Uso criativo das TICs pode ajudar a diminuir pobreza, diz ONU


Poredson- Postado em 20 outubro 2010

 

Relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês) aponta meios de gerar renda em pequenas localidades e promover o desenvolvimento econômico por meio das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)


Da troca de mensagens via celular por pequenos pecuaristas das montanhas do Butão à rede de microcrédito a agricultores do Quênia fomentada por telefones móveis, o uso das tecnologias da informação e comunicação (TICs), principalmente a rede de telefonia celular, para além da simples troca de mensagens e vozes pode ajudar a diminuir a pobreza mundo afora. Para fomentar esse potencial, no entanto, o poder público precisa agir com mais eficiência. Estes são os principais apontamentos do relatório “Economia da Informação 2010: TICs, Empreendimentos e Combate à Pobreza”, lançado em 14 de outubro pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês).

“Hoje, graças ao acesso cada vez maior dos produtores pobres dos países de baixa renda às TICs, as possibilidades de conseguir que contribuam com a redução da pobreza são muito maiores do que antes”, afirmou o secretário-geral da Unctad, Supachai Panitchpakdi.

De acordo com o documento, há vários aplicativos e políticas relacionadas ao uso da telefonia móvel sendo criados em diversos países com o objetivo de fomentar a economia de pequenas cidades e gerar renda e economia para seus moradores. No Butão, por exemplo, o governo local reconheceu o potencial da troca de mensagens entre os agricultores a ponto de criar um serviço nacional de fornecimento de informações sobre o mercado agrícola.

No Quênia, 18 mil agentes integram a rede M-Pesa de pagamento e transferências bancárias. O sistema permite a usuários cadastrados realizar operações bancárias por meio da rede telefônica. Assim, podem depositar e sacar dinheiro com os agentes mesmo que não tenham aparelhos próprios. Por dia, são realizadas cerca de dois milhões de transações só no país africano. O sistema já foi replicado na Tanzânia e no Afeganistão.

Exemplos como esses são citados pela agência das Nações Unidas para mostrar como as tecnologias podem ajudar a melhorar as condições de vida dos pobres do mundo caso haja algum tipo de apoio. Por isso, entre as recomendações feitas no documento, está a implementação de medidas voltadas para a difusão da telefonia celular – que, apesar das altas taxas de crescimento, ainda é cara para a maioria da população dos países em desenvolvimento —acompanhadas de políticas de geração de renda.

“As políticas devem enfocar o melhor acesso às TICs com redução de pobreza. O resultado depende do contexto e do ambiente nos quais as tecnologias são inseridas e utilizadas. Os governos possuem um papel chave na geração de políticas que respondam efetivamente às necessidades específicas dos beneficiários – necessidades que diferem entre empreendimentos, áreas rurais e urbanas e países”, lembra o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon.

O relatório afirma que os governos devem focar suas ações nas demandas da camada mais pobre da sociedade, analisando o uso que esse público faz das tecnologias, e procurar espaços para agir. Também devem estar atentos para as possibilidades de incluir a utilização de TICs nas políticas públicas de áreas como saúde, agricultura e desenvolvimento local.

Ao mesmo tempo, a Unctad afirma a necessidade de expandir não só a área de cobertura dos serviços de telefonia móvel como a qualidade e, principalmente, os preços. Dados da ONU mostram que, no fim de 2008, em metade da área rural dos países em desenvolvimento ainda não era possível completar uma chamada.