Reflexão Quirino - Capítulo IX - Domínios linguísticos e consciência humana - A árvore do conhecimento


PorQuirino Hawerroth- Postado em 17 abril 2011

Capítulo IX: Domínios lingüísticos e consciência humana

 Os domínios lingüísticos é o tema central deste capítulo. Os autores afirmam que na interação de dois ou mais organismos, de forma recorrente, gera um acoplamento social, no qual se envolvem de modo recíproco na realização de suas respectivas autopoieses. As condutas que se verificam nesses acoplamentos sociais são comunicativas e, ainda podem ser inatas ou adquiridas.

Pode se descrever, para um observador, o estabelecimento ontogênico de um domínio de condutas comunicativas como o estabelecimento de um domínio de condutas coordenadas associáveis a termos semânticos. Como se o que estabelecesse a coordenação comportamental fosse o significado que o observador atribui a essas condutas e, não o acoplamento estrutural dos participantes. É essa propriedade das condutas comunicativas ontogênicas de parecerem semânticas a um observador, que trata cada elemento do comportamento como sendo uma palavra, que possibilita relacionar essas condutas à linguagem humana. Um exemplo disto seria o dueto dos pássaros.

Não constituem um domínio lingüístico as condutas comunicativas instintivas. Em um domínio lingüístico sempre se pode tratar a situação como sendo uma descrição do meio comum aos participantes.

No caso dos seres humanos, as descrições podem ser feitas tratando as outras descrições como elementos do domínio de interações. Isto é, o próprio domínio lingüístico faz parte do meio das possíveis interações.

Os autores, a título de ilustração, apresentam uma história ocorrida nos EUA, na qual um casal criou junto ao próprio filho um filhote chipanzé, a fim ensinar-lhe a falar. Caso que fracassou quase que completamente. O Filhote de chipanzé não era capaz dereproduzir as modulações vocais necessárias para falar. Nova experiência, realizada por outro casal americano, anos após, entendeu que o problema não estaria na capacidade lingüística do chipanzé, e sim na condição da sua habilidade ser gestual. Desta forma repetiram a experiência, empregando o sistema de interações lingüísticas Ameslan – o idioma gestual internacional utilizado pelos surdos-mudos. O experimento foi bem sucedido, sendo que o chipanzé aprendeu Ameslan, dominando-o de tal maneira que poderia dizer que aprendera a falar.

Na nossa rede de interações lingüísticas, ocorre uma contínua recursão descritiva que denominada de “eu”, que nos permite a conservação da nossa coerência operacional lingüística e da nossa adequação ao domínio da linguagem.

A consciência e o mental são inerentes ao domínio do acoplamento social, ocorrendo nele a sua dinâmica. O mundo é produzido na coordenação do comportamento que é a linguagem, sendo o linguajar o próprio ato de conhecer.