Se não é patriarcado, então, tem de ser matriarcado- O Cálice e a Espada- Riane Eisler


PorRobertoamaral- Postado em 18 abril 2011

Os estudiosos do século XIX e XX,  sob a égide do dualismo cartesiano, descreviam as estrutura de poder, no período neolítico,  como se os homens não dominavam as mulheres, logo, elas dominavam os homens. Esta dicotomia permeou o olhar dos historiadores e arqueologos até o fim do seculo passado e foi com a visão de autores como Riane Eisler, Marija Gimbutas e outros, que se descortinou os aspectos ligados à complexidade.

Os dados arqueológicos nos mostram que a sociedade pre-patriarcal era notadamente igualitária. Não existe evidencias da supremacia das mulheres, tanto na religião, quanto na vida. A igualdade e a parceria eram as características desta fase da historia da humanidade. As estruturas eram essencialmente matrilineares e matrilocais. Este formato foi revelado, entre muitas outras importantes evidencias, pelas escavações arqueológicas de Çatal Hüyük, na Anatólia, datada de cerca de 6700 A.C.

Na procriação, também, mostrou, os papeis interligados e solidários, entre o homem e a mulher. Em nenhum momento foram encontradas mostras de dominação, ou de que as mulheres subjugassem os homens.

A adequação ao paradigma, de que as relações humanas tem que,  necessariamente, serem enquadrados a algum tipo de ordem superior-inferior, ou de que se não for isto, logo será aquilo, contamina os estudos deste período da nossa historia. As figuras de Deusa e filho encontrados em muitas religiões, mesmo contemporâneas, nos remetem não a um quadro de dominação e sim ao sentimento de responsabilidade e amor, diferente, pois, da opressão, privilegio e medo. Sentimentos que nortearam a sociedade patriarcal.
Pelo excelente livro de Riane Eisler pudemos entender melhor a nossa historia, a nossa própria epistemologia. A conclusão da autora é de que este período não pode ser considerado, nem matriarcal, e muito menos patriarcal, e sim o de uma sociedade de parceria, na qual nenhuma metade foi dominada pela outra. Um período em que o respeito à diversidade, a complementaridade, foi exercida na sua plenitude, gerando uma sociedade igualitária.

No fim do capitulo 2, assunto deste paper, a sua constatação final, de que a complexidade dos novos tempos sociais, e tecnológicos, nos remete a uma volta, a uma estrutura social de parcerias. Seria no futuro novamente a supremacia do cálice?