UM AMIGO DO MUNDO


PorRoger Lamin- Postado em 30 novembro 2017

Autores: 
José reginaldo santos Gonçalves

RESUMO

    Era hábito dele colocar em contato pessoas muito distanciadas entre si, mas que ele aproximava em função dos interesses intelectuais comuns que ele mesmo percebia com muita sensibilidade. Ele as aproximava e depois, discretamente, se afastava. De forma tal que, mesmo agora, já ausente, permanece como forte referência afetiva e intelectual entre essas pessoas que, por causa dele, tornaram-se, de certa maneira, próximas. Movia-se sempre numa constelação de relações, fazendo mediações, sem que reivindicasse qualquer centralidade. Não precisava. Era daqueles que influem secretamente na vida de muitos. Em termos intelectuais, exercia também com maestria a mediação com os clássicos e com a produção intelectual contemporânea, sempre disposto a oferecer, com extrema generosidade, indicações bibliográficas valiosas, além de sugestões sempre oportunas. Ricardo Augusto Benzaquen de Araújo (1952-2017) desempenhou uma função singular na vida pessoal e intelectual de seus amigos e conhecidos. Essa função dificilmente poderá ser resumida a uma simples apreciação subjetiva, em que, comodamente, diríamos que cada um guardará para si a sua própria e infiel memória. A relatividade dos pontos de vista individuais e coletivos é um fato. Mas, diante dessa multiplicidade, uma pergunta impõe-se: como era possível que esse brilhante intelectual reunisse em torno de si tantas pessoas com posições intelectuais e ideologias políticas, estilos de vida e visões de mundo tão distintas? Onde residia o mistério de seu poder de sedução pessoal e intelectual? Imagino que esse poder residisse no modo peculiar com que ele experimentava cotidianamente suas relações com o mundo.

PALAVRAS-CHAVES: MUNDO, DIREITO, AMIZADE

AnexoTamanho
um_amigo_do_mundo.pdf107.17 KB