O Estado como “novíssimo movimento social”


PorAnônimo- Postado em 12 agosto 2009

Em “La democracia electrónica”, Jordi Sànchez i Picanyol fala sobre a falta de adequação da ação política com relação às mudanças sociais. Nesse sentido a progressiva utilização das novas tecnologias, com destaque para a internet, pode contribuir, mesmo que parcialmente, para gerar reformas profundas na vida política. (p. 113). O autor também destaca que nos últimos anos o espaço do mundo local vem ganhando força por meio da ação política de suas instituições, neste ponto a participação cidadã torna-se uma contribuição imprescindível (p. 21). Uma das reflexões sobre a utilização da rede nesse contexto de mudança social é a previsão, segundo o autor, de que a internet terá um melhor ajuste nos espaços de ação política não formalizados institucionalmente, exemplo disso são os movimentos sociais que defendem uma “outra” globalização (p. 30).

Interessante a partir dessa perspectiva é o desenvolvimento do conceito de Estado como novíssimo movimento social, noção trabalhada por Boaventura de Sousa Santos em “A gramática do tempo”. Diante da crise do Estado moderno, uma das concepções que surge é aquela que propõe uma articulação privilegiada entre o princípio do Estado e da comunidade. Para Santos sob a mesma designação de Estado, emerge uma “nova forma de organização política mais vasta que o Estado, de que o Estado é o articulador e que integra um conjunto híbrido de fluxos, redes e organizações em que combinam e interpenetram elementos estatais e não estatais, nacionais, locais e globais.”(p. 364).

Nesse caso é evidente o papel da democracia eletrônica, representa uma possibilidade de aumento do poder e da participação da sociedade na política, colaborando para o que Santos chama, de uma “reinvenção solidária e participativa do Estado”. Mais informações: A reinvenção solidária e participativa do Estado.