As três grandes religiões do mundo e a reforma do mundo.


PorGisele Leite- Postado em 18 maio 2013

Autores: 
Gisele Leite

As religiões forjadas ardentemente nos desertos do Oriente Médio e que continuam a transformar a face do mundo em níveis diversos como o pessoal, o sociopolítico, o cultural e o filosófico.

 

O judaísmo, o cristianismo e o islamismo inflamaram almas, levaram seus seguidores ao êxtase e resultaram em cruel intolerância toda vez que cada religião buscou a proeminência nas questões do mundo e no coração da humanidade.

 

O fato é que quando alguém acredita veementemente ter a fé verdadeira, seu pensamento se submete ao dever de converter ou matar os outros que simplesmente não acredita. Ou não comunga exatamente da mesma fé fervorosa.

 

Convém diferenciarmos em religião, o que seja monoteísmo do politeísmo, posto que o primeiro reverencie um único Deus, essas três religiões, ou seja, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo praticam o monoteísmo (que operou sensíveis transformações no mundo contemporâneo).

 

Porém, cabe definirmos a religião como um conjunto cultural suscetível de articular todo um sistema de crença em Deus ou num sobrenatural e um código de comunicação e prática e de celebrações rituais.

 

Toda religião crê possuir a verdade fundamental sobre as questões primaciais do homem, mas sempre se apoiando numa fé ou crença.

 

 

As seitas são movimentos de protesto religioso e seus membros se apartam dos demais homens nos que se referem às crenças, práticas e instituições religiosas, e por vezes em muitos outros aspectos da vida.

 

Lísias Nogueira Negrão, sociólogo da Universidade de São Paulo, e autor de "O Messianismo no Brasil Contemporâneo" definiu assim a diferença entre religião e seita: Igrejas são grupos estabelecidos e vinculados à sociedade. Já as seitas são movimentos emergentes que apresentam restrição ou desconforto em relação à regra teológica, apresentam contestações dos valores sociais estabelecidos. “A partir do momento em que se acomodam, deixam de ser uma seita para se tornar uma nova igreja.”

 

A palavra seita[1] advém de sectarismo, que significa romper, separar. Portanto, a seita denota uma cisão de um grupo minoritário que se contrapõe à ortodoxia majoritária do tipo "igreja", desenvolvendo uma política de negação e abandono da sociedade ou do grupo dominante.

 

A religião se diferencia da filosofia posto que pretenda fundar suas “verdades” nas demonstrações racionais. A filosofia e a religião pertencem às esferas autônomas e diferentes apesar de que ambas compareçam perante o mais alto grau de consciência humana.  A perenidade da religião resta demonstrada pela antropologia que como ciência estudo aspectos como o corporal, animal e espiritual do composto humano.

 

 

A religião não absorve a filosofia. E há na filosofia e na religião há pontos extremos que correspondem a formas patológicas do individualismo e do misticismo. Aliás, esse dualismo pode ter utilidade transitória num discurso expositivo, e acabam por denunciar a falsidade intrínseca dos processos de convenção.

 

O cristianismo e o islamismo são baseados no judaísmo. Mas apesar de sua origem comum, existem poucos elementos que permitam a coexistência pacífica entre essas religiões. Registramos muitas cruzadas, massacres e guerras santas que são realizadas em nome de Jeová, Deus e Alah[2], o que confere ao contexto tons de tragédias, pois esses são os nomes para a mesma divindade.

 

Pois as três religiões que se consagraram monoteístas permaneceram fiel a um único Deus que possui o domínio sobre o céu e a terra.

 

O judaísmo inicialmente não se revelou monoteísta, haviam os israelitas chamados henoteístas que aceitam seu Deus, mas se permitiam crer nas divindades de seus vizinhos numa espécie de tendência ideológica “viva e deixe viver” teológico.

 

O seu Deus era chamado de Jeová a quem chamavam quando os judeus[3] enfrentaram dificuldades como escravos no Egito e, ainda quando libertados e quando vagaram no deserto e, de acordo com o Velho Testamento quando receberam os dez mandamentos.

 

E, mais tarde, depois da dominação dos babilônios, o monoteísmo dos israelitas ganhou reforço bem como a fé de que um messias viria para salvar o mundo fora estabelecida.

 

Enfim, isto preparou o cenário para o surgimento do Cristianismo. Porém, os israelitas sempre foram importunados pelos conquistadores e, quando os romanos ocuparam a Judéia deu-se a história de Jesus Cristo que viveu exatamente na época da ocupação romana.

 

Jerusalém foi destruída no ano de 70 a.C. em episódio de história cultural chamado Diáspora que em grego significa dispersão.·.

 

A fundação do Estado de Israel em 1948 inaugurou a primeira dos judeus depois de quase dois mil anos. E, o fato de viverem tanto tempo sem pátria atraiu preconceito e invariavelmente culminava em violentas perseguições o que fez transformar muito particularmente o judaísmo e a filosofia judaica.

 

 

O Torá e o Talmude

 

Resume o Torá os fundamentos religiosos e sobre a tradição da lei judaica. O Pentateuco, isto é, os cinco primeiros livros do que os cristãos chamam de Antigo Testamento. E a justificativa do porquê os israelitas não denominam suas escrituras de “antigo” é o fato de não admitirem o Novo Testamento.

 

Torá é termo referente a todo corpo de escrituras judaicas e os diversos comentários escritos pelos eruditos e rabinos.

Talmude é outra palavra que engloba o corpo da religião e, ainda, a lei civil judaica (composta pelo Torá, Pentateuco e os comentários ao Torá). Existem ainda duas versões do Talmude o de Jerusalém e o da Palestina. O Talmud de Jerusalém ou Talmude Yerushalmi é uma coleção de notas rabínicas sobre a tradição oral judaica.

 

 

O Povo escolhido

 

Defende a tradição judaica ser o povo judeu, o povo escolhido e tal fato fora revelado a Moisés por Jeová. E, os escolhidos por Deus têm de suportar grandes sofrimentos.

 

O livro de Jó no Antigo Testamento conta a história que Jó sofreu repetidas provações e desafios por Deus, porque justamente é o favorito. Sustenta a tradição judaica que esse Deus único criou o Universo e nele preside.

 

E o desígnio divino para a via nos é apresentado por meio dos dez mandamentos[4].

O judaísmo é baseado num contrato ou aliança entre Deus e o povo Judeu (que reconhece Deus como definitivo e legislador e consagrou o judeu como povo escolhido).

 

O destino devotado aos judeus era frequentemente interpretado como sinal de insatisfação de Deus, o que indica Jeová nem do acordo principalmente em face das provações historicamente propostas.

 

O Deus do Antigo Testamento é, na sua própria dicção, um Deus irado e invejoso e hábil a punir sendo muito exigente quanto à devoção de seu povo.

 

Está repleto de rituais[5] a religião dos judeus que impõe que sejam as leis sejam cumpridas. O Levítico é um livro que contém longa lista de leis, algumas das quais são lógicas com a que prevê que o homem não deva ter relações sexuais com a filha, como a outra, que determina expulsar de sua tenda a mulher em menstruação.

 

Foi grande o sofrimento do povo judeu nas mãos dos opressores por muitas gerações ocasionou a crença que um messias surgiria para salvá-los. E, há hoje judeus em plena idade contemporânea que aguardam a vinda do messias para salvá-los.

 

Muitos acreditam que o messias apareceu há dois mil anos atrás e, naquele momento uma religião foi firmada e baseou-se no nascimento, ensinamento e morte e, até na ressureição de Cristo. Tal religião é o cristianismo.

 

 

Cristianismo

 

 

Na história do judaísmo reivindicam o manto do Messias por muitos séculos. Muitos em pregação para as massas são inspirados os discípulos a seguirem seus passos, e muitos têm morrido por seus esforços, e sido esquecidos, tendo seus nomes e suas missões destruídas sobre as areias escaldantes do deserto.

 

Jesus de Nazaré se tornou muito popular, assim como a mensagem o mundo nunca mais foi o mesmo. No fundo, a mais influente das três grandes religiões monoteísta foi baseada nos ensinamentos de um humilde carpinteiro judeu que pregou o amor e a compaixão.··.

 

Teve uma breve existência, reduzida em trinta e três anos de fé, que apenas representou o começo de uma longa história.

 

O Jesus histórico representou uma ameaça política e social para ordem das coisas daquela época e, por fim, acabou crucificado. Os escritos romanos confirmam tanto a existência como a atuação de Jesus Cristo.

 

 

Mas seria Cristo o verdadeiro filho de Deus como os cristãos piamente acreditam?

 

No ano 999 houve uma histeria geral causada pela crença no Apocalipse e, no retorno de Jesus Cristo e, ainda na batalha definitiva entre o Bem e o Mal. Nada aconteceu.

 

Em 1999, os mesmos medos foram novamente suscitados juntamente com o Bug do Milênio. E, novamente, o mundo não acabou e o silêncio se sucedeu. Por mais de mil anos estaremos salvos?

 

A biografia de Jesus Cristo provém basicamente dos quatro evangelhos que englobam a primeira parte do Novo Testamento. Os teólogos cristãos tinham dúzias de registros históricos de Jesus e escolheram os evangelhos que enfatizaram mais propriamente sua divindade.

 

Acreditam os cristãos que a profecia do Antigo Testamento fora cumprida e encarnada na pessoa de Jesus e que em sua morte na cruz e oferecendo a salvação para todos aqueles que tinham fé.

 

Os primeiros cristãos acreditavam no Evangelho para os judeus. Desta forma, o cristianismo é uma ramificação do judaísmo. Os números ofuscaram a fé judaica em comparação de fé cristã e ainda por causa dos esforços de São Paulo e outros missionários e a mensagem cristã se disseminou um deus bom, generoso, misericordioso que pede perdão aos ofensores. E, recomenda que se ofereça a outra face.

 

 

A da biografia histórica de Jesus Cristo muito pouco se sabe além do que consta no evangelho. Mas existem as biografias autorizadas e legalizadas quatrocentos anos depois do fato.

 

O principal elemento da fé dos cristãos é a crença de que Cristo voltou dos mortos depois de ser crucificado e sepultado por três dias.

 

Muitos aceitaram Cristo como um sábio filósofo e um profeta. Para os muçulmanos foi o profeta mais humano, mas o grande dilema do cristianismo é a crença na ressurreição de Jesus e a vida eterna ao seu lado no céu.

 

O cristianismo bem como as demais religiões monoteístas possui inúmeras cerimônias também conhecidas como sacramentos[6].

 

O batismo consiste na imersão na água e é considerado como iniciação oficial da fé. Alguns cristãos aguardam até ao adepto ou iniciado seja adulto ou até que este já tenha alcançado a idade da razão para então praticarem a imersão total em um rio simbolizando o batismo.

 

Outros cristãos batizam crianças recém-nascidas e devem os batizados e terem dois representantes (ou padrinho e madrinha) que respondem às questões do padre em nome da criança.

 

 

Outra cerimônia principal é a eucaristia que consiste na recriação da Última Ceia, onde Jesus dividiu o pão e o vinho com seus apóstolos e os estimulou a disseminar a sua doutrina, sua mensagem e seu nome.

 

Os católicos acreditam que a transubstanciação de fato acontece, o que significa que o pão e o vinho literalmente se transformam em “corpo e sangue” de Cristo durante a missa. Muitos grupos protestantes acreditam que esse ritual é simbólico e outros não o incorporam em suas cerimônias religiosas.

 

As disputas e tensões havidas entre o judaísmo, cristianismo e islamismo são trágicas em vários aspectos e absurdas em relação a um elemento-chave pois Jeová, Deus e Alah são nomes que se refere a um mesmo Deus que é adorado de formas diferentes pelas três religiões.

 

O que indica que o cristianismo não é monólito e que no período que vai da morte de Jesus até Renascença, existiu uma Igreja que evoluiu ao longo do tempo e formou a Igreja Católica Romana no mundo ocidental.

 

No Oriente, o cristianismo ortodoxo da Grécia e da Rússia cresceu e teve sucesso, apesar de não ter qualquer estímulo do papado de Roma e muitos outros grupos menores sempre existiram por todo milênio.

 

A Reforma protestante criou diversas denominações Jesus Cristo e seus ensinamentos do Novo Testamento permaneceram no centro, mas existem múltiplas diferenças e a rivalidade, o mal-estar e a hostilidade absoluta têm maculado as relações entre esses grupos que adoram o mesmo Deus.

 

Todos pregam a promessa de vida eterna pela aceitação de Jesus como o salvador. Outros toleram outros credores, enquanto alguns cristãos insulares parecem mais obcecados com a ideia daqueles que estão destinados ao inferno do que com a necessidade de cuidar de suas próprias vidas.

 

A maioria dos cristãos acredita que Jesus virá novamente e haverá uma reviravolta quando isso acontecer. Místicos e loucos preconizam o apocalipse desde o primeiro dia.

 

Se simplificarmos os ensinamentos do cristianismo e reduzirmos o dogma à crença básica de que “Deus é amor” então se traduz em uma bela fé que presta socorro espiritual para milhares e realiza boas ações e trabalhos de caridade por todo mundo.

 

O islamismo advém da palavra “islã” que significa entrega. Isso implica em total submissão à Alah (é o nome islâmico para Deus) que é o mesmo deus da tradição judaico-cristã.

 

Os devotos do islamismo são chamados de muçulmanos que significa “aquele que se entrega a Deus”. Prega também o Islamismo como uma das grandes religiões monoteísta a lealdade inabalável a um único Deus verdadeiro e que todos os homens são iguais aos olhos severos, mas amorosos de deus.

 

Você pode se converter ao islamismo por uma simples decisão pessoal e se concordar em seguir seus preceitos. Todos os muçulmanos pertencem a uma comunidade chamada uma, estando estes onde estiverem.

 

O fundador do Islã foi Maomé que nasceu aproximadamente em 570. Recebeu a revelação divina que iniciou a formação da fé islâmica.

 

Maomé foi o último profeta da longa lista de escolhidos e que eram queridos por Deus. Segundo a tradição islâmica, Moisés e Jesus eram somente mensageiro sagrados de Deus e tanto o Antigo como o Novo Testamento são documentos espirituais válidos, mas a definitiva expressão dos mistérios de Deus para a humanidade, de acordo com os muçulmanos, encontrou voz em Maomé e seu livro sagrado, o Alcorão.

 

As cerimônias são muito relevantes e devem ser fielmente seguidas incluindo os Cinco Pilares do Islamismo. São eles a profissão de fé, a oração, o pagamento de dízimos, o jejum e pelo menos uma viagem para Meca (o local do nascimento de Maomé durante a vida).

 

A profissão de fé, por vezes chamadas de testemunho, é comum em outros credos. Os muçulmanos reafirmam oralmente que Alah é o único Deus e que Maomé é o profeta verdadeiro muitas vezes por dia, diante as orações diárias ou sempre que têm vontade.

 

Tal exigência é relevante para o ingresso na comunidade e pode ser realizada por qualquer indivíduo. E nenhum muçulmano pode desafiar a verdade de outro. Esta é um contrato entre o indivíduo e Deus.

 

 

Devem os muçulmanos orar cinco vezes ao dia (esse é o segundo pilar do islamismo), devem tomar parte de ritual de purificação e, depois, voltar se para Meca, não importando onde estejam.

 

As preces são tipicamente realizadas ao nascer do sol, ao meio-dia, no meio da tarde, ao pôr-do-sol e à noite. Nos países de grande tradição islâmica é comum o pregoeiro suba na torre da mesquita local (local de adoração islâmica) para lembrar ruidosamente que é hora de rezar, de reverenciar a Deus. A oração grupal na mesquita ocorre meio-dia das sextas-feiras.

 

O pagamento de dízimo é o terceiro pular do Islamismo. Também a religião incentiva doações generosas aos pobres. Bem como as outras religiões monoteístas apoiam o auxílio dos menos afortunados, a tradição islâmica considera isso como dever.

 

O jejum é o quarto pilar do Islamismo e o seu período mais importante é o mês do Ramadã, que é o nono mês do calendário islâmico de doze meses. Do amanhecer até o anoitecer, os muçulmanos evitam o alimento, a bebida e o sexo.

 

O jejum é praticado periodicamente em todas as grandes religiões, pois a negação ascética e o desconforto geram a sensação de purificação e de expiração.

 

Esta é similar à tradição cristã da Quaresma, período durante o qual os fiéis temporariamente abstêm-se dos prazeres da vida. Assim como a Quaresma termina do domingo de Páscoa, o Ramadã termina com o feriado de três dias.

 

O quinto pular do islamismo é uma viagem para a idade sagrada de Meca pelo menos uma vez na vida. Meca representa o centro da fé islâmica, a pátria de Maomé, e todos os muçulmanos que são física e financeiramente capacitados devem fazer a viagem para demonstrar devoção.·.

 

Os muçulmanos usam roupas simples humildes. Joias, perfumes e sexo são proibidos durante a viagem. Alguns homens raspam sua barba, e tanto homens e mulheres utilizam técnicas brancas simbolizando a igualdade de todos os olhos de Alah.

 

Também alguns muçulmanos fazem peregrinação para Jerusalém que é por excelência um lugar sagrado nas tradições do judaísmo, cristianismo e islamismo.

 

Alguns muçulmanos consideram o conceito de jirad que é o sexto pilar do islamismo e está associado às imagens de terrorismo principalmente praticadas em nome da religião pois estes a usam como brado de convocação para um luta contra seus inimigos. O real significado é de lutar para agradar Deus, mas pode assumir diferentes interpretações, desde a pregação e prática de caridade, até a luta em defesa do Islã.

 

Assim como o judaísmo e o cristianismo possuem o Antigo e o Novo Testamentos, os muçulmanos também possuem seu livro sagrado, o Alcorão, onde está a Palavra definitiva de Deus. Onde há as palavras verdadeiras ditadas por Maomé.·.

 

Desta forma, toda tradução é suspeita, porque todos os textos perdem conteúdo no processo de tradução. Os cinco pilares do islamismo representam as obrigações a serem realizadas por todos os devotos muçulmanos. São eles: a profissão de fé (shahaba), a oração (salat), o pagamento do dízimo (zakat), o jejum ( saun) e a  peregrinação para Meca (hajj).

 

O Alcorão faz expressas menções honrosas a Moisés, Jesus e outras figuras das tradições judaicas e cristã. Que são respeitados como homens sagrados. E acreditam que a palavra final de Deus foi passada por Maomé. Enquanto que Jesus é considerado como homem mortal, e, não como Filho de Deus.

 

Como profeta amado por Deus, o Alcorão também ensina que Alah não permitiria que um de seus profetas sofresse algo tão terrível como a morte na cruz.

 

Assim, os muçulmanos acreditam que no último minuto, Jesus foi salvo por Deus e substituído por idêntico impostor. O alcorão contando a história de Abraão e seus filhos, faz troca dos filhos.

 

No Antigo Testamento, Deus exorta Abraão a oferecer seu filho Isaac como sacrifício humano para provar sua devoção. No último momento, Deus impede o sacrifício dizendo a Abrão que aquilo era somente um teste de seu amor e fidelidade à divindade.

 

No Alcorão, o filho é identificado como Ismael, de quem se acredita que a ramificação árabe do povo semita descendeu. Uma verdade final sustenta que no momento em que um povo começar a se concentrar nos elementos que os unem em vez de focar nas diferenças que o dividem o mundo passará a ser um lugar melhor.

 

Infelizmente as três maiores religiões monoteístas por mais de dois milênios de existência nem sempre obtiveram coexistência pacífica.

 

As escrituras judaicas que incluem o Antigo Testamento enquanto que o cristianismo possui tanto no Antigo como no Novo Testamento, e os muçulmanos respeitam esses dois livros como documentos espirituais e acrescentaram que a última palavra no tema é o Alcorão.

 

A fé é um dom maravilhoso bem como a tolerância. E nos faz questionar se não poderíamos todos conviver de forma pacífica? Não seria exatamente isso que Deus esperaria de sua bela e adorada criatura?

 

Definir religião por seus rituais assim como o batismo numa igreja cristã é adoração num templo budista, os judeus com o rolo da Torá diante do muro das lamentações em Jerusalém, é a homilia do sacerdote católico, é a sessão espírita sob os ensinamentos de Allan Kardec.

 

O estudioso das religiões não possa ser religioso. O escritor italiano Umberto Eco, tratando das relações entre os estudos de literatura comparada e a própria literatura, quando fez a observação: “Até os ginecologistas podem ser apaixonar”.

 

O mais importante é não deixar durante a pesquisa as crenças e os sentimentos pessoais influenciem o material que está sendo estudado. Tal distanciamento permite divulgar relevantes informações sobre a religião que são valiosas tanto para o indivíduo como para a sociedade.

 

As religiões podem responder as perguntas que o homem vem fazendo desde tempos imemoriais e, possuem forte conteúdo filosófico. Revelam os registros históricos inúmeros exemplos de fanatismo e intolerância.

 

Em nome da fé religiosa já se travaram diversas guerras, em nome de Deus muitas pessoas foram perseguidas, torturadas e imoladas e, isso continua acontecendo nos dias de hoje. A intolerância frequentemente é resultado da ignorância sobre o assunto.

 

Um conhecimento religioso sólido revela-se útil principalmente num mundo cada vez mais multicultural. A explicação sobre como começaram as religiões começou com a percepção humana sobre as coisas a seu redor. Acreditava que os animais, as plantas, os rios, as montanhas, o sol, a lua e as estrelas continham espíritos, e era fundamental apaziguar.

 

O antropólogo E. B. Taylor (1832-1917) batizou a crença de animismo, tendo sido influenciado por Darwin sobre a evolução. E, segundo o antropólogo, o desenvolvimento religioso caminhou paralelamente ao avanço geral da humanidade primeiro rumou em direção do politeísmo e depois ao monoteísmo.

 

Porém, há um consenso geral que concluiu que o animismo não é uma caracterização adequada para a religião dos povos tribais.

 

É fato que alguns pesquisadores enxergam a religião como um produto de fatores sociais e psicológicos, é um modelo reducionista.

 

Karl Marx, por exemplo, sustentava que a religião, assim como a arte, a filosofia, as ideias e a moral, não passavam de um dossel por cima da base que é econômica.

 

E, reforça que dirige a história de acordo com ele, é o modo como a produção se organiza e quem possui os meios de produção. Portanto, a religião apenas refletiria essas condições básicas.

 

Nas ciências modernas predomina a ideia de que a religião é um elemento independente, ligado ao elemento social e ao psicológico, mas que tem sua própria estrutura.

De qualquer modo é indelével a marca deixada pela religião em particular as monoteístas sobre a civilização humana.

 

 

Referências

 

NEGRÃO, Lísias Nogueira Negrão. Novas Tramas do Sagrado: Trajetórias e Multiplicidades. São Paulo: Editora EDUSP, 2009.

 

GAARDER, Jostein; HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry. Tradução: Isa Mara Lando. Revisão Técnica e Apêndice: Antônio Flávio Pierucci.

O Livro das Religiões. 7a. reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

 

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução Alfredo Bosi. Maurice Cunio, Antonieta Scartabello, Carla Comi, Rodolfo Itari, Silvia

Salvi. Tradução e revisão: Ivone Castilho Benedetti.2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

 

 



[1] Seita vem do latim secta que significa seguidor, proveniente de sequire que significa seguir. Trata-se de conceito complexo e usado para inicialmente designar simplesmente qualquer doutrina, ideologia, sistema filosófico ou político que divirja da correspondente doutrina ou sistema dominante.

[2] Jihad em árabe refere-se a um conceito essencial da religião islâmica e significa "empenho", "esforço". Pode ser uma luta mediante a vontade pessoal, de se buscar e conquista a fé perfeita. Não significa realmente guerra santa, nome dado pelos europeus às lutas religiosas na Idade Média, como por exemplo, as cruzadas. O período que se segue a Jihad é o Mujahid. Há a explicação de duas formas de jihad que não estão presentes no alcorão, mas sim nos ditos de Maomé.

[3] Judeu em hebraico yehudi (singular) yehudim (plural) O grupo étnico e religião judaica e a fé tradicional na nação judia, são fortemente interrelacionados, e as pessoas convertidas para o judaísmo foram incluídas no povo judeu. A maioria das autoridades coloca o número de judeus entre 12 a 14 milhões representando apenas 0,2% da população mundial estimada.

[4] As reinterpretações dos dez mandamentos ao longo da história. Judaísmo (século 10 a.C.).

1. Eu sou o Senhor teu Deus; 2. Não ter outros deuses. Não adorar ídolos; 3. Não usar o nome de Deus em vão; 4. Manter sagrado o dia do senhor; 5. Honrar pai e mãe; 6. Não assassinar; 7. Não cometer adultério; 8. Não roubar; 9. Não prestar falso testemunho; 10. Não cobiçar a casa do próximo. Não cobiçar a mulher do próximo. Os judeus ortodoxos (século 11 d.C.): 1. Eu sou Senhor teu Deus. Não ter outros deuses; 2. Não andar ídolos; 3. Não usar ídolos; 3. Não usar o nome de Deus em vão; 4. Manter sagrado o dia do senhor; 5. Honrar pai e mãe; 6. Não assassinar; 7. Não cometer adultério; 8. Não roubar; 9. Não prestar falso testemunho; 10. Não cobiçar a casa do próximo. Não cobiçar a mulher do próximo.

Já os católicos (século 4 d.C.): 1. Eu sou o Senhor teu Deus. Não ter outros deuses. Não adorar ídolos. 2. Não usar o nome de Deus em vão; 3. Manter sagrado o dia do senhor; 4. Honrar pai e mãe; 5.Não assassinar; 6. Não cometer adultério; 7. Não roubar; 8. Não prestar falso testemunho; 9. Não cobiçar a casa do próximo; 10. Não cobiçar a mulher do próximo. Os protestantes ( século 16 d.C.) Introdução - Eu sou Senhor teu Deus; 1. Não ter outros deuses; 2. Não adorar outros deuses; 3. Não usar o nome de Deus em vão; 4. Manter sagrado o dia do senhor; 5. Honrar pai e mãe; 6.Não assassinar; 7. Não cometer adultério; 9. Não prestar falso testemunho. 10. Não cobiçar a casa do próximo. Não cobiçar a mulher do

próximo.

 

[5] As festas judaicas são móveis posto que seguem um calendário lunisolar. As principais festas são as seguintes: a) purim (os judeus comemoram a salvação de um massacre elaborado pelo rei persa Assucro); b) páscoa (Pessach) comemora-se a libertação da escravidão do povo judeu no Egito, em 1300 a. C.; c) Shavuót - celebra a revelação da Torá ao povo de Israel; d) Yom Kipur - considerado o dia do perdão. Os judeus fazem jejum por vinte e cinco horas seguidas para purificar o espírito; e) Sucót - refere-se a peregrinação de quarenta anos pelo deserto, após a libertação do cativeiro do Egito .f) Chanucá - comemora-se o fim do domínio assírio e a restauração do templo de Jerusalém. g) Simchat Torá - celebra a entregados dez mandamentos a Moisés.

 

[6] A Igreja Católica Apostólica e Romana celebra sete sacramentos, a saber: o batismo, a confirmação ou crisma, eucaristia, a reconciliação ou penitencia, a unção dos enfermos, ordem e matrimônio. Todos os sacramentos estão ordenados para a Eucaristia, como para seu fim. Na eucaristia, renova-se o mistério pascal de Cristo, atualizando e renovando assim a salvação da humanidade.