A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E OS OPERADORES DO DIREITO


PorCARMEN LUCIA PEREIRA- Postado em 25 julho 2011

 A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E OS OPERADORES DO DIREITO

A atualidade exige constante aprendizagem. As transformações pelas quais passamos, tanto tecnológicas como científicas, acontecem em velocidade espontosa. É imprescindível que os profissionais estejam preparados para enfrentar mudanças. O advogado é peça fundamental no processo de aplicação da justiça. Ele terá que se atualizar buscando conhecimentos multidisciplinares.

Que o processo eletrônico judicial é um passo importante e inevitável para a melhoria da justiça, ninguém discorda. O advogado deve assimilar essas mudanças e contribuir para que elas aconteçam no menor tempo possível, fazendo sua parte, ou seja, preparando-se para o manejo dessa modernidade, deve portanto, aprender a lidar com o sistema ou ficará excluído, indiretamente do mercado.

Mas a forma como vem sendo implantado e a diversidade de sistemas em uso estão deixando advogados irritados. Conforme levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas, a metade dos advogados ainda encontra dificuldades no uso do processo eletrônico. A diversidade de sistemas é outro problema, nove em cada dez advogados reafirmam a necessidade de um sistema único nacional.

Para os advogados jovens o uso da atual tecnologia da informação não é problema, porém, os mais velhos encontram dificuldades para acompanhar essas mudanças e tendem a resistir a elas. Nem todos possuem condições financeiras para adquirir equipamentos e software para se atualizar. Um amapro financeiro e educacional àqueles que necessitam, seria a solução. A OAB deverá ter um papel importante na diminuição dessa desigualdade, criando cursos e disponibilizando equipamentos a todos os advogados que da nova tecnologia necessitarem, contribuindo para o desenvolvimento do processo eletrônico .

Os advogados não podem resistir a essa modernidade, pois, os Tribunais detêm a infraestrutura e estabelecem as regras referentes ao Processo Eletrônico, uma vez estabelecidas as regras, os Advogados deverão segui-las.    

Além das dificuldades enfrentadas por alguns profissionais em se adaptar a modernidade da tecnologia de informação, existe um problema cultural. O próprio ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello já havia expressado sua preocupação em uma entrevista ao jornal da OAB. "Penso que o afã de modernizar o trâmite processoal pode implicar prejuízo grave para os jurisdicionados. E na tela, será que aquele que personifica o Estado como juiz folheará no processo as peças já ultrapassadas?", questiona. Ele afirmou que ao analisar processos eletrônico, manda fazer cópias e formar autos em papel. "A secura dos olhos, causada pela tela do computador, não permite a visão do todo", afirmou.

A ministra Nancy Andrighi também se mostra apreensiva quanto ao processo eletrônico. "É o fim do papel, mas não da cruel espera", alerta. Para ela a visão diária, o contato com os autos físicos, com suas tarjas coloridas, chama constantemente a atenção do magistrado para o dever de ir além do possível para sanar as angústias  contidas em cada processo. Ela teme ainda que a presença quase imperceptível dos processos virtuais no gabinete prolongue as dores neles contidas. "A reflexão que convido a todos a fazer está longe do sentimento de aversão às novidades tecnológicas que infelizmente ainda dominam o judiciário brasileiro. Ao contrário, o que se pretende é ativar intensa vigilância para que não se retroceda na imprescindível jornada de humanização do judiciário", explica a ministra.

Para concluir, talvez a mais árdua tarefa seja a de modificar a mentalidade dos operadores de Direito e da sociedade em geral, para a irreverssibilidade do avanço da tecnologia da informação.