Trecho do texto de Zygmunt Bauman por ocasião do aniversário de 80 anos de Jürgen Habermas ao jornal alemão Frankfurter Rundschau (em 17.06.2009)


Porpatricia- Postado em 22 agosto 2012

Teríamos nós, hoje, a mesma compreensão do nosso mundo da vida (Lebenswelt) sem o conhecimento de Jürgen Habermas? Uma pergunta puramente retórica. Naturalmente a resposta é não.

Em sua despedida de Richard Rorty, um grande filósofo, amigo e companheiro de embate, escreveu Habermas: „Richard Rorty se libertou há três décadas e meia da disciplina (filosofia), pois suas convenções se tornaram muito estreitas para ele, a fim de, a partir de então, poder filosofar por caminhos ainda não percorridos.“

Exatamente assim o fez Habermas há mais de 50 anos. Ele estava sempre ocupado – e novamente parafraseando Kundera – „ em arrancar a cortina“, que esconde as experiências da vida das pessoas.

Enquanto ele se dedicava a mais elevada e difícil tarefa, que os filósofos podem nos servir, Habermas se tornou um grande, em quem nós nos espelhamos, mas a maioria nunca o alcançará. Suas obras „Conhecimento e interesse“, „A crise de legitimação no capitalismo tardio“, „ A era moderna: um projeto inacabado“ e finalmente „A constelação pós nacional“ são para mim marcos ao longo do meu difícil trajeto pela rota sinuosa, complicada, enigmática e distorcida, que a humanidade no século 20 traçou.

Diante das leituras eu podia ouvir o arrancar das cortinas. E eu não sou o único que se orienta em Habermas no estudo da sociedade e da política do século 20. Dez anos após o início do século 21 a obra de Habermas continua sendo uma referência indispensável.

fonte: http://www.fr-online.de/kultur/juergen-habermas-zum-80--geburtstag-den-v...