, 18/09/93), cerca de 50 moradores da Favela Pau Queimado, lincharam na madrugada do dia 17/09/93, Ivanil Ribeiro, de 28 anos, a socos e pauladas. O referido elemento matou a facadas seu cunhado, o comerciante Armando Soares de Lima, ao interferir numa tradicional briga de casal. Dutra de Oliveira, em excelente artigo publicado em Tribuna do Ceará (16/10/93), sob o título "Justiça Coletiva", explicita a matéria com denodo e galhardia de mestre. Os linchamentos nos dias hodiernos remontam a lei de Linch (justiça com as próprias mãos), cujo nome refere-se ao estudioso Carlos Linch, que não se sabe ao certo se foi fazendeiro ou juiz. No século XVII, sumariamente se livrara dos adversários políticos mandando-os à forca. Segundo a pseudo-lei, conhecida como Justiça Privada, o povo se arvora em julgador dos criminosos, dos quais se apodera em virtude da fraqueza do aparelho policial e da Justiça, sentenciando os autores de homicídios em frações de minutos, e, como se não bastasse, sob os aplausos da massa neófita. A justiça naquela época não tinha meios de controlar a onda de crimes e o povão assimilou os ensinamentos de Linch. O vocábulo Linchar é usado nos dois países: Brasil e Portugal. (Tribuna do Ceará, 18/11/1993).

 

VIOLÊNCIA NO CAMPO

Segundo dados apresentados pelo pesquisador Charles Mullher, no seminário realizado pela Unicamp, no período de 01 a 05/09/94, sob a modernização no campo, atualmente 38 milhões de brasileiros vivem na Zona Rural, sendo 13 milhões de trabalhadores. Dutra de Oliveira, com a experiência que lhe é peculiar, em sua coluna "Municípios", abordou sobre o tradicional "Êxodo Rural". As famílias sertanejas que não têm condições de sobreviver no interior do Estado, emigram para a capital na esperança de conseguir emprego, e casa para morar. A fome e a sede são os responsáveis maiores pelo êxodo, uma vez que cada dia que passa, o quadro piora e cada vez mais".

Em Brasília, Agência Estado de São Paulo, com excelente reportagem de Cleber Praxedes, informou que nos primeiros oitos meses deste ano de 1994, foram assassinados 11 trabalhadores rurais em diversas regiões do País. Somente no Estado do Maranhão, 12 pessoas entre trabalhadores, agentes de pastoral e lideranças sindicais e políticas estão ameaçados de morte. Esses dados fazem parte do documento produzido pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e entre a organização de Direitos Humanos Pax Christi que está com uma comitiva de 11 pessoas no Brasil investigando a violência no campo e nos grandes centros urbanos (Agência Estado de São Paulo, 13/09/94).

"No País do Carandiru, da Candelária, de Vigário Geral, de tantos massacres, a dor dos pobres se tornou banal, virou cifra, diz a CPT. O homem do campo continua sendo marginalizado e vítima da violência urbana, estamos num ano político, e é possível até que um canalha, querendo iludir ao eleitor conclame o direito do nosso sertanejo, mais agora a coisa será diferente, senhor político. (Tribuna do Ceará, 09/12/1994).

 

 

 

CHACINA CHEGA AO CEARÁ

O jornal Tribuna do Ceará, em edição de domingo, dia 21/11/93, publico a matéria: Menores são assassinados. Massacre é comparado ao da Candelária no Rio.

Na madrugada de sábado, na Favela Pantanal, Bairro do Prefeito José Walter, recôncavo periférico de nossa urbe, três menores foram executados de modo bárbaro: André Gomes de Sousa, 14 anos, o "Duda", Veridiano Duarte da Silva, 15 anos, o "Verinho", e Carlos Antônio da Silva, 16 anos, "O Bife". Surgiram comentários, na grande Fortaleza, loura desposada do sol, na linguagem do poeta Paula Ney, que na consumação do fatídico evento, houve a participação de policiais civis e/ou militares; outros se enveredaram na melíflua hipótese de queima de arquivo, visto que a Favela do Pantanal é um foco de violência, onde a droga campeia, sem qualquer admoestação, face à inexistência de um trabalho de polícia preventiva. Na escalada vertiginosa da violência, o ano de 1993, foi marcado pela execução de vítimas e inocentes e em nosso humilíssimo trabalho traçamos um contorno estatístico deste peçonhento quadro. Candelária, 13 de julho/1993 – Rio de Janeiro: oito (8) crianças foram trucidadas em frente à Igreja da Candelária. O tenente Marcelo Ferreira Cortês e os soldados Marcus Vinícius e Cláudio Luís Capibaribe foram levados ao 2º Tribunal do Júri. Vigário Geral: Rio de Janeiro, 30/agosto/93: na madrugada, um dia depois do assassinato de quatro (4) policiais, vinte e uma (21) pessoas foram mortas por trinta (30) homens encapuzados. Concluiu-se que houve a participação do deputado estadual Emir Laranjeiras, ex-Comandante da Polícia Militar e o capitão da ativa Aguinaldo Pirassol Ruas, ambos integrantes do grupo de extermínio da Baixada Fluminense, denominado "Cavalos Corredores". Favela do Coroado: Rio de Janeiro, 20/setembro/93: Numa operação irregular praticada por policiais civis para chantagear traficantes, oito (8) pessoas foram eliminadas covardemente. Informou a Agência Globo, Rio, 28/09/93 – AG.084: Foram quinze minutos de tensão. Depois de quatro oras de batalha, o major Francisco Rangel, Comandante do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da PM negociou a rendição dos traficantes. Chacina da Avenida – Rio de Janeiro: 18/09/93: Uma nova chacina fora registrada, onde três (3) homens e uma (1) mulher foram assassinados e seus corpos encontrados na Avenida do Automóvel Clube, na Zona Norte do Grande Rio. Favela do Detran: Recife/PE: quatro jovens foram mortos à bala sob suspeita de tráfico de droga. Chacina do subúrbio de Salvador: 01/09/93: No subúrbio ferroviário de Monteiro Lobato, ocorreu o extermínio de quatro rapazes. Segundo o delegado Nivaldo Dorea, que acompanhou de perto o caso, existia no subúrbio baiano uma lista contendo o nome de cem (100) jovens condenados à morte na área, provavelmente por pequenos comerciantes e pessoas ligadas à polícia. Favela Pára-Pedro, Rio de Janeiro: 19/09/93: Quatro pessoas foram encontradas mortas a tiros no fundo da Favela Pára-Pedro, no colégio, área do 9º BPM (Rocha Miranda). Apenas uma das vítimas foi identificada: Jefferson Conceição dos Santos, de 17 anos, morador do Morro da Caixa D’Água, na Penha.

O Ministério Público, através de sua função proteiforme de zelar pela fiscalização e execução da Lei, em todos os momentos esteve vigilante, arriscando a própria sorte na caça aos executores de vítimas indefesas. Em Brasília, o Promotor de Justiça da Infância e da Juventude, Valdenor Queiroz, decidiu intimar a Secretária de Desenvolvimento e Ação Comunitária, Maria do Barro, para maiores explicações sobre a denúncia de matanças de jovens, publicada no jornal "Correio Braziliense". No dia 21 de setembro de 1993, o Brasil conquistou mais uma vitória no País das chacinas. Nesta data, comemorou-se, definitivamente a prescrição de um crime, que, há 20 anos abalou o País pela crueldade quanto pelo suposto envolvimento de sobrenomes ilustres do Regime Militar, e chegou a ser investigado até pelo SNI.

Com a perda do direito de punir (prescrição), a Justiça não poderá mais colocar nas grades os autores até hoje desconhecidos do assassinato de Ana Lídia Braga, de sete (7) anos, encontrada nua, violentada e estrangulada no dia 12 de setembro de 1973. Neste hediondo crime houve o envolvimento de um filho do Ministro da Justiça, Alfredo Buzaid. O Governador do Ceará, Ciro Gomes tem razão, se não abrirmos os olhos, a terra de Iracema será transformada num paiol de pólvora. (Tribuna do Ceará, 02/12/1993).

 

O ESCÂNDALO EMOCIONAL

O jornalista José Roberto de Alencar, quando entrevistado no programa "Bom-dia Ceará", da TV Verdes mares, ediçãodo dia 24 de junho/94, fez alusão sobre um escândalo noticiado pela imprensa nacional, no tocante ao suposto caso de abuso sexual praticado por uma Escola de São Paulo, onde seus diretores foram presos e que depois de tudo ficou comprovado não passava de uma notícia falsa. José Roberto catalogou este caso, como um registro de escândalo da imprensa e adiantou aos telespectadores alencarinos, que, às vezes, a notícia recebe um impacto maior, devido ao fator emotividade. O delegado de polícia de São Paulo, Gerson Carvalho, concluiu na tarde do dia 22/06/94, os seis (6) volumes do inquérito policial, que apurava a prática de abuso sexual contra crianças na Escola de Educação Infantil Base, na Aclimação, Bairro Paulista. Concluiu o Presidente do órgão de gerência pública bandeirante, que nada aconteceu e em entrevista exclusiva ao Jornal Bandeirante, enfatizou: "Não houve crime nenhum. O pessoal da escola nada tem a ver com isto, alem do abuso não ser comprovado o laudo complementar do IML é por demais lacunoso". Saulo Costa Nunes e sua mulher Cristina Nunes, responsáveis pela Direção da Escola, ficaram presos durante quatro dias e sentiram na pele todo o clima de uma injustiça. No entanto, o casal tem uma grande preocupação com o filho menor de iniciais R.N. que desde que os pais foram presos passou a comer com as mãos, sem qualquer assistência.

Depois dos ânimos serenados, os próprios vizinhos da escola manifestaram à imprensa, que tudo não passou de um sensacionalismo. O exemplo da escola de São Paulo servirá de alerta às pessoas inescrupulosas, que, no nefasto frenesi egolátrico, não se importam em colocar sob um mar de lamas o nome e a reputação de seus semelhantes, ou como se diz na gíria, é um palhaço que sorri ao ver o circo pegar fogo. (Tribuna do Ceará, 17/07/1994).

 

O NARCOTRÁFICO E O FUTEBOL

O jornal de Bogotá, do dia 02/07/94, trazia a seguinte manchete: "LA VIOLÊNCIA GOLPEA DE NUEVO AL FUTBOL". O assassinato na madrugada do dia 01/07/94 do jogador André Escobar marcou mais uma etapa da violência no futebol colombiano, que há cinco anos viu morrer um árbitro, Álvaro Ortega, provavelmente pelos tiros disparados no narcotráfico. Escobar foi fuzilado com doze tiros. Com isto, um dos melhores e mais queridos atletas colombianos, se tornou mais uma vítima de uma série de escândalos que abalaram o país do futebol, e logo depois da série de ameaças recebidas pela Seleção durante sua participação no Mundial.

A presença do dinheiro do narcotráfico no futebol colombiano teve sintomas mais evidentes, quando o presidente da Equipe Nacional de Medelin, Herman Botero, foi extraditado aos Estados Unidos pela lavagem de dólares em 1984. O fato mais grave se apresentou em 23 de novembro de 1989, quando o árbitro Álvaro Ortega foi eliminado em Medelin, depois de dirigir na véspera uma partida entre os clubes de primeira divisão Medellin e América. Ortega caminhava por uma rua central dessa cidade, em companhia de outro árbitro quando foi abordado por um grupo de apostadores, onde teve morte imediata. Dois jogadores do Nacional de Medellin, René Higuita e Felipe Perez, terminaram ano passado na prisão: o primeiro por ter sido intermediário do resgate de uma jovem seqüestrada, e o segundo por servir de apoio logístico ao Cartel de Medelin. Também outro jogador do clube, Alberto Cañas, foi assassinado, aparentemente por seus vínculos com o mesmo grupo.

As ameaças recebidas pela Seleção durante a copa e o assassinato de André Escobar demonstram de modo inequívoco, que a violência e o dinheiro sujo continuam sendo uma sombra sinistra para o futebol da Colômbia.

O narcotráfico é o péssimo cartão de apresentação aos nossos irmãos sulamericanos, e quem não estiver integrado ao sistema, será uma fácil queima de arquivo. (Tribuna do Ceará, 14/07/1994).

 

O MP E A ESPIONAGEM

Antigamente, quando se falava em espionagem, a primeira idéia que se chegava era a dos filmes de James Bond na luta contra a máfia de Goldfinger. Modernamente, face à incidência dos tradicionais delitos de cavalheiros, a espionagem atingiu aos grandes centros urbanos.

Em São Paulo, o Promotor de Justiça Marco Antônio Ferreira Lima, ofereceu denúncia contra Richard Sucrewn, Presidente da Phillip Morris, feitoque tramita na 19ª Vara Criminal.

O presidente da Phillip Morris é acusado de praticar espionagem industrial, contra três ex-funcionários: Antônio Carlos Ferreira, Ismael Pinheiro e José Martinho Quintal Freitas, sócios da General Brands Alimentos. Eles tiveram seus telefones grampeados, por um detetive particular contratado pela Phillip Morris. Ocorre, porém, que o detetive particular Waldir Matias dos Santos, contratado pelo advogado Iyro Kusano, tentou extorquir dinheiro dos ex-funcionários já mencionados. A revista Isto É, edição do dia 17/05/1995, rotulou a matéria sub oculo, com o título: "Araponga trapalhão". O presidente da Phillip Morris foi denunciado pelo Ministério Público bandeirante, pela prática dos crimes de constrangimetno ilegal e violação do sigilo das telecomunicações. A Constituição Federal de 05/10/1988, em seu artigo 5º, Inciso VI, é de uma clareza solar, quando prescreve in verbis: "São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos". (Grifos nossos).

Ficou famosa no Brasil, a sentença do pundonoroso Juiz Federal Agapito Machado, no caso "inhame", em que absolveu vários acusados, em face da imoral escuta telefônica, conseguida no gabinete do Dr. Romeu Tuma, na época, Superintendente da Polícia Federal, e o povo néscio e alheio a tudo, ficou a indagar: Por que somente o motorista do caminhão foi condenado? O Ministério Público Bandeirante frenou a uma atividade típica de mafiosos, pois o sigilo de comunicação é inviolável. (Tribuna do Ceará, 03/08/1995).

 

A QUEDA DE UM ÍDOLO

O mundo futebolístico internacional recebeu com impacto a notícia da Fifa, confirmando que o jogador Diego Maradona estava dopado na partida contra a Nigéria. A análise confirmou a presença de "Efedrina", geralmente utilizada como descongestionante nasal. É por demais lamentável, que tudo aconteça com um jovem talentoso, que encantou o mundo com suas jogadas mirabolantes e que na última quinta-feira (30/06/94), deixou o esporte perplexo e triste. Maradona implodiu um castelo de conquistas e glórias, caso tivesse participado do prélio contra Bulgária, onde a Argentina perdeu por 2x0, para disputar a última partido do Grupo D, seria o jogador com o maior número de partidas mundiais (fase final) disputadas. No último sábado 25/06/94, no jogo contra a Nigéria, Maradona igualou o recorde do alemão Uwe Seeler e do polonês Wladislau Zmuda, com 21 jogos, os três atuaram em quatro Copas do Mundo. Na tarde do dia 14/06/94, logo após um treino contra uma equipe de juniores, da cidade argentina de Romário, Diego Maradona em entrevista a um jornal de Boston (AFP), assim se expressou: "Fiz tudo o que pude. Estou satisfeito com o treinamento e agora tudo está nas mãos de Deus" (AFP-Boston-GMT). Naquela oportunidade, Maradona garantiu que estava mais veloz e mais relaxado em campo.

Através da Tribuna do Ceará, em três (3) edições, abordamos a matéria sub oculo, sob o título: "O dopping no futebol", onde relatamos que o médico Eduardo de Rose, coordenador da Equipe Antidopping, em entrevista à imprensa de Porto Alegre, no dia 02/08/1993, fez relato que um outro jogador do escrete argentino, no caso, o Cannigia, teria sido incluído na lista de dopados, onde fora encontrada cocaína na sua urina. A glória do sucesso não se conquista em um dia, o que se antagoniza com a queda, o mundo inteiro ao som da antológica música-ópera: "Don’t cry for me Argentina", chorou a derrota de seu ídolo querido. (Tribuna do Ceará, 07/07/1994).

RELAÇÕES INCESTUOSAS

A Rede Globo lançou no final de abril/95, a minissérie "Engraçadinha". Trata-se de uma adaptação da obra do imortal Nelson Rodrigues, onde escandaliza os costumes da década de 40, com a personagem "Engraçadinha". Em um dos capítulos, levado ao ar na quarta-feira, dia 03/05/95, o fogoso amante, "Primo Sílvio", vivido pelo ator Ângelo Antônio, ao descobrir que tinha praticado relações sexuais com a própria prima, pratica a autocastração.

A palavra incesto vem do latim "Incestus", significando machado, impuro, não casto (in + castus), portanto, o seu cometimento deixaria a família sem castidade, impura. Aurélio Buarque de Holanda, em seu novo dicionário define: "É a união sexual ilícita entre parentes consangüíneos afins ou adotivos". Na concepção de Thomas de Aquino, um dos luminares da Igreja, o incesto consiste no abuso de uma mulher ligada ao incestuoso pelos laços de consangüinidade ou afinidade. O Antigo Testamento descreve relações incestuosas (Abraão casou-se com Sara, sua meio-irmã) – Levítico 18:17, Samuel II,13:14, Mateus: 14-13 e Corintios 5:1. Sigmundo Freud, em suas "Conferências introdutórias sobre a psicanálise" descreve que o incesto que se pensa ser tão rechaçado pelos seres humanos, é inequivocadamente permitido aos deuses. Um dos crimes de Edipo, o herói de uma das célebres lendas mitiológicas da literatura grega, foi o incesto com a mãe Jocasta, outro foi o patrício.

Em 1991, o intrépido e competente jornalista Fernando Ribeiro, na época, no jornal "O Povo", publicou em sua coluna policial o caso do motorista Manoel Pinto de Castro, que se aproveitou de sua filha de iniciais D.S.E., 17 anos, engravidando-a. O mais absurdo, a doméstica Maria de Lourdes da Silva, num desabafo disse: "Fui traída por minha própria filha". Que as cenas de novela não sejam assimiladas. (Tribuna do Ceará, 14/05/1995).

 

O CHORO DAS CRIANCINHAS

O cinema infantil está de luto, com o desaparecimento de dois mitos sagrados da sétima arte, o desenhista Walter Lantz, criador do imortal "Pica-au", que com sua risada enlouquecia a todos, e Henry Mancini, autor da trilha sonora "The Pink Panther" ("A Pantera Cor de Rosa"), que serviu de roteiro a um filme infantil do mesmo nome. Walter Lantz foi contratados pelos estúdios Universal em 1928, onde Carl Leemmle confiou a ele a produção da série "O coelho Oswaldo". Em seguida, criou o Woody Woodpecher, nome original do "Pica-Pau", que fez sua primeira aparição num episódio da série And Panda, outro personagem criado por Lantz. Sobre o "Pica-Pau", conta a lenda, que o desenhista inventou o personagem a conselho de sua esposa, inspirando-se num pássaro que perturbou a lua de mel do casal em 1941. O ator Mel Blanc foi o primeiro a emprestar sua voz ao insolente pássaro cuja risada inimitável caracterizava os desenhos animados de Lentz. O criado do Pica-Pau foi contratado aos 19 anos por Winsor Mac Cay, pioneiro da animação nos EUA. Com muita inteligência, o cantor Erasmo Carlos, "O Tremendão", lançaria em 1967 a música "O Pica-Pau", falando de um bichinho que apareceu na tela na hora em que o rapaz ia beijar a namorada. Em 1978, Walter Lantz obteve o prêmio Oscar do Cinema, por ter proporcionado alegria e risos ao mundo inteiro. Lembro-me com muita saudade das antológicas tardes de domingo, em que o Cine Majetic, da Rua Barão do Rio Branco, ficava lotado para ver o pássaro infernal. Já Henry Mancini, palmilhou o campo da trilha sonora, onde surgiram grandes sucessos, tais como: Mister Luck, The Pink Panther, seriados exibidos pela TV Ceará Canal 2, dos Diários Associados. Hoje, já não temos a criatividade dos desenhos animados, o que existe é uma lavagem cerebral de violência, e a juventude néscia de tudo, vem assimilando através do cinema o cerne da violência. O mundo infantil chora a perda de seus ídolos. (Tribuna do Ceará, 03/07/1994).

 

O MP E A INTERNET

Segundo matéria publicada na revista "Time", com o título "Cyber porn", a Polícia Inglesa, numa operação "sui generis", conseguiu desmantelar uma quadrilha que distribuía material pornográfico, através da Internet, com divulgação de fitas e vídeos de sexo explícito com criança (pedofilia). Logo após a edição da notícia, o Promotor Público (District Attornerney), Doyle James, do Estado de Winconsin, fazendo valer a sua força fiscal da lei, ordenou que os policiais vigiassem a Internet para acabar com a difusão de pornografias entre crianças, tráfico de drogas e consumo.

A idéia de Doyle foi ampliar o trabalho de auxiliares denominado "cibertiras", que receberam atribuições de agentes supletivos do Ministério Público americano, no combate aos efeitos nocivos da informática hodierna. O Juiz Federal designado para revisar o acordo antitruste da Microsoft com o Departamento de Justiça dos EUA, pediu às partes que comparecessem para uma reavaliação da matéria.

No Brasil, tivemos um caso de pirata cibernético, onde um adolescente de 17 anos, filho de um professor da Universidade Federal de Pernambuco, conseguiu entrar na Rede Nacional de Pesquisa (RNP), representante da Internet, no Brasil e acessou os arquivos pessoais do governador Miguel Arraes.

No depoimento que prestou à Polícia Federal, o pai do rapaz disse que o filho é um aficcionado por computação, entrou na rede por falta de informação, sem má intenção. Peritos e técnicos em informática estão analisando o 486 do jovem pirata, para saber até que ponto ele invadiu a rede. No Brasil ainda não há legislação específica sobre crimes de informática, no entanto, em casos similares, o Ministério Público oferece denúncia, entendendo que o fato típico se molda à quebra do sigilo de correspondência.

Aquele velho ditado, "mares tem olhos e parede tem ouvido", é coisa ultrapassada, nos dias de informática, é preciso ter cuidado, porque na tela do 486 poderá aparecer um segredo. (Tribuna do Ceará, 01/10/95).

 

A VITIMOLOGIA NO FUTEBOL

O jogador Edmundo, por mais que tente provar na imprensa, que está mudado, ainda vai demorar muito tempo. Com a antonomásia de "animal", agnome criado pelo vibrante locutor esportivo Osmar Santos, o famoso "garotinho", Edmundo assumiu uma trajetória trepidante, às vezes, colocando em apuros a equipe a qual pertencia. Recentemente, quando do intervalo da partida Flamento 1 x Vasco 1, jogo realizado no dia 29/10/95, o jogador Edmundo, num comportamento totalmente contrário à moral desportiva, e, como forma de avilte à torcida vascaína, meteu a mão por cima do calção e balançou os órgãos genitais; que me perdoe a torcida do meu querido mengão, uma molecagem desvairada.

Em reportagem à Agência Globo, o advogado e vice-presidente das Relações Externas, Micel Assef, tentou atenuar a atitude do jogador, afirmando que se tratava de um caso típico de vitimologia. A verdade é que, Edmundo será julgado no dia 14/11/95, por infrigência ao art. 337 do Código Brasileiro Disciplinar de Futebol, podendo ser apenado com a dosimetria de duas a quatro partidas.

A vitimologia como ciência, remonta a segunda metade do século XX, quando, em 1947, Benjamim Menddelsonh proferiu conferência sobre o tema "Um novo horizonte na Ciência Biopsicossocial", sendo considerado, pois, o pai da vitimologia.

O que seria então vitimologia? O penalista Roque de Brito Alves enfatiza: "A nova ciência, como antonomia perante os estudos de Direito Penal e da Criminologia, insiste em que, em vez de o binômio ou a dupla crime-criminoso ser o fundamento da ciência penal ou da criminologia, deve-se atentar à dupla vítima-criminoso. Ressalte-se, até por questão de justiça, o trabalho proficiente do talentoso Dr. Luis Coelho, que vem com denodo se infiltrando no campo da vitimologia em nosso Estado, participando, inclusive, de conferências internacionais. Futebol é coisa série e não pode ficar ao alvedrio de atitudes inconvenientes à moral e aos bons costumes. (Tribuna do Ceará, 09/11/1995).

 

A HISTÓRIA E O CINEMA

Quando alguém falar que o relato de um filme pode mudar a vida de um povo, não se assuste e nem considere tal assertiva como uma hipérbole. Em janeiro de 1992, o flme "JFK, a verdade que não quer calar", do cineasta Oliver Stone, tendo como astro principal Kelvin Costner, provocou um vendaval nos EUA, levantando dúvidas a respeito das duas balas que atingiram JFK, chamada pelos peritos de "bala mágica", por ter também atingido o Governador do Texas, John Connely, em trajetória questionada pelos especialistas.

No início de dezembro de 1995, mais uma vez Oliver Stone passa a ser discutido na terra do Tio Sam, quando da elaboração de seu novo filme "Nixon", fazendo um esboço do perfil do Presidente mais controvertido da História dos EUA. As filhas do ex-presidente Richard Nixon, Julie Nixon Eisenhower e Tricia Nixo condenam Oliver Stone por ter difamado e degredado "a memória de seus pais e por ter esperado para isso que estivessem mortos, com a finalidade de evitar processos judiciais. Richar Milhous Nixon, morreu em abril de 1984, dez anos depois de sua renúncia devido ao escândalo do "Watergate", um caso de escutas telefônicas clandestinas da sede democrata. Presidente dos Estados Unidos de 1968 a 1974, conduziu uma política externa muito ativa, com sua sombra inseparável, o secretário de Estado Henry Kissinger, praticando uma diplomacia de abertura para a China, de desarmamento com a ex-União Soviética e, nos últimos anos, de aproximação ao Vietnã. Richard Nixon, interpretado pelo ator britânico Antony Hopkins, aparece no filme de Oliver Stone como um ser infinitamente complexo e torturado.

É bom não olvidar que o escândalo Nixon, apareceu em 1983, no filme "Todos os Homens do Presidente", com o desempenho notável de Dustin Kolfmam. Logo, não é exagero ouvir de alguém: "Este filme marcou a minha vida". (Tribuna do Ceará, 18/01/1996).

 

SEITAS E SUICÍDIO

A Revista Veja, edição do dia 10/01/96, traz uma reportagem de Onky de Sousa, diretamente da Boca do Acre, Região Sul do Amazonas, sobre a existência da Seita do Santo Daime, aquela em que os adeptos tomam um chá alucinógeno chamado Ayaushaca, em seus cultos religiosos. A matéria é por demais interessante e traz o depoimento do jornalista Jorge Mourão, que relata o suicídio do filho adotivo Jambo, que, durante uma reunião de culto, tomou o já prefalado chá alucinógeno, armou uma fogueira, acendeu-a e atirou-se sobre ela.

Quando estivemos no CIGS (Centro Intensivo de Guerra na Selva), em Manaus, juntamente com o Relações Públicas da Petrobrás e Radialista Wanderley Barbosa e vários integrantes da Magistratura alencarina, ouvimos do Coronel Porech, por sinal cearense, a informação de que a histórica Região Amazônica é rica na produção de chás, através de plantas nativas, citou o Ayaushaca e outros com reações afrodisíacas, o que despertou a atenção da galera visitante, dentre eles, o Repórter Cláudio Pinheiro da Rádio Cidade, que fez questão de provar do chá, dizendo, naquela oportunidade, que no futuro, revelaria o efeito da matéria. No final de dezembro de 1995, a Agência Reuters divulgou uma matéria sob o assassinato coletivo de mais de 16 adeptos da Ordem do Templo Solar.

Na reportagem de Gilles Lapouge, em Paris, e publicada no Estado de São Paulo, 29/12/1995: "Fala-se em seita, mas esta é uma palavra vaga. Cada seita tem o seu aspecto, sua face. A do Templo Solar era estilista" (de extrema direita), dizem alguns, sem entretanto, dar provas. Questionou-se sobre as atividades da Igreja Universal na França. O pastor Ricardo Gonçalves, responsável por essa Igreja em Paris, como é óbvio, negou qualquer envolvimento. A palavra de Deus é sábia: "Se alguém vos disser, eis que o Cristo está aqui ou ali, não lhes dê crédito". (Tribuna do Ceará, 01/02/1996).

 

 

 

O EPISÓDIO DA CALCINHA

Há quem diga, no adágio popular, que é quase impossível resistir-se a rabo de saia. No entanto, é preciso renar os impulsos lascivos, sob pena de cairmos nas raias do ridículo. O carnaval carioca de 1994, com certeza ficará marcado indelevelmente em todos nós, quando em pleno festejo momino, fora fotografado ao lado da modelo cearense Lilian Ramos, que estava em total ultraje público ao pudor, junto ao Chefe da Nação, completamente despida, isto é, sem calcinha.

A Revista Isto É, n  1273, edição do dia 23/02/94, de forma maldosa e com o escopo deliberado de sensacionalismo, publicou a matéria sob o título: "Itamar e o sexo explícito", com a foto da modelo Lilian Ramos, mostrando, inclusive, a região clitórica. Um escândalo. Lamentavelmente. O Presidente Itamar Franco não conseguiu resistir às mulheres do carnaval carioca. Tímido e contido, ao chegar ao sambódramo às 22h35min, o mineiro Itamar, duas horas depois, trocava beijos e afagos com a modelo e atriz Lilian Ramos, uma cearense de 27 anos, que ficou conhecida como a sósia de fafá de Belém visto possuir um manancial lácteo bastante volumoso e que encantava o mineiro no Camarote da Liga Especial das Escolas de Samba, vestindo uma camiseta ecológica, uma sandália dourada de plataforma e sem calcinha. Toma cuidado menina – recomendou Itamar ao constatar que sua acompanhante, ao levantar os braços para sambar, mostrava aos fotógrafos que estava sem calcinha. Lilian custou a aceitar o conselho do Presidente e continuou exibindo-se diante das lentes dos fotógrafos durante cerca de 10 minutos. Para convencê-la, Itamar teve que ser sutil, convencendo-a a sentar-se no parapeito do camarote.

Antes da promiscuosa cena a atriz e modelo Lilian Ramos, o presidente Itamar Franco, participava do carnaval carioca como um autêntico folião, e como se não bastasse, um verdadeiro adolescente: Jogava beijinhos e acenava para os integrantes das escolas e se entregava ao charme das passistas. Foi nesse clima de alegria, que seus olhos foram bombardeados; quando de repente, passa em frente ao camarote da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), a modelo Lilian Ramos, fantasiada de princesa persa e com os seis de fora.

Lilian Ramos contou à reportagem da Agência Globo, que jogou um beijo em forma de flerte ao presidente Itamar Franco, que do camarote retribuiu o gesto, fazendo sinal para que ela se apresentasse mais de perto. Assim que terminou o desfile a modelo cearense foi ao camarote do Presidente, tendo que enfrentar outras candidatas musas do carnaval do presidente Itamar. Uma delas, a jornalista Marília Gabriela, já trocava beijos e abraços com o Presidente, outra, a Miss Brasil 1993, a alagoana Lylia Virna, de 18 anos , estivera com Itamar, um pouco mais cedo. Na suíte do Hotel Glória e reapareceria desfilando na Mocidade, e, ainda, a cantora Gal Costa que, quando Lilian Ramos chegou ao camarote, já conversava com Itamar, recebendo a cantora baiana os galanteios do escolhido do clube dos machões mineiros.

O escândalo com a modelo Lilian Ramos foi motivo de fofocas em todos os quadrantes do universo. Só para se ter uma pequena idéia da coisa, em S. Paulo, para protestar contra a aparição do Presidente da República ao lado da modelo sem calcinha, no sambódramo, um grupo de feirantes de S. Paulo marcou e realizou na manhã de segunda-feira (21/2/94) a distribuição de 500 calcinhas. Os brindes foram doados às freguesas do salão dos feirantes, que funciona embaixo do elevado Costa e Silva o famoso minhocão. Segundo o organizador do feirão dos brindes, somente as mulheres com calcinhas faziam jus ao prêmio. A família brasileira que já está acostumada a conviver com tanta violência através dos meios de comunicação, ficou boquiaberta, ao ver, ao lado de toda esta sodomia, aquele que na verdade é o timoneiro dos nossos destinos. Isto é Brasil. (Tribuna do Ceará, 03/03/1994).

 

O IMPÉRIO DA IMPUNIDADE

No último dia 10 de setembro próximo passado, a impunidade conquistou mais uma vitória, no País que já é conhecido pela perífrase de "Império da Impunidade".

O Estado deixou de punir, face à prescrição vintenária (prescrição da pretensa punitiva), os autores de um crime que abalou a Nação, tanto pela crueldade, quanto pelo suposto envolvimento de sobrenomes ilustres do Regime Militar, investigados, inclusive pelo Draconiano SNI do General Figueiredo. Com a prescrição, a Justiça não poderá mais punir os autores do assassinato de Ana Lídia Braga, de sete anos de idade, encontrada nua, violentada e estrangulada no dia 12 de setembro de 1973. O mistério Ana Lídia sobreviveu a duas tentativas de reabertura do processo, em 1986 e 1991. Os principais suspeitos, Álvaro Henrique Braga, irmão de Ana Lídia, e o traficante Raimundo Lacerda Duque, amigo da família, foram absolvidos por falta de provas. Alfredo Buzaid Júnior e Eduardo Ribeiro de Rezende, filhos, respectivamente, do então Ministro da Justiça Alfredo Buzaid e do senador Eurico Rezende, "condenados" pela opinião pública da época, nunca foram denunciados pela Justiça Pública, porque eram filhinhos de papai. Buzaidinho e Eduardo aparecem em algumas das 2.000 páginas do processo, como integrantes da gangue de drogados do traficante Duque. Eduardo suicidou-se no final de 1991 e o filho do ex-ministro Buzaid morreu em um acidente de carro, no ano de 1985, no Estado do Paraná. Mors ominis solvit (A morte destrói tudo).

Quem não se lembra do fatídico episódio Bateau Mouche? Cinco (5) anos após o naufrágio do Bateau Mouche IV, durante a passagem de ano de 1988 para 1989, a tragédia é um exemplo da impunidade no País e mostra a dificuldade que o cidadão comum tem de vencer a burocracia da Justiça em defesa de seus direitos. Nenhum dos 9 sobreviventes ou familiares dos 55 mortos conseguiram qualquer indenização na Justiça. Dos 13 acusados pelo excesso de lotação do barco, apenas dois foram condenados e mesmo assim, a prisão aberta. Preso mesmo só está o Bateau Mouche, que apodrece no I Distrito Naval, no Centro do Rio de Janeiro. As famílias das vítimas e os sobreviventes quase não se falam e alguns desistiram de lutar pela indenização ou de acompanhar o processo na Justiça. O Restaurante Solimar, de onde saia o Bateau Mouche para os seus passeios marítimos, voltou a funcionar com todo o seu prestígio. Os empresários espanhóis envolvidos com o empreendimento abriram outros negócios no Rio e os processos contra eles tramitam em quatro Tribunais diferentes: a Justiça Criminal, a Justiça Cível, a Justiça Federal e a Justiça Militar.

Os advogados prevêem que na Justiça Cível, onde os empresários devem ser condenados a indenizar as famílias dos mortos e os sobreviventes, o processo ainda deva durar dez anos. Dos 13 empresários acusados de colocar no mar um barco com excesso de passageiros e fazê-lo navegar em mar aberto, fora de suas especificações, dois foram condenados, mesmo assim, em segunda instância: Álvaro Pereira da Costa e Faustino Puerto Vidal, que tinham só 6% de participação no Bateau Mouche. "É muito difícil brigar com essa gente", desabafa o tributarista Boris Lerner, que perdeu a mulher e um filho. Ele é um dos poucos que acompanha de perto tudo o que aconteceu na área da Justiça.

Ronald Biggs, que depois de comandar o célebre assalto ao trem pagador, em 1963, refugiou-se na Cidade Maravilhosa e hoje, vive numa boa, como se diz na gíria, longe de qualquer punição. Em 22 de novembro de 1973, foi promulgada a Lei Nº 5.941, tradicionalmente Lei Fleury, elaborada exclusivamente para proteger o delegando-bandido Sérgio Paranhos Fleury, torturador de presos políticos e denunciado pelo Promotor Hélio Bicudo, como integrante do famigerado "Esquadrão da Morte". É triste concluir, que enquanto o ladrão de galinha apanha, o bichão de paletó e gravata anda livremente pela cidade. (Tribuna do Ceará, 17/12/1994).

 

O IMORAL ACORDO BRASIL-CANADÁ (I)

O Programa do Boris Casoy, em edição do dia 01/setembro/93, pela Rede SBT, criticou com veemência o Decreto Legislativo de nº 18, assinado pelo Presidente do Senado Federal Humberto Lucena (PMDB-PB), o famigerado acordo Brasil/Canadá, visando a troca de presos, o que ele considerou no seu estilo jornalístico, uma vergonha. O delegado Nelson Silveira Guimarães – Diretor da Divisão de Homicídios de São Paulo, em entrevista ao jornal "Bandeirante" do dia 30/08/93 – AE, criticou o acordo e desabafou: "Estão vendendo a dignidade do País, que não tem preço, o decreto assinado pelo senador Lucena abre um precedente, os governos do Chile e da Argentina também poderão pedir a entrega dos criminosos chilenos e argentinos envolvidos no seqüestro do empresário Abílio Diniz" (Jornal Nacional, Rede Globo, 08/09/93). A excelente revista Veja, do dia 01/09/93, no segmento internacional, estampou a reportagem sob o título "Lei de Encomenda" e aduz: "O Brasil tem fama de ser generoso com bandidos da estirpe nacional ou estrangeiros. Aqui, eles parecem estar sempre fora do alcance da lei. Tome-se por exemplo o delinqüente inglês Ronald Biggs, que, depois de comandar o célebre assalto ao trem pagador, em 1963, refugiou-se no Rio e lá continua muito bem e até hoje, feliz da vida com o filho brasileiro que lhe garantiu impunidade" (Revista Veja, nº 1.303, 01/09/93). O Decreto Legislativo nº 18 transformou-se em críticas por parte do Judiciário e da Polícia, visto que tramitou no Senado por um período meteórico de apenas dois meses, o que justificou o senador Alfredo Campos, com uma velocidade de um raio, pois segundo o parlamentar a pauta da Câmara estava desimpedida. Os canadenses David Spencer e Cristine Lamont, tiveram melhor tratamento dos 25 que ainda teriam de cumprir pena em São Paulo. O gracioso acordo Brasil x Canadá começou quando o presidente Fernando Collor de Mello enviou ao Congresso Nacional a mensagem de nº 537, em 26 de agosto de 1992, apenas dois dias antes da conclusão da CPI que investigou o caso PC Farias. A Mensagem pedia a ratificação de um tratado sobre transferência de presos entre Brasil e Canadá.

Os três desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo responsáveisi pela condenação dos canadenses protestaram, segundo matéria da Agência O Globo (Ago72. 01/09/93), contra a possibilidade de extradição dos dois criminosos para seu país de origem. De acordo com os desembargadores Jarbas Coimbra Mazzoni, Marcelo Fortes Barbosa e Carlos Osório Andrade Cavalcanti, "o Congresso Brasileiro deu uma demonstração de insegurança ao se curvar às pressões internacionais". (Tribuna do Ceará, 30/09/1993).

 

O IMORAL ACORDO BRASIL-CANADÁ (II)

Em primeira Instância, Spencer foi condenado a 10 anos de prisão e Cristine Lamont a oito. Os desembargadores do Tribunal de Justiça paulista entenderam que a pena não era suficiente e decidiram que os dois seriam condenados a 20 anos pelo crime de seqüestro, seis anos por formação de quadrilha e outros dois por resistência a prisão. O mais vergonhoso, o Decreto Legislativo nº 18, sugestão do ex-presidente Collor de Mello, o Canastrão de Alagoas, é resultado de um poderoso lobby do governo canadense para atender à família, dona de um dos maiores grupos empresariais do Canadá. Além de Cristine, a transferência deverá beneficiar também seu companheiro e compatriota David Spencer. O Decreto Legislativo nº 18, a Lei Fleury, aprovadas às pressas pelo Congresso durante a Ditadura Militar, permitindo que os réus primários pudessem responder processo em liberdade. A medida visou também beneficiar o delegado paulista Sérgio Paranhos Fleury, acusado de praticar torturas a presos políticos e de ser integrante do Esquadrão da Morte.

A iniciativa do Tratado, que se poderia chamar de imoral conchavo internacional, partiu do governo canadense. O poderio econômico dos Lamont conseguiu mobilizar o Ministro das Relações Exteriores e até o Primeiro Ministro do Canadá Kim Campell. Foi uma pressão muito grande, comentou o diplomata brasileiro: "Estávamos às vésperas do Rio 92 e o Brasil se esforçava para manter uma imagem positiva no Exterior" (Estado de São Paulo, 01/09/93). O Ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, disse no dia 06/09/93, em entrevista coletiva (Brasília – Agência Globo), que o Itamaraty ainda está examinando a matéria, sob todos os aspectos. A matéria ventilada no malsinado Acordo Brasil x Canadá tem como égide interpretativa a extradição de presos. Aníbal Bruno em seu livro "Direito Penal", conceitua extradição como: "O ato pelo qual o Estado entrega um acusado ou condenado, que se encontra em seu território, a outro Estado que o reclama para julgá-lo ou puni-lo, segundo as suas leis" (Aníbal Bruno, Direito Penal, Tomo I, Editora Nacional, 1956, p.245). O Instituto da Extradição está regulado na atual Constituição Federal de 05/10/1988 (Art. 5º, Incisos II e III), sendo competência privativa da União legislar a respeito (Art. 22, I, G), cabendo ao Supremo Tribunal Federal julgar o pedido (Art. 102, I, G). A Lei nº 6.815/60, dispõe sobre a matéria sub ocoulo, nos artigos 76 e seguintes.

Como se vê o nosso País está se tornando um celeiro de conveniências, pois, enquanto o ator Grande Otelo espera há anos por um projeto que lhe conceda aposentadoria, seqüestradores são beneficiados por uma lei de encomenda. Urge necessariamente que sejamos xenófobos e não permitamos que o nosso País seja esportejado por nações internacionais. (Tribuna do Ceará, 06/10/1993).

 

 

 

A CHACINA DA FAVELA (I)

Ninguém jamais poderia imaginar que a última semana do mês de agosto do ano de 1993, no Rio de Janeiro, fosse marcada por episódios tão violentos que abalariam a imprensa nacional e internacional. Na noite de sábado 28/08/93, quatro policiais militares se aproximaram da Praça Catolé do Rocha, junto à favela do Vigário Geral, Zona Norte do Rio de Janeiro, para atender a uma tradicional blitz, resultante de um contato telefônico. Ocorre, porém, que os aguazis da ordem pública jamais poderiam imaginar que cairiam numa emboscada, onde os criminosos agiriam de modo célere, sem oferecer nenhuma chance de defesa aos policiais, por mais ínfima que fosse. Morreram no desfecho: o sargento Ailton Benedito dos Santos, o cabo Irapuan Calixto e os soldados Luiz Carlos Santana e Luís Santoso. O enterro dos militares foi registrado num clima de muita revolta e dor. Um dia depois do assassinato de quatro PMs, numa emboscada realizada por traficantes da favela de Vigário Geral, 21 (vinte e uma) pessoas foram mortas, no início da madrugada de segunda-feira (30/08/93), por cerca de 30 homens encapuzados.

Para o Secretário de Polícia Civil, professor Nilo Batista, o crime foi cometido como desforra (vingança) pelo assassinato da véspera (Jornal "O Globo", 30/08/93).

Nenhuma das vítimas da maior chacina já cometida no Rio de Janeiro tinha antecedentes criminais. Armados com fuzis AR-15, escopetas, pistolas, granadas e revólveres, os encapuzados exterminaram oito pessoas da mesma família. Entre elas, uma adolescente de 15 anos, Luciene Silva dos Santos, que estava dormindo, um aposentado que se recuperava de uma cirurgia no abdomem e uma dona-de-casa evangélica, que morreu abraça à sua bíblia. A mefistofélica matança, que num eivo metafórico, poder-se-ia chamar-se da "Noite de São Bartolomeu", começou às 23 horas do domingo, na praça Córsega, a cerca de três quilômetros da favela de Vigário Geral, quando muita gente ainda comemorava a goleada do Brasil aplicada sobre a Bolívia, em terras mauriceias. O enterro das vítimas da chacina ocorreu na tarde do dia 31/08/93, no Cemitério de Irajá, onde choros e gritos de parentes e amigos de muitos, era uma constante. O garçon Laércio Alves, não confundir com o excelente profissional da TV Cidade, irmão do operário Clodoaldo Pereira, de 21 anos, e o cunhado de Amarildo Bahiense, de 31 anos, ambos assassinados no massacre, dizia como os moradores das comunidades carentes podem reagir às agressões da polícia: "A única maneira de um pobre lidar com a polícia é correr quando ela chega" (Agência O Globo, As, 31/08/93).

No Jornal Nacional, da Rede Globo, edição do dia 31/08/93, terça-feira, o repórter-apresentador Cid Moreira, ao concluir o telejornal, com lágrimas nos olhos, relatou a emoção da desditosa menina Alessandra, de 7 anos, que comoveu a todos, quando leu um bilhete que escreveu para o pai, o auxiliar de enfermagem Guaracy de Oliveira Rodrigues, de 33 anos: "Pai, gosto muito de você. Um abraço eu te amo. Ave Maria". Tenho a certeza de que mesmo aqueles que têm sangue de barata, não conseguiram frenar o líquido lacrimal de seu rosto, quando ouviram Cid Moreira, num bom beneditino, dizer: "Boa noite!".

O Globo Repórter, de sexta-feira, dia 03/09/93, mostrou o delírio da jovem Juçara, em dizer que ficou cara a cara com um dos matadores da chacina: "Eu e meu pai saímos para acudir meu irmão. Ele ainda atirou em cima de mim, queria me matar porque ele sabe que eu vi a cara dele. Não posso me calar, não tenho medo de morrer. A gente não pode deixar que estes covardes continuem por aí" (Globo Repórter, Rede Globo, 03/09/93). A favela de Vigário Geral foi escolhida para servir de painel ao comando vermelho por dois motivos: É quase impossível a polícia entrar sem ser percebida, seu acesso de carros só é pos´sivel através da favela de parada Lucas. Além disso, os traficantes ligados a Flávio Negão. (Tribuna do Ceará, 20/09/1993).

 

A CHACINA DA FAVELA (II)

Seu principal líder, criaram um eficiente sistema de segurança: todas as entradas têm "olheiros", com rádios transmissores e há morteiros espalhados em pontos estratégicos da favela, que são acionados por botões de alerta aos bandidos.

A chacina de Vigário Geral está intimamente ligada ao comércio das drogas. Começou no dia 13 de fevereiro/93, quando o irmão de Flávio Negão, Jarbas Pires da Silva, e sua namorada Simone Silva Medeiros, ambos com 22 anos, foram seqüestrados em Crioba, em Nova Iguaçu e nunca mais encontrados. Por esta linha de investigação, que começou a ser estudada no dia 31/08/93, pelos policiais, conforme ofício enviado pelo Chefe de Policiamento da PM, tenente coronel Valmir Alves Brum, a 52º Delegacia de Nova Iguaçu, pedindo informações sobre o caso, a morte dos policiais seria uma resposta do traficante ao seqüestro e desaparecimento do irmão.

Na referida delegacia, no entanto, não há nenhum registro do seqüestro de Jarbas, que também usava o nome falso de Márcio Eugênio de Souza, e de sua namorada Simone. O advogado Paulo Roberto Cruzol, que acompanhou o caso a pedido da família, publicou em matéria do Estado de São Paulo, a seguinte nota: "Os dois foram seqüestrados por policiais, que chegaram a manter contato com a família da moça pedindo o resgate de US$ 100 (cem mil dólares). Os pais de Simone, Flávio Pereira de Medeiros e Ivone, chegaram a procurar pelo casal, sempre evitando a polícia, em função de suas suspeitas, mas desistiram no início de abril" (Estado de São Paulo, 01/09/93). O jornal "The New York Times", o mais importante dos EUA, abriu uma edição do dia 31/08/93, sua página internacional com notícia sobre a chacina de 21 pessoas ocorrida no Rio, com o titulo "21 assassinados na favela do Rio -. Policiais são suspeitos". O jornal compara a carnificina urbana a uma guerra de guerrilha e pergunta: "O que está acontecendo com este país?". O correspondente James Brooke lembra os dois maiores massacres urbanos ocorridos no Brasil. A dos oito meninos de rua, na Candelária, também no Rio e o dos 111 presos da Casa de Detenção, em São Paulo, em outubro/92. E assinala que no Rio de Janeiro 16% dos habitantes aprovaram a matança, como também 41% aprovaram em São Paulo, no mesmo ano. A própria Polícia Militar está cada vez mais desrespeitando a lei, observa o NYT. Até 1989, as expulsões de membros desta força de 30 mil homens, eram causadas por conduta inadequada. A partir de 1989, a maior parte delas passou a ser devido a crimes. Por outro lado, assinala o jornal, em termos de poder de fogo, a Polícia Militar parece ter encontrado um concorrente com o aparecimento do Comando Vermelho, um grupo de tráfico de drogas cujos membros aprenderam suas táticas que estiveram presos nos anos 70, junto com guerrilheiros urbanos (New York Times, transcrito em "O Estado de São Paulo", 31/08/93). Conforme informou o conceituado advogado e radialista Oliveira Filho, em sua conceituada participação, "Ponto de Vista", Rádio Dragão do Mar, Programa SOS – Comando Geral, sob a orientação de Hugo Pereira, o governado Leonel Brizola encaminhou à Assembléia Legislativa o projeto de rejuvenescimento de quadros da PM. A idéia, segundo Brizola, é exclusivamente sua. Ele afirmou que o tenente-coronel José Heleno de Almeida Barbosa, subchefe do gabinete militar, ficou bastante abalado com as notícias publicadas nos jornais de que ele seria o mentor da renovação em benefício próprio.

Indagar-se-ia: "Por que razão os executores da Favela do Vigário Geral foram tão abruptos e frios?" Para o Secretário de Justiça e Polícia Civil, Nilo Batista, não há dúvida: "A matança das 21 pessoas em Vigário Geral foi comandada por policiais militares. O Secretário acredita que o crime da favela tenha ligações com o assassinato de quatro policiais fuzilados na noite de sábado na Praça Catolé do Rocha, que fica próxima à Favela de Vigário Geral, e desabafou: "Nunca vi nada igual!". (Tribuna do Ceará, 22/09/1993).

 

LESBICIANISMO

Segundo informações do Jornal Nacional, edição do dia 05/12/94, em Pequim, um casal de lésbicas chinesas tentou realizar um pacto de morte, injetando uma na outra uma dose do desinfetante Lisol.

Uma delas morreu e outra ficou internada, segundo relatou a edição do jornal "The Xin Min". O homossexualismo é um assunto de tabu na China, onde é considerado no mínimo como doença e na sua pior interpretação como crime. As duas jovens, com 22 e 26 anos, trabalhavam juntas e eram namoradas há vários anos. Elas teriam se decidido pelo pacto da morte porque não chegaram a um acordo sobre se deveriam se casar ou não, diz o jornal.

A estimulação manual dos órgãos genitais é a forma mais difundida e freqüente do lesbicianismo. Aliás, o termo lesbicianismo remonta a ilha grega de Lesbos, onde atletas iniciaram a prática do amor com o mesmo sexo.

Informa-nos Master & Johnson, que na pesquisa recente, que incluiu 772 pares de lésbicas e 3.547 casais heterossexuais mostrou que as lésbicas praticam muito mais o ato sexual genital do que os casais heterossexuais. Entretanto, outro estudo envolvendo indivíduos e não casais constatou "que as lésbicas praticavam sexo mais assiduamente do que as mulheres heterossexuais e também tinham mais orgasmos, maior número de parceiras e um maior grau de satisfação sexual" (Masters, William H., "O relacionamento amoroso", Editora Nova Fronteira, loc. cit., pág.360). O lesbicianismo, às vezes, gera cenas de homicídio qualificado.

A autora-homicida, com ciúmes porque sua companheira tinha arranjado um namorado, excidou a vítima. O mais curioso, nos autos, foram anexados, dentre outras peças, um pênis mecânico em forma de cinto, que a vítima no momento da excitação sexual. Cada pessoa tem o seu alvedrio de escolher o seu parceiro, mas prefiro a lição de Luís Gonzaga: "Mulher tem que ser fêmea e homem tem que ser macho". (Tribuna do Ceará, 09/04/1995).

 

 

PRECONCEITO RACIAL

No Rio de Janeiro, durante as etapas do concurso pela eleição de paquitas do Programa Xuxa Hits, realizado no Teatro Fênix, dia 21/03/1995, entre as vinte finalistas estava a jovem Michele Pires, 16 anos, que chamou a atenção de todos, por sua beleza, todavia, não foi escolhida pela poderosa Marlene Matos, por ser uma única candidata negra. Em São Paulo, a modelo Jane Makebe, 26 anos, foi vítima do nefasto racismo.

Em novembro de 1994, o Instituto de Pesquisa das Culturas Negras estudou a possibilidade de entrar com uma ação na Justiça carioca, contra os autores da novela "Pátria Minha", que introduziram em uma estória cenas que fizeram alusão as medidas de luta contra o racismo no capítulo da referida novela, que foi levado ao ar na quinta-feira, dia 2 de novembro/94, o empresário Raul Pellegrine (Tarcísio Meira), humilhou o jardineiro Kennedy (Alexandre Moreno), ao perceber que o cofre de seu quarto havia sido arrombado e que as jóias de Lídia (Vera Fisher), haviam desaparecido. Em New York, a publicação de um livro que atribui a causas genéticas o mais quociente intelectual (QI), dos negros, vem causando uma polêmica entre conservadores e liberais norte-americanos, sendo necessária a intervenção do presidente Bill Clinto. Basta dizer que num País que escravizou e discriminou os negros durante mais de três séculos, o livro "The Bell Couve" (A curva do sino), dos sociólogos conservadores brancos Charles Murray e Richard Herrstein, indignou a esquerda e regozijou a direita mais radical. A Constituição Federal de 05/10/88, condena a prática do racismo, no Art. 5º, Inciso XLII: "A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais". (Tribuna do Ceará, 24/04/1995).

 

APELAÇÃO VISUAL

Sem qualquer hipérbole, podemos afirmar que a grande Fortaleza, em pleno período da Semana Santa ficou escandalizada com a cena de um outdoor, das Lojas Via Direta, que despertou os olhares de curiosos, trazendo uma linda adolescente mostrando os seios, e como se isto não bastasse, numa posição do grande Mestre Jesus Cristo, lembrando o Gólgota. Para o criador da Campanha Publicitária, Weyne Vasconcelos, conforme matéria de Tribuna do Ceará (06/04/95), o objetivo do comercial foi mostrar ao público alencarino o estado de submissão pelo qual está circunscrita a classe feminina.

A iniciativa das Lojas "Via Direta" constitui crime regulado no Art. 241, do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990), que prescreve in verbis: "Fotografar ou publicar cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente" (Grifos nossos). O Decreto-Lei nº 1.070/70, em seu Art. 1º, declara: "Não serão toleradas as publicações e exteriorizações contrárias à moral e aos bons costumes, quaisquer que sejam os meios de comunicação". Mostrar uma jovem de braços abertos exibindo as mamilas é uma cena obscena que espinafra a sensibilidade de qualquer cristão. Aliás, é curial a lição do penalista e professor Paulo José da Costa Júnior: "Obsceno é tudo aquilo que fere a sensibilidade moral da humanidade em sua média. Ato obsceno, portanto, não será apenas quando de conteúdo sexual, mas o ato que ofende o pudor, de modo que venha a causar repugnância e repulsa" (Paulo José da Costa Júnior, Comentários ao Código Penal Brasileiro, Editora Saraiva, 1994, loc., cit., vol 3, pág.156).

Os tribunais pátrios vêm entendendo, sem discrepância, que a nudez em campanha publicitária constitui crime. Nesse sentido: Revista dos Tribunais, vol. 622/288. Um aviso: Não se brinca com as coisas de Deus. (Tribuna do Ceará, 13/04/1995).

 

SEMIOLOGIA DA FÓRMULA 1

O "Jornal Nacional" da Rede Globo, edição de 24/02/95, noticiou que a perícia italiana que cuida do caso Ayrton Senna, já possui cerca de 500 folhas, trabalho elaborado por 9 (peritos) italianos. Segundo os estudiosos, a causa do acidente que vitimou o nosso tricampeão mundial, foi a quebra da circulação de direção da Williams, que estava com irregularidade de 60 a70% antes do impacto com o muro de Ímola.

A Williams, por sua vez, não acatou a tese da conclusão pericial e diz que sua telemetria estava perfeita. O resultado da perícia italiana ainda não concluiu o processo penal, que poderá decidir sobre a existência de homicídio culposo pela negligência. Diante destas informações, tivemos a curiosidade de realizar uma pesquisa no mundo da Fórmula 1. Aerofólio – dispositivo aerodinâmico (ASA), usado nos carros para dar maior aderência; Boxes – local onde ficam os carros; Caixa de brita – trecho do acostamento com pedras ou areia usado para diminuir a velocidade da máquina; Câmbio sequencial – usado pela Jordan em 1992, considerado um meio caminho para o semi-automático, usa alavanca, somente com movimento para frente ou para traz, no que concerne ao aumento da velocidade; Carro madrinha ou Safety, que Galvão Bueno fez alusão no Globo Repórter especial, do dia 06/05/94, carro oficial da prova, atrás do qual os pilotos devem se manter quando ele está na pista; FIA – Federation Internationale de Automobile), congrega as federações, confederações e automóveis clubes dos países filiados. Atual presidente: o inglês Max Mosley; FISA – Federation Internationale du Sport Automobile; Fly by wire – literalmente, vôo por um fio, sistema de computador usado marcas F-16 na Guerra do Golfo; Grid – formação dos carros no local de largada.

É claro que o acervo semântico não se esgotaria neste artigo, todavia, servirá de arrimo aos amantes do esporte automobilístico. (Tribuna do Ceará, 27/04/1995).

 

IDOLATRIA

No dia 08 de dezembro do ano de 1980, na cidade do Rio de Janeiro, a acadêmica Rose, da Faculdade de Odontologia, que precisava tirar nota cinco naquela disciplina, começou a chorar, teve uma crise de depressão, e, em conseqüência deu-lhe um branco, não fazendo nada na prova. Quando advertida pelo professor sobre o que estava acontecendo, informou aquela docente que estava se sentindo mal, devido a morte de seu fã, o cantor Jonh Lennon, que tinha sido assassinado, naquele dia, a queima roupa, tiros desferidos pelo idólatra fã Mark Chapman, em Nova Iorque.

Surgiria então a idolátrica corrente dos "Beatlemaníacos", que ainda hoje perdura. Os primórdios desta idolatria surgiria no final da década de 60, através do lançamento do disco "Help", que originou o filme do mesmo nome, ocasião em que John Lennon declarou ao mundo: "We are else important than Christ" ("Nós somos mais importantes que Cristo"). Quando Lennon morreu, uma multidão de fãs apinhou a porta do hotel e somente no quarto dia sairia, completamente decepcionada, mas com a certeza que somente Jesus Cristo morreu e ressuscitou no terceiro dia. Satanás também se manifesta através da idolatria. Em Nova Iorque, em junho de 1995, os pastores Karl Edwards e Mort Fandu fundaram a Igreja Presleyteriana, ou seja, o Evangelho segundo Elvis Presley, onde a música mais executada é "Love me tender" (Amam-se com vaidade). No Brasil, no enterro do cantor Leandro, da dupla Lenadro e Leonardo, autores da antológica modinha "Não aprendi dizer adeus", 300 mil pessoas acompanharam a marcha fúnebre rumo ao cemitério Jardim das Palmeiras, onde o cantor fora enterrado.

Chega-se à triste conclusão de que a idolatria existe. Neste tocante a palavra de Deus é sábia: "Não os adorarás (imagens), nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem" (Êxodo 20:5). Jesus está voltando e ninguém parou para pensar. (Tribuna do Ceará, 02/07/1998).

 

ACORDO DE CAVALHEIROS

O casal canadense David Spencer e Cristine Lamont, condenados no Brasil pelo seqüestro do empresário Abílio Diniz e transferidos para uma penitenciária em seu país de origem, devem estar livres ainda este ano. Pelas leis do Canadá, os dois já teriam liberdade temporária e regime semi-aberto desde junho de 1995, por haver cumprido um terço da pena de 26 anos. Spencer e Cristine foram os primeiros, dos doze seqüestradores estrangeiros de Diniz, a obter a transferência.

Os acordos para a troca dos dois argentinos e dos cinco chilenos, ainda presos e em greve de fome, ainda estão sendo apreciados pelos congressos dos três países. O caso Spencer, como assim foi cognominado pela imprensa, ou acordo de cavalheiros, foi bastante explorado nacionalmente. A revista "Veja", edição de 01/09/93, tratou do acordo da troca de presos com o aviltante título de "Lei sob encomenda" e um trecho dessa manchete nos despertou a atenção, do qual destacamos: "O Brasil tem mesmo fama de ser generoso com bandidos de estirpe, nacionais ou estrnageiros" (grifos nossos). O conceituado jornal "Estado de São Paulo", em edição do dia 27/08/93, com a retranca Abílio/Seqüestradores, publicou a seguinte manchete: "Brasil e Canadá assinaram um acordo, em vigor desde terça-feira, apenas para beneficiar Critine Lamont e David Spencer, os dois canadenses que seqüestraram o empresário Abílio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, em 1989. Cristine é filha de um dos mais conhecidos cirurgiões do Canadá.

Em setembro de 1992, durante a Assembléia da ONU, a Ministra das Relações Exteriores do Canadá procurou o então chanceler brasileiro Celso Lafer, para dizer naquela oportunidade, que tinha empenho pessoal na transferência dos seqüestradores condenados a 28 anos de prisão no Brasil para o Canadá. O grande artífice da troca de presos na época foi o Presidente do Senado, Humberto Lucena, que recebeu acirradas críticas, dentre elas, a do delegado Nélson Silveira Guimarães, que ponderou: "Estão vendendo a dignidade do País, a dignidade do Brasil não tem preço" (Estado de São Paulo, 30/08/93). Que estes prolegômenos históricos sirvam de lição ao jovem estudante, do que foi o acordo de cavalheiros. (Tribuna do Ceará, 16/12/1998).

 

O PODER DA FÉ

Depois de 53 dias de seqüestro de Wellington, o irmão paralítico dos cantores Zezé Di Camargo e Luciano, a família está desesperada. O pai, "Seu Francisco", chegou a declarara em edição de "O Globo" (07/02/99), que "tem hora que penso que já mataram meu filho". No meio desse quadro de dor, uma energia vem amenizando as agruras de Dona Helena, a mãe dos cantores, que é evangélica, invade as madrugadas em sessões intermináveis de orações, passa horas em jejum e dorme no chão para se penitenciar. Dona Helena, sempre reforçando suas palavras com a Bíblia na mão, declarou: "Vai chegar o momento em que meu filho vai entrar por essa porta vivo".

É inacreditável o poder de fé, que essa desditosa mãe consegue transmitir aos seus entes queridos, a esperança. As Escrituras Sagradas, no livro de Hebreus, cap. 11, versículos 1 e 6, demonstram que: "Fé é a certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem. Sem fé, é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, que é galardoador dos que buscam"

No campo da medicina, surge uma nova ciência, isto é, a psiconeuroimunologia, mas trata-se de uma nova área da ciência que se dispõe a tentar explicar os efeitos das emoções sobre o corpo humano, em especial o da fé religiosa e do pensamento positivo.

No Brasil, o psiconeuroimunologista Esdras Vasconcelos, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, informou ao jornal "Folha Universal", da IURD, que o circuito que altera o funcionamento de qualquer órgão é o neuroendócrino, ativado pelos hormônios que podem ser liberados a partir dos estímulos da fé.

Como nosso Deus continua o mesmo de ontem, hoje e sempre, a fé dos nossos antepassados continua. Pela fé, já assisti cenas de pistoleiros, homicidas, marginais da pior estirpe, trocarem o revólver pela Bíblia. Se você não crê, é preciso imediatamente nascer de novo. (Tribuna do Ceará, 11/02/1999).

 

CARNAVAL DE JESUS

No período momimo, ligo a televisão, no Jornal Nacional, e não acredito naquilo que estava ouvindo, quando o repórter, em tom enfático, anuncia: "Carnaval de Jesus reúne 90 mil pessoas". Comandado pelo padre Marcelo Rossi e um tremendo trio elétrico, contendo 62 caixas de som, com faixa "Trio Elétrico do Senhor", jovens, crianças e até velhos, caíram na folia em frente à Avenida Engenheiro Euzébio Stevaux, onde funciona o santuário do Terço Bizantino, em Santo Amaro, Zona Sul da metrópole paulista, cantando e dançando ao som do trio elétrico as músicas: "Erguei as mãos", "Alegria está no coração" e o escutadíssimo "Segura na mão de Deus".

Na década de 70, o cantor baiano Caetano Veloso, um campeoníssimo carnavalesco, em um de seus frevos, disse: "O carnaval é invenção do diabo, e Deus abençoou, fez o reinado nas ruas da folia, cidade de São Salvador". E mais recente, a banda baiana, em total avilte, com "Xô, Satanás: na Casa do Senhor não existe Satanás. Xô, Satanás". Não posso entender que o nome de Jesus seja executado na Marquês de Sapucaí, durante os ensaios de uma escola de samba, onde pulavam diversas mulatas completamente nuas, mostrando os enfeitiçados seios de silicone.

O contra-senso dessa mefistofélica festa surgiria com a apresentação das canções evangélicas: "Se a jornada é pesada e te cansas na caminha/segura não mão de Deus e vai/Orando, jejuando, confiando e confessando/segura na mão de Deus e vai/o Espírito do Senhor sempre te revestirá/segura na mão de Deus e vai".

Em outra música evangélica, copiada pelo padre Marcelo Rossi: "Alegria está no coração de quem já conhece Jesus/a verdadeira paz só tem aquele que acredita em Jesus/O sentimento mais precioso que vem de nosso Senhor/é o amor que só tem quem já conhece Jesus". É o final dos tempos, o nome do Rei da Glória, do Senhor dos Exércitos ser executado numa dança da carne. Ainda vem idiota, que na sua vã ignorância de pseudo teólogo, afirmar que tudo era natural, uma vez que a Bíblia registra a passagem em que a profetisa Miriã teria dançado rejubilada com a passagem do Mar Vermelho. Meu Deus do Céu, tanta ignorância! (Tribuna do Ceará, 25/12/1999).

 

 

 

SATANISMO VISUAL

Na Bíblia Sagrada, no livro de João, cap. 10, versículo 10, encontramos: "O inimigo não vem senão a roubar, matar e destruir, eu vim para que todos tenham vida e a tenham com abundância". O efeito antitético, produzido neste período, é uma prova inconteste, que a todo momento somos tentados a cometer o mal, e somente reforçado pelas armaduras de Cristo venceremos a luta contra o mal. Na Flórida, o enredo não seria diferente, pois mensagens de ódio na Internet contribuíram na tragédia ocorrida no interior da Columbine High School.

Os estudantes Erick Harris e Dylan Klebold, como todo jovem moderno, navegavam na Internet em casa, sob os nomes Rebldomar e Dammissed 1, reproduzindo passagens lucifências.

Na Internet os jovens criaram uma página da WEB, tomando por roteiro letras de músicas da obscura banda alemã de rock KMFDM (Kein Merhrheit fur die mitleid), que significa (nenhuma pena de maioria), como: "Eu vim para balançar o seu mundo/vim para mexer com sua fé/anti-cristo ana temático/vim para o meu lugar". Harris e Daylan gostavam de rock com temas como: suicídio, anarquia e depressão, associados à marginalidade.

O cantor Raul Seixas, que na década de 70 ficou famoso com a música "Ouro de Tolo", adotou o rock Goth, que teve origem no Punk Rock britânico, e, em Los Angeles recebeu o nome de Deat Rock (Roch da Morte), e em um trecho de uma das músicas do Crazy Singer, Verde Amarelo, encontramos: "O diabo é o pai do rock".

Segundo a CNN, os jovens deixaram uma nota em que dizem: "Não culpem ninguém mais por nossas ações. Este é o caminho que escolhemos para ir embora". Klebvold e Harrisi não deixaram explicação sobre o que os levou a abrir fogo contra colegas, matando doze estudantes, um professor e se suicidando em seguida. Quinze pessoas continuam internadas. Sabe-se que a dupla de adolescentes cultivava o ódio racial e integrava o grupo neonazista Máfia da Capa Preta.

É preciso vigiar todas as horas, porque o inimigo não está dormindo. (Tribuna do Ceará, 29/07/1999).

 

 

 

EXTERMINADORES MILICIANOS

Antigamente, quando se falava de exterminador, a primeira idéia que se vinha à mente, era da ficção de cinema. Nos dias hodiernos, a violência policial aparece como uma das causas dos grandes homicídios nas influentes metrópoles nacionais, e o pior, seus autores ficam impunes, face do nefasto corporativismo que existe no seio miliciano. Na noite de sábado, dia 04/03/95, o "Jornal Nacional" da Rede Globo, mostrou para todo o País a carnificina praticada por integrantes da Polícia Militar do Rio.

Um grupo de 17 policiais militares, de quatro batalhões diferentes, fazia uma blitz em um Shopping Center, localizado na Zona Sul do Rio de Janeiro, quando em dado momento houve um assalto na "Drogasmil", no primeiro andar do prédio. Coincidentemente, uma equipe da Rede Globo de Televisão se encontrava no local, fazendo uma reportagem sobre a liquidação de verão, quando pressentiu a aglomeração, por curiosidade resolveram acompanhar tudo e por ironia do destino, filmaram uma das mais sangrentas e mórbidas execuções sumárias, mostrada a todos os quadrantes do País, e como isto não bastasse, num horário onde o público infantil também é assimilador da "aldeia Global" do Sr. Roberto Marinho.

Inopinadamente, um militar conhecido extra-oficialmente como Cabo Flávio, retira um assaltante ferido de dentro de uma Kombi, o arrasta para a rua, e depois de revistá-lo, e sem oferecer-lhe a mais ínfima reação de defesa, lhe desfere três deletérios balaços. O crime foi assistido por dezenas de pessoas, que ficaram atônitas com a mefistofélica cena a que assistiram, e sem poder fazer nada.

Tentando eximir-se do seu comportamento covarde, o policial mostra uma arma diferente, dizendo que a vítima era elemento perigoso. É bom ressaltar que o extermínio carioca, não é caso isolado, no dia 20/02/95, em Salvador, o jovem Gladson de Sousa, 14 anos, foi morto com três tiros pelas costas, por integrantes da Polícia Militar baiana. Se a moda pegar teremos um holocausto. (Tribuna do Ceará, 09/03/1995).

 

OPERAÇÃO PAU BRASIL

A operação Pau Brasil faz referência a mais um escândalo nacional, no País da corrupção. A Receita Federal de São Paulo, tendo em seu poder um disquete com a relação de 99 notas fiscais emitidas por empresas à firma Pau Brasil, de propriedade do pianista João Carlos Martins, constatou que, através de uma maracutaia, houve desvios de verbas para agilizar a campanha eleitoral de Paulo Maluf à Prefeitura de São Paulo. O ex-Secretário de Cultura do Governo Maluf, reconheceu que colocou seus funcionários e o escritório à disposição do Prefeito, além de ter ajudado nos contatos políticos durante as eleições. O pianista João Carlos Martins decidiu contratar o serviço de auditoria da Waterhouse. Suspeito de envolvimento com o esquema Pau Brasil, o deputado Tadaski Kuriki (PPR), também está sendo acusado de desviar cinco (5) toneladas de papel doadas por uma empresa à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Presidente Prudente, no Oeste paulista. A denúncia do escândalo foi feita pelo comerciante José Domingues Filho, ex-assessor de Kuriki, ao promotor de Justiça Batista Gonçalves, de Presidente Prudentes. Segundo Domingues Filho, o deputado usou as cinco toneladas de papel destinadas à APAE para imprimir matéria de propaganda para candidatos a prefeitos e vereadores de 56 Municípios da Região de Presidente Prudentes, na campanha de 1988, do Sr. Paulo Maluf. A Polícia Federal, num trabalho perfunctório mergulhou nas investigações para descobrir quem pagou o alugue. Dos 21 automóveis usados por correligionários na região de Prudente, Oeste do Estado, durante a campanha do prefeito Paulo Maluf (PPR), em 1990, quando ele concorreu ao Governo do Estado. A mesma Polícia Federal está de olho nos empresários Rubens Kaufmam e Ricardo Eid Phillip e por motivos óbvios, Kaufman é pessoa de confiança de Calim Eid, principal articulador político de Paulo Maluf e teria participado na arrecadação irregular de recursos para as campanhas eleitorais.

Sem qualquer titubeio, Calim Eid admitiu em seu depoimento à Polícia Federal que coordenava o esquema de arrecadação ilícita de recursos para as campanhas malufistas entre 1990 e 1992. Através da empresa Pau Brasil, do pianista João Carlos Martins, o esquema arrecadou cerca de US$ 19 milhões. Eid afirmou que atuava de forma acólita, com a sua autorização, revelando ainda que chegou a participar de reuniões relutantes em fazer doações em troca de notas frias da Pau Brasil. A Procuradoria da República, que representa o excelso Ministério Público Federal, está fechando o cerco para apurar o possível envolvimento de Flávio Maluf, filho do prefeito Paulo Maluf, com o chamado esquema Pau Brasil. Segundo o Mandado de Segurança, a Procuradoria pretende identificar o beneficiário de diversos cheques de emissão da Pau Brasil em favor do protegido e abençoado filho de Paulo Maluf que recebeu o equivalente de US$ 133 mil da empresa Pau Brasil, em julho de 1991. O atual vice-presidente da Eucatex, garante que jamais obteve recursos em nome de seu pai, um verdadeiro anjo de candura.

O respeitadíssimo jornal "Folha de São Paulo", em sua edição de 01/12/93, pág. 2, traz o seguinte editorial: "O Brasil parece condenado a viver uma sucessão de espantos". A surpresa é causada pela foto em que o atual Prefeito de São Paulo, Paulo Salim Maluf (PPR), aparece confraternizando com o ex-governador paulista Oreste Quércia (PMDB). O texto ressalta que: "No instante em que há um clamor generalizado por uma profunda depuração nos costumes políticos, o constrangimento de vê-los unidos e fraternos é inescapável. O fenômeno Maluf corrompeu algumas prefeituras interioranas, que ainda hoje, possuem viaturas com a legenda: "Apoio do Governo Maluf". Cinismo tem limites, é hora de acordar deste pesadelo, e gritar por justiça ainda que seja utopia. (Tribuna do Ceará, 27/01/94).

 

ABORTO POR MAL FORMAÇÃO DO FETO

O Juiz da Vara do Júri em Campinas (SP), José Henrique Rodrigues Torres, autorizou a realização de aborto num feto com anencefalia (ausência de cérebro). A interrupção da gravidez ocorreu no Hospital de Clínicas da Universidade de Campinas (Unicamp). Foram os próprios médicos da Unicamp que forneceram ao Juiz os pareceres confirmando tratar-se de um feto sem chances de sobrevivência após o parto. Afirmou o Magistrado Bandeirante ao jornal Agência Estado de São Paulo, 13/07/94: "Que a decisão se baseou na legislação vigente, dois fatores básicos serviram de arrimo ao convencimento do Juízo monocrático: a impossibilidade de sobrevivência da criança após o parto e a gravidez de alto risco à gestante.

A primeira vez em que a Justiça paulista autorizou um aborto em feto mal formado, ocorreu em agosto de 1993, quando a digitadora Cátia Correia Alves, de 23 aos, teve permissão para interromper a gravidez no sexto mês porque foi constatado que o feto tinha acracia, uma variação mais grave do que Anencefalia. Em Fortaleza, o magistrado Jucid Peixoto do Amaral, apreciando o requerimento da Sameac – Sociedade de Assistência à Maternidade Escola Assis Chateaubriand, autorizou a prática do aborto por feto mal formado na Sra. Maria Eunice Vieira Gomes, visto que o exame de ultrasonografia da paciente detectou anomalia grave do feto – mal formação fetal. O comportamento dos magistrados em alusão encontra guarida legal, o Código Penal em seu Art. 128, Inciso I, alude sobre o aborto necessário: "Se não há outro meio de salvar a vida da gestante". A doutrina e a jurisprudência nacionais sem qualquer discrepância, autorizam a prática do aborto por feto mal formado. Para o professor Paulo Sérgio Leite Fernandes, o caso se cinge ao aborto eugênico, "Aquele praticado na presunção de que o futuro filho herdaria dos pais doenças ou anomalias físicas ou mentais" (Aborto e infanticídio, loc. cit., pág.55). É celebérrimo o adágio popular: "Há casos que valem mais do que a lei, e a vida da gestante foi a preocupação dos magistrados paulistas e alencarinos. (Tribuna do Ceará, 11/08/1994).

 

E O MUNDO NÃO SE ACABOU

Nos idos de 1937, espalhou-se a notícia de que o mundo ia se acabar, foi uma grande confusão e todos ficaram em polvorosa. Aproveitando-se deste momento, em abril de 1938, o talentoso compositor baiano Assis Valente, lançaria, pela Odeon, o samba antológico "E o mundo não se acabou", que recebeu a interpretação impecável da pequena notável Carmem Miranda: "Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar a minha gente lá em casa começou a rezar, até disseram que o sol ia nascer depois da madrugada, por causa disso lá no morro não houve batucada. Acreditei nessa conversa mole, até pensei que o mundo fosse se acabar". Posteriormente surgiriam: World Destruction – Letron-funk com John Lydon e Afrika Bambaataa Kaboom!!! Nostradamus: uma genial de Eduardo Dusek; e mais recentemente, isto é, 1999, a clássica de Prince: Uma maneira bem libidinosa de esperar pelo Apocalipse.

Em plena virada do século, os prognósticos de Nostradamus, o profeta do medo, vem despertando a atenção de estudiosos. As célebres centúrias, publicadas pela primeira vez em 1555, previu com acerto a morte do Rei Henrique II, e ao longo da história, profecias sobre o final dos tempos provocam pânico nos menos avisados. Em 992 as datas da anunciação da Virgem da Sexta-feira Santa, por uma defasagem de calendário concidiram. Em 1186, o astrólogo Juan de Toledo, anunciou fome e catástrofes, culminando no Juízo Final; 1524 um astrólogo inglês anunciou para fevereiro, o final dos tempos; em 1533 o anabatista alemão anunciou a volta de Cristo em uma nuvem de fogo que destruiria a Terra; 1844 o pregador William Miller, depois de estudar os efeitos escatológicos do livro Apocalipse, proclamou que o mundo seria destruído pelo fogo em 1999 – na quadra 72 da 10ª Centúria de Nostradamus, do céu virá um grande rei do terror ressuscitar o grande rei dos Mongóis. Acredite se quiser. (Tribuna do Ceará, 12/08/1999).

A GRANDE TRAJÉDIA AMERICANA

Segundo reportagem publicada pelo jornal americano International Herald Tribune, "o destino tirou a vida de muitos e ao mesmo tempo poupou outras". Na definição de Laudenildo Freire, este morfema tem a denotação de acontecimento fatal ou necessário determinado pela providência. A noção, pois, de destino é tão difundida que, em muitas línguas, quando se fala de uma morte, é comum usar as palavras "destino" ou "fatalidade" (Vide Revista Despertai).

Na tarde de sábado, dia 17/07/99, o filho do ex-presidente Jonh Kennedy, Jonh Kennedy Jr. ou Jonh Jonh, apelido de família, que emocionou o mundo inteiro, quando aos três anos prestou continência em frente ao caixão do pai assassinado, em Dallas, Texas (22/11/63), e que mais tarde tornar-se-ia o solteiro mais cobiçado dos Estados Unidos, entrou na galeria da fatídica família dos Kennedy. Indagar-se-ia: Seria uma praga que teria arrastado ao clã americano ao desespero? Ainda voltaremos a tecer algumas linhas sobre polêmico tema.

Aliás, a este respeito as Escrituras Sagradas, traduzem: "Então, a praga cessou de atuar sobre os filhos de Israel" (Num. 25:8), no mesmo sentido: Gen. 12:17, Êx. 11:1, Num. 16:46, Dt. 28:59, Zc. 14:12, Salmo 91: "Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará a tua casa". As psicanalistas americanas Mônica McGoldrick e Froma Walsh, autoras do livro: "Morte em família" (Editora Artmed), afirmam que as mortes violentas em quatro gerações dos Kennedy resultam do hábito da família de não chorar diante de seus mortos e de não se unir para superar as desgraças. Uma coisa é certa, a única segurança que temos é a mão de Cristo em nossas vidas. (Tribuna do Ceará, 29/07/1999).

 

AVILTE À BANDEIRA

Quem passou pelos bancos escolares, jamais esqueceu os versos do poeta Parnasiano Olavo Bilac, em saudação à Bandeira: "Salve lindo pendão da esperança, salve símbolo augusto da paz, tua nobre presença à lembrança, a grande da pátria nos traz". Ocorre, porém, que nos dias hodiernos, o que se vê, através dos meios de comunicação, é um total desrespeito ao pavilhão nacional. Em nosso artigo, "A imagem da lama", Tribuna do Ceará do dia 13/04/93, fizemos referência ao saudoso cantor Cazuza, que ao executar a música "Brasil", de parceria com Ismael (George Ismael), e tema da abertura da novela "Vale Tudo", da Rede Globo, em plena apresentação na Boite Canecão, chegou a cuspir na Bandeira Nacional, e, como se isto não bastasse, contando com o apoio do roqueiro Léo Jaime. Recentemente, a cantora Madonna, em seu promíscuo "Girlie Show", depois de encenar com seus bailarinos todos os tipos de relação sexual, inclusive atividades ecotópicas, mostrando ser imprevisível, apareceu de surpresa no Estádio do Morumbi, e, depois de acariciar os órgãos genitais e falar um português balbuciado, apenas na expressão coloquial, "Ok", enrolou-se na bandeira brasileira, enquanto a sua parceira, a dançarina Ann Carie fazia malabarismos em uma barra de ferro. O jornal "Estado de São Paulo", em seu caderno de variedades, edição do dia 03/11/93, trouxe a seguinte matéria: "O Girlie Show de Madonna é realmente uma celebração ao sexo. Todos os tipos de relação sexual foram encenados". O fato revoltou a todos, e ensejou ao advogado carioca Jorge Beja a dar entrada em um requerimento ao juiz Leonil Antunes Pinheiro, da Vara de Execuções Penais, que proibiu a cantora de usar a Bandeira no Show do Maracanã (realizado no último dia 06/11/93). O ufanismo do causídico surtiu efeitos, tanto é verdade, que quando a cantora saía do Hotel Caesar Park fora vaiada pelos fãs, e no Estádio do Maracanã, teve que se contentar com a simplória apresenta de sexo explícito, tendo ao fundo do telão a bailarina Ann Carie, de seis de fora e fio dental, coadjuvada por Madonna, de short, e botas pretas, com um chicote na mão, cantando o seu mais novo sucesso do Hir Parede Internacional "Erótica", acompanhadas de dois bailarinos de sungas. O requerimento pedindo a proibição do show teve como fulcro o art. 31, inciso III, da Lei nº 5.700, de 1º de setembro de 1971, que dispondo sobre a forma e a apresentação de símbolos nacionais, prescreve in verbis: "São consideradas manifestações de desrespeito à Bandeira Nacional, e portanto proibidas: I) ...; III) Usá-la como roupagem, reposteiro, pano de boca, guarnição de mesa, revestimento de tribuna, ou como cobertura de placas, retratos, painéis ou monumentos a inaugurar". (Tribuna do Ceará, 10/11/1993).

 

ARMA DE BRINQUEDO

O Programa Fantástico da Rede Globo, edição de 04/09/94, colocou em debate nacional o uso desenfreado das armas de brinquedo, que servem de protótipo à violência urbana. O tema não é novidade, e quem partiu na frente, como forma de alerta, foi o companheiro Fernando Ribeiro, de Tribuna do Ceará, em matéria especial do dia 26 de maio/94, sob o título "Brinquedos Assassinos". A doutrina e jurisprudência nacionais são uníssonas, quando entendem que se houve intimidação da vítima por não saber que se tratava de arma de brinquedo, justifica-se o aumento da pena que alude o art. 157, § 2º, do Código Penal Brasileiro.

O comentarista Nelson Hungria, apreciando a natureza da circunstância qualificadora, acentuou ser ela de ordem subjetiva, calçada na intimidação da vítima, de modo a anular-lhe a capacidade de resistência (comentários ao Código Penal Brasil, loc. cit., vol. VII, pág.58). Vicente Sabino Júnior expõe o mesmo princípio, com base no aspecto subjetivo da qualificadora: "O uso de arma ineficiente poderá ser incriminado se o agredido desconhecia essa circunstância e foi realmente intimado por ela" (Direito Penal, Editora Sugestões Literárias, São Paulo, loc. cit., pág.739). ""Roubo – arma de brinquedo – aspectos jurisprudenciais: se não houve intimidação da vítima – caracteriza-se o tipo objetivo do roubo". A jurisprudência hodierna de nossos tribunais é por demais enfática: "Arma de brinquedo ou descarregada, qualifica o crime de rubo" (RE 103.675, Revista dos Tribunais, RTJ 113/401; RE 102.779 – DJU 15/03/85; RE 99.315, DJU, 13/05/83, p.6508; RTJ 554/453).

No trabalho "Brinquedos Assassinos", já aludido, de maneira explícita e técnica, peculiares a este denodado profissional de Tribuna do Ceará, Fernando Ribeiro faz referência a violência da grande loura desposada do sol, face o uso de arsenais protótipos, vendidos, inclusive, nas calçadas da tradicional rua Guilherme Rocha, pulmão central da metrópole. Seria bom, que os senhores pais ao presentearem seus filhos queridos não contribuíssem de forma indireta com a violência. (Tribuna do Ceará, 11/09/1994).

 

A POLÊMICA DA REENCARNAÇÃO

Você acredita que exista vida após a morte? Em torno desta indagação tem surgido correntes antagônicas, tornando o tema rico, em sua bibliografia e granjeando inúmeros adeptos ao campo da leitura do espiritismo de Alan Kardec. Segundo a abalizada "The New Enciclopedia Britânica", reencarnação "É a crença do renascimento da alma em uma ou mais existências sucessivas, que podem ser em forma humana, animal ou, em certos casos até vegetal". Aproveitando-se desta teia de suspense e emoção, a talentosa Ivani Ribeiro, revive a novela "A Viagem", lançada em 1967, pela antiga Rede Tupi dos Diários Associados, aqui em nosso Estado retransmitida pela TV Ceará Canal 2, hoje, na telinha do Roberto Marinho, parafraseando o gordo Fausto Silva.

A novela em alusão traz o personagem "Alexandre", interpretado por Guilherme Fontes, que sendo preso pela polícia por prática de homicídio (Art. 121 do Código Penal), suicida-se, para depois retornar em forma de vingança aos seus inimigos terrestres. O público completamente titubeado se divide, existem aqueles que acreditam na reencarnação e dão testemunhos de sua transição após morte, outros que a rejeitam. A atriz Shirley MacLaine, um monstros sagrados da 7ª arte, afirmou recentemente, em entrevista a Philis Battelle, na Revista "Ladies Home Journal", ter feito várias jornadas de volta na corrente do tempo. "Lembro-me de muitas de minhas vidas passadas, algumas vezes fui homem, outras vezes fui mulher" (Revista Isto É, 18/05/94, pág.35).

Certa vez ouvi de uma colega da faculdade, que sua filha perdera o pai quando tinha três anos de idade, quando esta estava febril e o pobre homem saíra a procura de um remédio. Durante toda a vida a menina alimentou o sonho de que seu voltaria, e na festa de debutantes disse para todos que chegou a dançar com seu genitor. Não tenho autoridade para criticar ninguém, todavia prefiro ficar com o equilíbrio do padre Brendam Coleman, quando afirmou em abalizado artigo de Tribuna do Ceará: "Para o católico não há reencarnações. Nascemos e morremos uma vez só". (Tribuna do Ceará, 18/09/1994).

 

O ASSÉDIO SEXUAL E A BATINA

Depois do escândalo nacional envolvendo o padre Francisco Galdino Freire, que teria se aproveitado da filha do Vice-Prefeito da Cidade de Alcântara (CE), a menor de iniciais G.E.C., de 15 anos, outros fatos voltaram à baila, registrando casos de assédio sexual praticados por membros da igreja contra indefesas jovens. O Jornal Estado de São Paulo, edição do dia 25/08/94, publicou a manchete que a polícia de Terra Roxa, a 413 quilômetros de São Paulo, está investigando a denúncia da dona de casa Vera Lúcia Carrera, de que o padre João Batista da Silva, 34 anos, teria abusado sexualmente de crianças e adolescentes da cidade.

Além de Dona Vera Lúcia, que ajudava na Igreja Matriz de Terra Roxa, como voluntária, mais dez pessoas prestaram depoimentos ao Delegado Carlos Alberto Rosa Silva, que está conduzindo o inquérito policial sob o sigilo de que dispõe o art. 20 do Código de Processo Penal, que deverá ser concluído ainda em setembro. Numa flácida defesa, o religioso nega a acusação e garante que tudo não passa de armação de Vera Lúcia que estaria apaixonada por ele e que teria levado uma mulher nua ao seu quarto para que ele caísse em tentação. Já no Rio de Janeiro, a Arquidiocese está investigando denúncias feitas por voluntárias do movimento de renovação carismática que teriam sido assediadas sexualmente por Dom Cipriano Chagas, líder do movimento. Segundo a agência, o Globo, 23/07/94, policiais da 3ª Delegacia de Polícia, que fica na Praça Mauá, tomaram conhecimento que uma menina de doze (12) anos teria sido estuprada no interior de um convento, localizado no centro do Rio de Janeiro. A menina contou aos policiais que teve pés e mãos amarrados com corda e a boca tapada com fita adesiva.

Frei Edgard, em reportagem concedida à repórter Roberta Jansen da Agência Estado, declarou: "O que aconteceu com essa menina foi um estupro espontâneo, ninguém vem para cá se não quiser", parafraseando o velho refrão: "quem for podre que se quebre". É preciso tomar cuidado com nossas filhas, pois a qualquer momento pode surgir um don juan ou um pseudo exorcista usando batina e satisfazendo os desejos ofiofagos da carne. (Tribuna do Ceará, 15/09/1994).

 

A BÍBLIA COMO FORMA TERAPÊUTICA

Quando iniciamos, no Tribunal do Júri, a levar o evangelho durante os trabalhos libelários, fomos criticados e muitos céticos chegaram a dizer, em forma de capinafração: "Este promotor ficou louco, só falta trazer o Mainha com a Bíblia na mão para ser convertido pelo missionário Wilson".

Não desistimos de usar a palavra de Deus, como fomento de nossas atividades ministeriais, até que um dia, nos encontramos nos corredores da Rádio Dragão do Mar, com uma grande mulher e serva de Deus, a Juíza de Direito Maria Odele de Paula, que, também naquela emissora tem um programa, que, de longe nos dirigiu o seguinte alimento espiritual: "Wilson, é maravilhoso saber que um promotor de justiça esquece os padrões de convivência de sua vida e passa a falar de Jesus no Tribunal, para converter aqueles que pela sua ignorância, ainda acreditam que a salvação está no rótulo da igreja".

Para surpresa nossa, tomei conhecimento de que em São Paulo, o coronel da reserva e pastor Paulo de Tarso criou, no recôncavo bandeirante, a Associação dos PMs evangélicos, cujo principal escopo é visitar presídios e quartéis, pregando em igrejas e contando as mudanças que a conversão provocou na vida de colegas de milícias críticas.

Na opinião de Roberto Baney, presidente da entidade de policiais civis evangélicos, "trocar tiros com bandidos faz parte da nossa profissão e por isso a arma é necessária, mas carregamos a arma ao lado da Bíblia". Na qualidade de promotor de justiça, já constatei, evidentemente contando com Cristo, ver um homicida de nome Clésio Barros, no dia 12 de março/97, abandonar o seu revólver e transformar-se num pastor e hoje, ser meu colaborador no obra de Jesus, isto porque, se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas já passaram; eis que tudo fez novo. (Tribuna do Ceará, 16/09/1999).

 

A INFLUÊNCIA DO CINEMA

O genial Noel Rosa, o famoso poeta de Vila Isabel, em março de 1934, produziu o samba intitulado "Não tem tradução", gravado por Fancisco Alves e orquestra, do qual destacamos os seguintes versos: "O cinema falado é o grande culpado da transformação/ essa gente hoje em dia que tem a mania da exibição". Quem diria que 69 anos depois, os versos do malandro tivessem consistência em um dos mais brutais crimes acontecidos no grande centro de São Paulo, uma verdadeira interação deliquencial, como enfatizamos em nosso artigo anterior, quando o estudante de medicina Mateus da Costa Meira disse que na execução do hediondo crime, inspirou-se no filme "O clube da luta".

O episódio do Shopping Morumbi deixou a todos atônitos, a ponto do Governo Federal reclassificar o filme "O clube da luta", exibido somente para público maior de 18 anos. Para José Gregori, Secretário Nacional de Direitos Humanos, "o filme é uma produção sadoterreroista, um lixo e isto deixa uma dúvida sobre o que os Estados Unidos exportam para o Brasil" (Estado de São Paulo, 08/11/99). Segundo o psiquiatra Luiz Gondim, da Casa de Saúde Dr. Eiras, no Rio de Janeiro, está surgindo uma geração Pit Boy, onde os jovens se sentem o máximo, viram marombeiros, se drogam e saem agredindo a todo mundo. De acordo com Luís Gondim, há uma indefinição, uma imaturidade própria da idade. Na falta de um referencial, os jovens imitam os personagens de Jean Claude Van Damme e Silverter Stalone. A mídia é responsável por essa geração violenta.

É preciso que os senhores tomem muito cuidado, aliás, a Bíblia Sagrada é pródiga quando diz: "Ensina a criança no caminho, em que deve andar, e, ainda velho não se desviará dele" (Prov. 22:6). (Tribuna do Ceará, 25/11/1999).

 

A MALETA HISTÓRICA

Em Stuttgart, na Alemanha, um jornal de grande circulação, assegurou, que obteve vários documentos deixados pelo empresário Oskar Schindler, cuja história foi narrada no filme "A lista de Schindler", entre eles, uma relação original com os nomes dos 1.200 judeus que foram salvos da morte nos campos de concentração nazistas. Todo esse acervo foi encontrado numa maleta, que está sendo chamada pela imprensa internacional de "Maleta histórica", pois reúne mais uma parte da história do tenebroso e pusilânime holocausto.

A mala foi encontrada quando a casa foi esvaziada depois da morte dos proprietários, amigos de Schindler. Os herdeiros da família entregaram os documentos para o jornal, que pretende publicá-los e depois entregá-los ao memorial Yad Vashem, em Israel. A mala continha além de papéis, muitas fotografias e a famosa lista, de vária páginas, batida à máquina.

Durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto "O Reich", acossado pelas sucessivas derrotas, enviava diariamente 60 mil seres humanos ao lucefênicos fornos de Auschwitz, o industrial alemão Oscar Schindler abrigava mulheres de judeus em sua fábrica, de onde ele finalmente os transferia em segurança para a Tchecoslováquia. Um lugar na lista de Schindler significa, segundo Thomas Keneally, autor do livro "A lista de Schildler" (um herói do holocausto), obra publicada pela editora Record, com a tradução de Tati Moraes, que serviu de roteiro ao filme do mesmo nome, do genial Steven Spielberg, no mínimo, esperança de futuro para um prisioneiro judeu. A maleta valiosa mostrará a todos nesta virada do século, quão pesado foi o sofrimento do povo judeu nas mãos genocídicas de Adolfo Hitler. (Tribuna do Ceará, 28/10/1999).

 

 

 

PROVA DE AMOR

Quem não se lembra da canção, onde a cantora Wanderléia diz: "Esta é uma prova de fogo, você vai dizer, se gosta de mim". No cenário melógico, vamos encontrar outros registros do tresloucado ato de amor, no tango canção de Vicente Celestino, "Coração Materno", que provocou impacto em 1937, ano em que foi lançado, baseando-se na lenda, em que o campônio para mostrar o amor por sua amada, tira do peito, sangrando o coração da própria mãe.

Roberto Carlos em 1967, em pleno vigor da Jovem Guarda, lançou a música "Nasci para chorar", onde aos gritos ouvimos o menino de Chachoeira de Itapemirim, dizer: "Eu levo a minha vida chorando pelo mundo", talvez até tivesse um desgosto profundo, sem esquecer o grande Lupiscínio Rodrigues, em "Loucuras", na belíssima interpretação de Maria Betânia, no LP "Mel": "Aí eu comecei a cometer loucuras...". Na vida cotidiana, a coisa parece que não mudou. Recentemente, em Rio Branco, o comerciante Antônio da Silva, 23 anos, encontrou uma maneira estranha de tentar reaver a mulher Maria dos Anjos, de 20 anos. Para convencê-la de que não a traía, e nem tinha, por conseqüência, uma amante, Antônio não pensou duas vezes, comeu oito lâmpadas. O comerciante acabou indo parar no pronto socorro de Rio Branco, devido a sua experiência desastrada. "Só assim podia provar a ela que sou um marido fiel", disse Antônio, após ser medicado. Segundo colheu a investigação policial daquele Estado, a mulher de Antônio, quando descobriu que o marido tinha uma relação extra-conjugal (relatio concunbentium) asseverou: "Marido galinha para mim, não serve, pois fica pulando de galho em galho". Diante do inquisitório doméstico, o marido não teve outra alternativa senão comer lâmpadas, tera que quase lhe tirou a vida. Será que valeu a pena, o indivíduo colocar em jogo a sua vida em nome do amor? Por mais romântico que sejamos, jamais iremos nos enveredar por caminho tão perigoso. Há nefelibatas que defendem o argumento que tudo é perfeito quando se ama. Não concordamos com tal loucura, isto porque o nosso Cristo não coloca em nossas costas um fardo maior do que aquele que podemos carregar. (Tribuna do Ceará, 21/10/1999).

 

 

 

 

UMA DECISÃO INÉDITA

Em decisão inédita no Brasil, o juiz Ely Barbosa, da 5ª Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro, condenou a empresa Pirelli, fabricante de pneus, a pagar a bagatela de R$ 162 mil (7,2 mil salários mínimos) de indenização aos pais de uma criança vítima de acidente de trânsito. Em sentença de 30 (trinta) laudas, divulgada no jornal Estado de São Paulo, o magistrado carioca afirmou que o acidente foi provocado por um defeito de fabricação no pneu (vício redibitório), original e com frisos intactos e sem desgaste ou perfurações. O acidente aconteceu em janeiro de 1991, e faz parte de nossos arquivos especiais. Foi mostrado num especial do Globo Repórter, o advogado Arnaldo Pires e sua mulher Simone Costa, voltavam de um sítio em Araruma, Região dos Lagos, quando o pneu traseiro do carro em que viajavam, estourou, desgovernado o veículo capotou e caiu sobre a mureta de proteção da rodovia Niterói-Manilha, a BR-1001. Os ocupantes do carro foram socorridos mas a filha do casal, Raquel, de apenas 2 anos e quatro meses, morreu a caminho do hospital.

Arnaldo Pires, processado por prática de crime de homicídio culposo, foi absolvido, para em seguida, processar a Pirellli por danos morais e conseguir provar, com laudos periciais do Instituto de Criminalística Carlos Eboli, que o acidente havia sido provocado por um defeito de fabricação do pneu. Além do ineditismo da sentença contra os fabricantes da Pirelli, o valor da indenização foi um dos maiores arbitrados pela Justiça até hoje. A jurisprudência hodierna e iterativa de nossos tribunais, sem qualquer discrepância entende que: "Não é reconhecido como fato imprevisível ou fortuito o ofuscamento" (RT vol. 1, 603/392), "o estouro de pneus" (RT vol.1, 582/228), "a quebra de pára-brisa". Que o presente caso sirva de exemplo a todos os estudiosos do campo da responsabilidade civil. (Tribuna do Ceará, 14/10/1999).

 

CRISTO NÃO EXIGE SACRIFÍCIOS

No último dia 19 de setembro, Israel fechou as suas fronteiras com a Faixa de Gaza e Cisjordânia, para a comemoração do Yom Kippur.

O Yom Kippur significa o Dia do Perdão, data em que antecede um período de 25 horas de jejum. É o mais importante feriado judeu e o mais paradoxal. Neste dia, realiza-se uma cerimônia com o abatimento de animais, acreditando os judeus, em sua vã ignorância, que com este ritual sanguinolento, o pecado do ser humano é retirado e contraído nos animais. Misericórdia! É evidente, que o nosso Deus, o Deus da Glória, aquele que sequer exige o pagamento de promessas, jamais iria concordar com tamanha heresia, e o que se vê no Yom Kippur é a eclosão de vários conflitos de grupos terroristas, com violação de tumbas em diversos cemitérios, como aconteceu recentemente no cemitério israelita de La Tablada, em Buenos Aires. O nosso Deus, jamais exige sacrifícios de seus filhos queridos, porque no monte do Calvário, já derramou a sua última gota de sangue, pagando o alto preço do amor, por todos nós pecadores. Mesmo assim, ainda assistimos a cenas de sacrifícios de fiéis, inclusive carregando casas nas cotas, para mostrar um sacrifício que muitas vezes vem caracterizado de idolatria.

Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; "A um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus" (Salmo 51:7). "De que me serve a multidão dos vossos sacrifícios, diz o Senhor, já estou farto dos holocaustos de carneiro, e da gordura de animais cevados; não folgo com o sangue de bezerros, nem de cordeiro, nem de bodes..." O nosso Deus é poderoso e jamais iria exigir de seus filhos um sacrifício além de suas possiblidades. Que Deus nos abençoe poderosamente. (Tribuna do Ceará, 30/09/1999).

 

FILHOS PELA INTERNET

Não se pode negar, que a Internet, nos dias hodiernos representa um grande e valioso canal de comunicação entre os povos. No entanto, tem sido um perigoso meio utilizado pelos "inimigos das nossas vidas, que somente sabe, matar, roubar e destruir" (João 10:10), que o utiliza para meios maléficos, como a prostituição infantil. Para que se tenha uma idéia, em setembro/99, a Interpol (organização que atua em vários países), desbaratou uma mefistofélica rede de pedófilos, que vendia fotografias de menores de 2 a 9 anos de idade, nus ou praticando sexo explícito, e, tal ato é por demais abominável, visto que as crianças constituem o reino de Deus (Mt. 19:14). Recentemente, em Los Angeles, segundo a agência CNN News, um leilão provocou a atenção de cinco milhões de pessoas (internautas), que passaram a consultar as páginas de Internet, contendo modelos exuberantes, de mulheres famosas, expondo à venda ao público da telinha, seus óvulos por até 150 mil dólares. Um site foi organizado pelo talentoso fotógrafo Ron Harris, contendo um dossiê, destacando entre alguns itens, a inteligência QI e a performance escultural do corpo, coisa para nenhum Fídias colocar defeito.

Nos Estados Unidos, cerca de seis milhões de mulheres têm problema de fertilidade. Para muitas, os óvulos doados são a melhor chance de se tornarem mães. As leis federais proíbem o comércio de órgãos humanos, mas a transação com óvulos e espermatozóides são permitidos por lei. Bill Handel, que fundou um centro de assistência a casais estéreis em Los Angeles, questionou a eficiência do método e disse: "É um tiro no escuro. O óvulo de uma mulher bonita não garante necessariamente um bebê bonito". A história antiga mostra que, pelo Código de Hamurabi, o homem podia ter duas mulheres, em situação especialíssima, qual seja, se a primeira mulher amada fosse estéril, o homem podia casar-se com uma segunda. A permissão era dada somente em caso de esterilidade (Deuteronômio cap. 21, vs 15-17, Estudos bíblicos Dídaque – Crescendo Juntos, pág.19). A venda de óvulos pela Internet é uma prova inequívoca da ousadia do homem que coloca o seu ensinamento em conflito com a criação divina. É bom não se olvidar da lição traduzida nas escrituras sagradas, que se amolda ao nosso artigo: "Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito Ela apanha os sábios na sua própria astúcia" (1Cor. Cp.3:19). (Tribuna do Ceará, 18/02/2000).

 

A PAIXÃO DE CRISTO E O CINEMA

Esta semana, toda a atenção está direcionada ao maior acontecimento da história, qual seja, o nascimento, vida e morte de Jesus Cristo. Quando eu era criança, e já faz muito tempo, nunca perdi uma sessão de cinema do evento Paixão de Cristo. Eu passava o ano inteiro lembrando ao meu pai sobre o evento; saia muito cedo, de onde morava, na velha Rua Barão de Aratanha, nº 633, casa que ainda hoje mantém as mesmas características e me dirigia à tradicional fila do "Majestic", onde a merenda variava da simples espiga de milho, ao tradicional e apimentado sanduíche, ou "cai duro", no modismo coloquial dos cabeças chatas. Cada cena que passava durante a película despertava na platéia um incontido choro e no final com a gloriosa ressurreição de Jesus Cristo, todos de pé aplaudiam a entrada triunfante à destra do pai Eterno.

O tempo foi mudando e a evolução tecnológica da sétima arte foi se aprimorando e a imagem de Jesus Cristo foi tomando aspectos diferentes, e para tristeza nossa, até com heresias de seus produtores. D.W.G. é o cineasta precursor da história dos Reis dos Reis, visto que em 1916, já produzia quatro histórias, e uma delas era exatamente sobre o calvário de Cristo, interpretado por Howard Gaye, sendo por isto considerado o pai do cinema moderno. Em 1926, surge a primeira vesão de Bem-Hur, onde a figura de Cristo aparece como o tradicional halo de Luz. Posteriormente, o magnífico Cecil B. de Mille, produziria com esplendor Bem-Hur, com Charlton Heston, representando um escravo rebelado contra o império romano, e ao ver um homem carregando a cruz e o reconhece como aquele que lhe dera água durante uma penosa viagem a Tira. Na década de 30, surgiria a superprodução, "A maior história de todos os tempos, de George Stevens, uma longa metragem com 260 minutos, e o curioso, o famoso centurião romano de Cafarnaum, de que trata a Bíblia em Mateus, cap.8, vs.5-13 e Lucas, cap. 7, vs 1-10, foi vivido por John Weyne, coisa que muito cinéfilo não sabia. Em 1961, "Rei dos Reis", dirigido por Nicholas Ray, com Jeffrey Hunter fazendo o melhor papel de Cristo, segundo os críticos da época. Na década de 80, os cineastas adentraram ao campo da imaginação adicionada com heresia e passaram a produzir filmes, onde a figura de Cristo recebe novas características, ferindo assim a originalidade das escrituras sagradas. Em 1973, "Jesus Cristo, Superstar", com o cantor Ted Neeley interpretando o Cristo e efetuando algumas canções com a dupla vocalista Tim Rice e Andrey Iloyd Weber.

"A última tentação de Cristo" (The last temptation of Christ), baseado na obra de Martin Scorsese, tenta escandalizar a vida de Cristo perante a opinião. Tá queimado, derijamos repetindo a exortação sempre usada pelo Pastor Dacson Lira, da Igreja Batista Vale de Bênção, um amigo e irmão de Cristo que ganhei em minha caminhada. Segundo matéria publicada pela Agência France Prest (AFP), Moscou, 30/05/97, a emissora independente Russa NTV, suspendeu por duas vezes o filme americano "A última tentação de Cristo", onde mostra Jesus Cristo casado e com vários filhos. Misericórdia! É preciso tomar muito cuidado com o inimigo das nossas vidas, que tenta por todos os meios desviar o aprisco escolhido do Senhor. Que nesta semana todos nós estejamos unidos, à espera da vinda do Salvador que registrará o seu rebanho ao reino da gloria. Aleluia! (Tribuna do Ceará, 27/04/2000).

 

 

 

 

CRIMES ATRAVÉS DA IMPRENSA

O empresário Antônio Ermírio de Moraes, Superintendente do Grupo Votorantim, fora interpelado judicialmente elo Procurador Geral da União, por ter afirmado que existiam ladrões no Governo Federal do Ex-presidente Fernando Collor de Mello. Para os dias hodiernos, tal frase estaria escondida na garganta de muitos brasileiros que foram às ruas de caras pintadas, todavia, no momento flamente, tal assertiva se revestira de um caráter espinafrante à alta cúpula do Poder. A frase de Ermírio, em entrevista ao jornal "O Globo", 10/11/90: "Não posso dizer que no Governo só tem ladrões porque é injustiça, embora tenha ladrões no Governo, mas não todos, faz parte da discussão quem vem sendo travada por causa da elevação de taxas de juros". É comum se ouvir nos meios jornalísticos, a celebérrima frase: "A liberdade de imprensa é a mais importante das liberdades". Rui Barbosa, o grande estudioso baiano, responsável direto na Carta Imperial, citado na obra "Os crimes na comunicação social", de João Féder, dizia que a "liberdade estava acima da própria pátria, porque a liberdade é a condição da pátria" (João Féder, "Crimes da comunicação social", Editora Revistas dos Tribunais, ed. 1987, loc. cit., pág.68). O jornal "Diário do Nordeste", ediçãod o dia 22/04/1987, registrou a seguinte matéria: "Na entrevista do ex-deputado Fernando Mota, lida na íntegra pelo deputado Domingos Fontes, acusa a Procuradoria Geral do Estado, que mediante pagamento de grossas propinas concedia as concessões para as concorrências públicas". Diante de tais aleivosias, o excelentíssimo Procurador Geral do Estado, na época, Dr. Sílvio Braz Peixoto da Silva, endereçou ofício à Procuradoria Geral da Justiça, solicitando providências contra o autor das declarações, sugerindo a sua interpelação. Entendeu o professor Marcos de Holanda, como assessor da Procuradoria, em brioso parecer, que o caso ora apresentado, era de ação penal pública condicionada a representação, pois as palavras aviltantes foram dirigidas a funcionário público em pleno exercício de suas atividades e, portanto, somem e depois de atendida esta condição de procedibilidade, o Ministério Público poderia intervir na persecutio criminis in juditio. No dia 30/11/1987, auxiliando a 1ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza, oferecemos denúncia contra o jornalista José Ari Nogueira, isto porque, o referido comunicador, aproveitando do programa político, transmitido pela Rádio Dragão do Mar, dia 06/06/1987, sob o comando do radialista Itamar Monteiro, proferiu de forma degradante e acintosa palavras aviltantes contra os membros do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. O presente processo ocorreu pelo expediente do Cartório José Iran, e atingiu a prescrição da pretensão punitiva, face o decurso do tempo. O editor Walter Fontoura, do "Jornal do Brasil" foi processado pelo TARJ, em virtude da notícia publicada em março de 1976, sob o título: "Irregularidades em concurso afasta juízes", na qual se informava que o Corregedor Geral havia destituído a comissão formada pelos juízes Mauro Fichtner Pereira, Jorge Miranda Magalhães e Francisco José Lutzemberb, por crime de prevaricação.

O programa "Nas garras da patrulha", da Rádio Verdes Mares, tendo à frente a pessoa do radialista Paulo Oliveira, pessoa querida e meu amigo de bancos escolares, na parte teatro, quando fez alusão à polêmica da Igreja Universal disse que o Promotor de Justiça, Dr. Raimundo Nonato, pediu o arquivamento do inquérito policial contra o pastor Carlos Magno, houve muito dinheiro. Poderia o representante do Ministério Pública usar da faculdade da Lei Nº 5.205/67, e acionar a emissora, o que não o fez, por questão de prudência e equilíbrio. (Tribuna do Ceará, 28/07/1993).

 

FESTAS JUNINAS E BRUXARIAS

Quem nasceu no Interior, com certeza nunca esquece das tradicionais festas juninas. A queima de fogo, a brincadeira do comprade e da comadre, o milho assado em volta da fogueira, além das músicas caipiras, e, neste aspecto, Luís Gonzaga, o antonomástico "Rei do Baião", tornou-se iniludível neste aspecto. Uma de suas músicas até hoje é rodada: "A fogueira está queimando em homenagem a São João, o forró já começou, vamos gente arrastar pé neste salão". Muita gente brinca neste período, apesar da civilização moderna ter acabado um pouco com as tradições folclóricas. Em Campina Grande, a Prefeitura promove trinta dias de autêntico forró, trazendo figuras expressivas, como Dominguinhos, Fagner, Elba Ramalho, Alceu Valença e outros. Por curiosidade, o dia 24 de junho é considerado o dia dos bruxos, quando então magos do mundo inteiro se concentram e se comunicam por telepatia usando para isso o chamado oráculo sagrado. Eles ficam reclusos em seus templos, onde fazem a cerimônia de evocação aos deuses e demônios, varando a madrugada.

São João Batista, dizem os bruxos, foi iniciado, conforme reportagem publicada de Paula Imperiano, no Estado de São Paulo, na feitiçaria pelas bruxas de Évora nas grutas de Pátimos, tornando-se um mestre bruxo (Estado de São Paulo, 21/06/96, "Festas juninas algo comum com os bruxos"). A origem das festas juninas está ligada a rituais religiosos que antecedem ao cristianismo. Os Celtas acendiam fogueiras para homenagear ao Sol, agradecer-lhe e pedir com oferendas de cereais e sacrifícios de animais, proteção contra a estiagem, pestes agrícolas e esterilidade nos rebanhos. Na Idade Média, no século VI, com o poder da Inquisição, a igreja converteu os rituais do equinócio numa festa católica, associando-a ao nascimento de São João, o percursos do Cristianismo. Mais tarde, no século XIII, a mesma igreja ampliou os festejos, comemorando também o nascimento de Santo Antônio e a morte de Pedro. Curiosidades da vida que nem sempre são lembradas. (Tribuna do Ceará, 19/06/1997).

 

FIDELIDADE NO AMOR

A novela "Rei do Gado", de Benedito Ruy Basbosa, que está sendo apresentada, no horário das 20:00 horas, na telinha do plim plim, envolve mais uma vez, o badalado triângulo amoroso. No enredo aparece o poderoso senhor dono de fazenda Bruno Mezenga (Antônio Fagundes), sendo traído pela trepidante esposa (leia Sílvia Pleifer) e posteriormente, desiludido da vida, cai o Senhor Bruno nos braços de Luana (Patrícia Pilar), que, numa metamorfose, deixa de ser a linda bóia fria dos canaviais, para se transformar na primeira dama da poderosa mansão de Ribeiro Preto. Discute-se, hodiernamente, que a falta de convivência conjugal seria o estopim das grandes separações, onde a mulher alega que vivendo longe do marido, facilmente encontrará um amante, tese que não concordamos, embora, não adotamos o bestial machismo que existe entre nós. Recentemente, nos Estados Unidos, numa pesquisa feita pela Agência AFP e o jornal New York Times, quase a metade dos casais norte-americanos tem pelo menos duas relações sexuais por semana. Ao contrário das grandes pesquisas já existentes de Alfred Kinsey em 1948/52, e a de Master & Jonhson em 1966, estudo encomendado em 1987 pelo Instituto Nacional de Saúde, foi realizado a partir de uma amostra representativa da população norte-americana e não exclusivamente com voluntários, para aumentar a objetividade das conclusões. Os norte-americanos são fiéis, segundo os primeiros extratos publicados pelo Chicago Tribuna e o New Yokr Dalles, 75% dos homens e 85% das mulheres afirmam respeitar o parceiro. Quase 90% dos norte-americanos se casam antes dos trinta anos. O estudo também concluiu que 75% das mulheres casadas e 62% das mulheres solteiras afirmam ter um orgasmo em cada relação sexual. O norte-americano típico tem seis parceiras durante sua vida sexual, em contraposição a norte-americana tem em média dois homens. A verdade é que no dicionário de Deus, não existe o lexema separação. (Tribuna do Ceará, 29/08/1996).

A REENCARNAÇÃO E A NOVELA

A Rede Globo lançou no início de setembro a novela "Anjo de Mim", de Walter Negrão. Tudo gira em torno da terapia regressiva, trazendo como personagem principal da trama o escultor Floriano Ferraz (Tony Ramos), que começa a se lembrar de acontecimentos de outra encarnação, e descobre um pacto feito com a amada Valentina (Tássia Camargo), para se encontrar numa futura encarnação. Não é a primeira vez que o tema Reencarnação é abordado através de novelas. Tudo teve início em 1967, quando a talentosa Ivani Ribeiro lançou a novela "A Viagem", readaptada em 1994, trazendo o personagem Alexandre (Guilherme Fontes) infernizando a vida de todos. O filme "Casa dos Espíritos" divide as cenas com a atriz Glenn Close e a visita da trepidante Shireley MacLaine, que segundo entrevista dada ao repórte Phillis Battelle, na revista "Ladies Home Jornal", fez várias jornadas na corrente do tempo.

A abaliada obra "The New Enciclopedia Britânica" define reencarnação, nos teros: "é a crença no renascimento da alma em uma ou mais existências sucessivas, que podem ser em forma humana, animal ou, em certos casos até vegetal". O talentoso professor José Cláudio de Oliveira, no artigo intitulado o "Pequeno Gênio" (Tribuna do Ceará, 19/12/95), nos revela o caso do menino norte-americano Michael Keame, o mais jovem diplomado do mundo por uma universidade, a de Alabama, onde graduou-se em Antropologia aos 10 anos de idade e concluiu o seu trabalho dizendo: "A Bíblia é farta de exemplos de reencarnação". Já tive oportunidade de relatar, em Tribuna do Ceará, o caso de uma colega de faculdade que perdera o marido, quando a filha do casal tinha apenas três anos. Durante muito tempo, aquela inocente alimentou o sonho que seu pai se comunicava com ela, e na festa do s15 anos, não quis nenhum parceiro para dançar, pois acreditava que seu pai, ali estava, sorrindo e participando da festa. Respeito a todos, mas sou da opinião que Cristo ressuscitou. É tudo. (Tribuna do Ceará, 12/09/1996).

 

A ONDA BOBBITT

Desde quando a mulher Lorena Bobbitt decepou o pênis do marido, John Weyne Bobytt, no fatídico dia 23 de junho de 1993, que as agressões das companheiras aos seus amantes não frenaram. Em Buenos Aires, no dia 21 de agosto de 1995, uma mulher abandonada imita Lorena Bobbitt e contrata dois homens para cortar o pênis do marido, o que não se consumou. A reimplantação não surtiu efeito, porque passou tempo demais da amputação, egundo informações da imprensa argentina. Em Pequim, Zhang Jingui, depois de consultar um oráculo, resolveu cortar o pênis do marido. O crime ocorreu em Heill Longjiang, uma província do Norte da China. A nefasta moda Bobbitt parece que pegou e, no Brasil, pelo menos seis casos de violência abominável foram registrados, com manchetes que chegaram inclusive ao programa Jô Soares Onze e Meia, do SBT, como foi o caso da menor de iniciais J.G.G.S., de 17 anos, que, no interior de um motel, decepou o pênis do namorado, o comerciante João Carlos Farias, com uma faca.

A revista Isto É registrou a matéria com o título: "Golpa mais baixo". A dona de casa Raquel Naior Lúcio, uma balzaqueana do Tietê, engrossou a lista dos homens mutilados por suas mulheres, de modo frio, resolveu cortar o pênis do marido, e depois alegou que estava completamente doida. Em Minas Gerais, a anciã Eva Maria Perez, de 62 anos, entendendo que seu marido não era mais aquela Adão do Eden Paradisíaco, com uma lâmina afiada, cortou um dos testículos do marido, Geraldo Abílio Fagundes. Na opinião do Dr. Oswaldo Rodrigues Júnior, Diretor da Clínica Psicológica do Instituto H. Ellis, um famoso centro de tratamento sexual em São Paulo, a atitude destas mulheres não constitui nenhum ato de heroísmo ou revanchismo pelos maus tratos recebidos de seus companheiros, tratam sim, de sociopatas. A ação física das bobbiteanas constitui crime de lesão corporal de natureza grave. É preciso tomar cuidado, pois dentro de seu lar pode estar uma "Bobbitt". (Tribuna do Ceará, 28/11/1996).

 

VITÓRIA QUE VEM DOS CÉUS

O Brasil inteiro ficou atônito, quando na madrugada de domingo, o eclético narrador Galvão Gueno, dizia, de forma repetitiva: "A fera caiu, a fera caiu", referindo-se, pois, à vitória de Evander Hollyfield sobre o poderoso Mike Tyson. Quem acompanhou o noticiário internacional, pode perceber que, em todas as reportagens, Mike Tyson sempre se comportou com um olhar de desprezo aos seus adversários, e num tom soberbo de megalomania, chegou a dizer que somente perderia a luta se seus punhos fossem cortados, um verdadeiro escárnio ao antagonista. Evander Hollyfield, por sua vez, em entrevista concedida à Agência France Press, de Las Vegas, quatro dias antes da luta, demonstrou mais prudência e elucidou: "Minha maior chance será o nocaute. Vai ser um combate explosivo, mas estarei confiante no Senhor".

Ao sair vencedor, por nocaute técnico, conquistando o título mundial da Associação Mundial (AMB) e convertendo-se pela terceira vez campeão, Hollyfield disse: "A vitória foi de Cristo", e no seu boné estava escrito a frase: "Jesus is my bLord" (Jesus é o meu Senhor). O grande declínio de Mike Tyson começou quando, embora crente, batizado na Igreja Batista, resolveu abandonar o Envagelho e ser adepto do Alcorão Maometano, dizendo-se discípulo de Mohamed Ali. Não se pode trocar Jesus por nada neste mundo, pois toda honra e toda glória somente a Ele pertencem. O homem que não vive sob a proteção da mão de Deus é um réu como mui bem se expressou Mattos Nascimento, em sua canção: "Eu tenho paz". A vitória de Hollyfiel é fruto da humildade e prudência. Na Bíblia Sagrada vamos encontrar passagens em que não se deve tripudiar o adversário: Prov. 27:1 – "Não presumas do dia de amanhã, porque não sabes o que produzirá o dia"; 14:21 – "O que despreza o seu companheiro peca, mas o que se compadece dos humildes é bem aventurado". Que a lição do Senhor sirva de exemplos àqueles que, por escárnio, soberba, ou depotismo, tenta humilhar o seu adversário. (Tribuna do Ceará, 21/11/1996).

 

A INTELECTUAL DO LIXO

Ficou famosa a marchina de Assis Valente, interpretada por Carmem Miranda, intitulada "Good Bye", em gravação de novembro de 1932, onde encontramos os seguintes versos: "Good bye, good bye boy/ êta mania do inglês/ é tão feio pra você menino Frajola/ que nunca freqüentou os bancos da escola". A música apareceu como uma forma de repúdio ao estrangeirismo em nossa cultura. Mais tarde, isto é, em 1934, Noel Rosa, o poeta de Vila Isabel, escreveria "Não tem tradução": "E esta conversa de alô, alô boy, alô Jone, só pode ser conversa de telefone".

Chico Buarque de Holanda, em uma velha canção, trilha sonora da novela Dacing Days, traz a seguinte passagem: "Agora eu era herói e o meu cavalo só falava inglês". O modismo do inglês está impregnado em todos nós. Na novela Explode Coração, da Rede Globo, encontramos o personagem Bebeto (Guilherme Karan), um boy do escritório de Júlio Falcão (Édson Celulari), que participa de um grupo de rockers, cultivando a década de 50, e sempre frequentando os bailes, vestido de James Dean ou Elvis Presley, com o cabelo aos tempos da brilhantina de Janne Travolta. O mais curioso de tudo isto, aconteceu na vida do gari Mirian Glass, de 54 anos, mostrada no Jornal Nacional do dia 22/03/96.

Atualmente, esta humílima funcionária pública bandeirante virou gente famosa, pois fica em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, antes da apresentação da orquestra sinfônica de Berlim, arranhando o seu inglês e despertando aos alemães com expressões idiomáticas, da forma short answers, tais como: "Could you do a Favour? Thanks a lot" É triste concluir que, no futuro, o inglês irá dominar todos os setores da comunicação humana, e quem não assimilá-lo, com certeza, ficará à margem do caminho. (Tribuna do Ceará, 04/04/1996).

 

A CIÊNCIA E O EVANGELHO

Na Bíblia Sagrada, em Gênesis, cap. 19, versículos 19 e seguintes, encontramos o episódio da destruição de Sodoma e Gomorra: "Então o Senhor fez chover enxofre e fogo, do Senhor desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra. E derrubou aquelas cidades, e toda aquela campina, e todos os moradores daquelas cidades, e o que nascia da terra e a mulher de Ló olhou para trás e ficou convertida numa estátua de sal". Todo este ensinamento bíblico está sendo discutido na Europa, causando uma polêmica entre os cientistas céticos da palavra de Deus.

Segundo a Agência Reuters, edição do dia 15/12/1995, Londres, numa reportagem de Lyndsay Griffiths, os geólogos franceses estão refutando a Bíblia e colocando o episódio de Sodoma e Gomorra como uma farsa, e afirmam que a mulher de Ló virou estátua não foi porque desobedeceu às ordens e olhou para trás, mas por causa da água salgada do Mar Morto. "Esta é uma tentativa de empregar modernas perspectivas geológicas para examinar uma história bem picante, a destruição de Sodoma e Gomorra", disse Petter Styles, do Quarterly Journal of Engineering Geology. Segundo o Antigo Testamento, as cidades foram destruídas pelo fogo e enxofre, como castigo por seus pecados. Já que Ló era considerado gente de bem, Deus o avisou do perigo iminente, mas sua mulher desobedeceu a única condição imposta, a de não olhar para trás, e foi transformada numa estátua de sal. A pesquisa mostra que foi provavelmente um erro de identidade. O geólogo Graham Harris disse, numa entrevista telefônica do Canadá, que o Mar Morto estava repleto de banquisas (grandes massas de gelo na superfície da água), que, atiradas para o alto pelas ondas, podiam parecer um contorno feminino. Não sou pesquisador, nem tenho a ousadia de sê-lo, porém, tenho a coragem de dizer que tudo isto é uma artimanha do demônio moderno. (Tribuna do Ceará, 21/03/1996).

 

ACEPÇÃO DE PESSOAS

Na Bíblia Sagrada, em Atos dos Apóstolos, cap. 10, vs.34, vamos encontrar: "E abrindo Pedro a boca, disse: reconheço por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas". Esta menagem traduz inequivocamente, que Deus não tem nenhuma nação ou raça predileta. No início da década 60, o mundo inteiro ficou maravilhado quando o Presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, ao lado do Pastor Luther King, disse à Emissora Voz da América, que faria tudo para que seu País adotasse a igualdade de raças. A conseqüência deste heróico ato lhe custou muito caro. Na manhã do dia 22 de novembro de 1963, quando visitava a cidade do Texas, em carro aberto com a esposa Jaqueline Kennedy, o Presidente dos Estados Unidos foi alvejado por uma bala, que até hoje o legisla Cyril Wectch a cognominou de bala incógnita, face a sua trajetória zequesaqueante.

O sonho de integração racial, que há trinta anos Martin Luther King achava estar prestes a se realizar, parece ao contrário. Hoje, cada vez mais distante para a comunidade negra nerto-americana. As tensões raciais aumentaram e as dificuldades crescentes surgiram nos problemas de importância nacional, além das barreiras raciais, afirmou, recentemente, Wade Henderson, Presidente da Leadership Conference Civil Rihts (Conferência de Liderança dos Direitos Civis), coalizão que reúne cerca de 200 organizações, para a defesa dos Direitos Humanos, entre a prestigiosa NAACP (Associação Nacional para a Promoção das Pessoas de Cor). No Brasil, nos idos de 65, o cantor Wilson Simonal fez grande sucesso com a música "Tributo a Martin Luther King", onde os versos da canção diziam: "Sim, sou negro de cor, meu irmãozinho na cor". O racismo comum continua sendo algo banal nos Estados Unidos e são necessários acontecimentos como a marcha de um milhão de negros ou as reações do caso O.J. Simpson, para que os brancos tomem consciência do abismo que os separa dos negros. É lamentável que tudo isto ocorra num modelar país de primeiro mundo. (Tribuna do Ceará, 05/12/1996).

 

SEITAS APOCALÍPTICAS

Em 18 de novembro de 1978, o mundo inteiro se abalou quando mais de 900 corpos foram encontrados em Jonestown, na Guaiana. O revendo Jim Jones exortou seus seguidores a beber um suco de uva misturado com cianureto. Jones que estava entre os mortos, era o líder do templo do Povo da Cidade de São Francisco da Califórnia, que administrava com prestação de serviços gratuitos e programas de reabilitação de drogas. O fatídico evento se repete, no último dia 27 de março de 1996, 39 pessoas apareceram mortas em uma luxuosa mansão de Rancho Santa Fé, Sul da Califórnia, como resultado direto de uma suicídio coletivo bem organizado, conforme declarou o tenente da Polícia Geraldl Lipscomp, na cadeia de televisão CHM. Segundo testemunhos de pessoas que conheciam os moradores da mansão Rancho Santa Fé, tratava-se de um grupo que se comunicava através da Internet, e que se identificava com o nome de seu próprio endereço na rede: Higher Sourge.

Os primeiros elementos da perícia perinescroscópica, fornecidos pela Polícia de Quebec reforçam a tese de suicídio coletivo, tomando por base os corpos que foram encontrados em Saint-Casimir, no Nordeste do Canadá. Segundo a abalizada agência France Press (AFP), os suicídios ou mortes coletivas dos últimos anos vêm sendo atribuídos à proximidade da mudança de milênio, a entrada na "Era de Aquário", propício à proliferação de teorias apocalípticas, e à crise de que sofrem as sociedades medievais. Segundo a reportagem apresentada no Programa Fantástico, da Rede Globo, edição de domingo, dia 30/03/1997, conforme os testemunhos de pessoas que conheciam os moradores da mansão, tratava-se de um grupo que se comunicava pela Internet, e os homens praticaram a castração para evitar o apetite sexual. É claro que Jesus está voltando, para levar o seu povo escolhido e remido no sangue do Cordeiro, porém, qualquer conhecimento humano, contrário às escrituras sagradas, é loucura para Deus. Tudo não passa de heresia. (Tribuna do Ceará, 03/04/1997).

 

DEFUNTO CAMUFLADO

Recentemente, em Campinas (São Paulo), aconteceu um fato hilariante, que bem merecia registro no programa "Mistérios", da Rede Manchete, sob a direção do competente Valter Avancini. O desempregado Sebastião Rodrigues da Silva, residente em Valinhos (periferia paulista), passou por uma situação vexatória, quando teve que provar que estava vivo. Em março de 1996, os familiares de Sebastião Rodrigues, numa investigação policial titubeada, reconheceram-no como sendo o corpo de um homem que teria morrido atropelado na Rodovia D. Pedro I, próximo a Itatibe.

O corpo foi levado ao IML, onde os esculápios legistas colheram as impressões digitais. Como a vítima não portava documentos, foi guardado em geladeira, como sendo de um desconhecido. Na mesma época Sebastião, que é alcoólatra e apresentava problemas mentais, como estava desaparecido, sem notícia de qualquer paradeiro, foi reconhecido pela família como sendo o membro querido que teria desaparecido, nisto numa identificação precipitada feita naquela antonomástica sala de necrodulia. O pior aconteceria, posteriormente. Sebastião da Silva, apareceu em casa deixando a família em completa polvorosa. O Delegado de Polícia da Circunscrição Bandeirante descartou a possibilidade do tradicional conto estelionatário do caixão. Para o presidente do órgão da gerência pública, tudo não passou de uma grande confusão. Segundo ficou apurado nos fólios inquisitoriais, o cadáver apresentava semelhança física com o desempregado Sebastião da Silva, que ainda hoje, está à procura de um advogado que na Justiça consigna ajular o seu atestado de óbito.

Este caso pitoresco de trânsito, que bem poderia servir de inspiração à teia malandresca de Bezerra da Silva, criando a figura do defunto camuflado, isto é, aquele que morreu no papel, mas continua vivo para a alegria dos amigos de boemia. Bem se amolda no vertente caso, as palavras do poeta Billy Branco: "O que dá pra rir dá pra chorar", questão somente de peso e medida. Coisas do cotidiano. (Tribuna do Ceará, 18/06/1998)

Fonte:http://www.pgj.ce.gov.br/artigos/