A ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS. CAP II - Maturana - Conhecimento e Autopoiese


Porgiovanidepaula- Postado em 03 abril 2011

A “Árvore do Conhecimento”: as bases biológicas do entendimento humano.

Capitulo II - A organização dos seres vivos.

A dimensão do conhecimento é complexa e mesmo a chamada racionalidade humana tem encontrado de forma recorrente o surgimento de novos paradigmas que questionam o que “está posto” como verdade.
Um dos desafios que tem se apresentado ao longo do processo histórico e social diz respeito à compreensão da natureza humana nesse plano e a sua (in)capacidade de conviver com os outros.
Nesse sentido, a apresentação da obra de Maturana e Varela nos fazem os seguintes questionamentos:

“É possível explicar a grande dificuldade de poder atingir um desenvolvimento social harmônico e estável (aqui e em qualquer parte do mundo) através do vazio de conhecimentos do ser humano sobre a sua própria natureza? Noutras palavras, será possível que nossa grande eficácia para viver nos mais diversos ambientes se veja eclipsada e por fim anulada diante de nossa incapacidade para conviver com os outros?
Será possível que a humanidade, tendo conquistado todos os ambientes da Terra (inclusive o espaço extraterrestre), possa estar chegando ao fim, enquanto nossa civilização se vê diante do risco real de extinção, só porque o ser humano ainda não conseguiu conquistar a si mesmo, compreender sua natureza e agir a partir desse entendimento?” (MATURANA e VARELA. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. São Paulo: PalasAthena, 2001.página 15)

No atual estágio de desenvolvimento humano sob o aspecto de construção de conhecimento, sem adentrar em outras searas como a ética, a filosófica ou política, a explicação cientifica para os fenômenos da vida e da existência cada vez mais desponta no sentido de que se perceba que poderão surgir sempre novas variáveis, em que um conjunto de interações simbólicas e culturais interferiram nesse processo.
Nesse sentido, o ruim não é apresentar cada um a sua nova verdade, mas sim querer torná-las absolutas, pois muitos erros cometidos no passado ainda persistem no presente .
Considerando que “Todo conhecer é uma ação da parte daquele que conhece”(Maturana e Varela, p. 76) , há que se considerar que as estruturas complexas dos seres vivos, da qual nós, humanos, fazemos parte, e sua evolução nos permitem compreender também melhor as organizações e possuir uma organização não é prerrogativa única dos seres vivos, mas de todas as coisas que podemos analisar como sistemas. (Maturana e Varela, p. 89)
Desse modo, há que se considerar que a realidade das organizações se constrói não apenas por seres vivos e pessoas, mas também por estruturas, tecnologias, processos e diferentes modalidades de linguagens, as quais são sobrelevadas por pessoas.
O desafio está em fazer com que esse conhecimento acumulado, a aquisição e ampliação de novos domínios de interação e essas novas estruturas apontem para ações cujas conseqüências sejam consideradas para que a unidade autopoiética influenciada pela ação do homem não o destrua. Exemplos recentes como os novos desastres que atingem a todos a nível local e global evocam que essa preocupação é pertinente.
Assim, a organização autopoiética construída ou influenciada pelo genero humano e obtida por muitas classes diferentes de componentes, precisa adequar-se às mudanças, desde o nível de unidade celular de interação e que serão determinadas por sua própria estrutura até o nível maior de complexidade de outros seres e das organizações e sistemas, de forma que os fenômenos possam levar a uma consciência reflexiva e que os conhecimentos que se produzem na ação sejam percebidos como parte de um todo.