Notícia - O Mito do Robô que Pensa


PorRafael Oliveira...- Postado em 16 novembro 2011

Robôs chegarão um dia a pensar como nós? Talvez. A discussão é antiga, pelo menos como tema de ficção científica. As opiniões de cientistas, contudo, se dividem em posições diametralmente opostas. Para alguns, a inteligência dos robôs nunca alcançará o nível da humana. Outros apostam que as máquinas poderão até superar nossa inteligência.

O mundo, entretanto, não conhecia, até agora, um único caso de robô capaz de raciocinar. O primeiro caso foi divulgado há poucos dias pelas agências internacionais, ao informar que um grupo de cientistas japoneses havia criado um robô que aprende pela experiência, exatamente como os seres humanos, embora isso pareça ficção científica. São máquinas que podem aprender tarefas para as quais não foram programadas.

O responsável principal pelo projeto do novo robô é o cientista Osamu Hasegawa, professor associado no Instituto de Tecnologia de Tóquio (Tokyo Institute of Technology), que desenvolveu um sistema que permite ao robô olhar o ambiente em volta e fazer pesquisas na internet, para descobrir a solução de um problema.

O professor Hasegawa lembra que a maioria dos robôs atuais é muito boa para executar tarefas previamente programadas, mas sabe muito pouco do mundo real em que vivemos nós, seres humanos. "Desse modo - lembra o cientista - nosso projeto é a tentativa de construir uma ponte entre os robôs e o mundo real."

O segredo para realizar esse salto é um algoritmo, chamado Rede Neural Incremental de Auto-Organização (ou, em inglês, Self-Organizing Incremental Neural Network, ou Soinn) que permite aos robôs usarem seus conhecimentos anteriores para inferir o caminho para completar tarefas que lhes pedimos para executar.

As tarefas que o novo robô executa até aqui, entretanto, são prosaicas, como servir chá, buscar um objeto na sala ao lado ou pesquisar o endereço de uma empresa na internet.

Análise Crítica

A definição de inteligência artificial (IA) é complexa. Elaine Rich (RICH, 1988), diz que a Inteligência Artificial (IA) é o estudo de como fazer os computadores realizarem tarefas em que, no momento, as pessoas são melhores. As pesquisas nesta área foram iniciadas na década de 50 do século passado e ganharam novo impulso na década de 90 com o avanço acelerado da ciência da computação e o surgimento de aplicações comerciais. Um sistema de IA deve ser capaz não só de armazenar e manipular  dados mas também de adquirir, representar e manipular o conhecimento e de inferir ou deduzir novos conhecimentos a partir do conhecimento existente. Está voltado para processos que envolvem o raciocínio humano, tentando imitá-lo e fazendo inferências.  

Algumas áreas de aplicação da tecnologia de IA são:

  • Sistemas Especialistas ou Sistemas Baseados em Conhecimento.
  • Sistemas Inteligentes/Aprendizagem.
  • Compreensão/Tradução de Linguagem Natural
  • Compreensão/Geração de voz

No Brasil há vários pesquisadores trabalhando com IA e alguns deles estão na Universidade Federal de Santa Catarina. Há opiniões opostas entre os cientistas. Há os que acreditam que se chegará a uma máquina capaz de pensar como um ser humano e de se comunicar em linguagem natural. Outros relegam esta idéia ao mundo da ficção. A idéia do primeiro grupo é pouco plausível. Para que uma máquina pense como ser humano ele teria também de “sentir” como ser humano. O ser se torna humano na relação com outros seres humanos. Logo um máquina que pense e sinta como ser humano não seria mais uma máquina, mas sim ser humano. Aí estaríamos no domínio da ficção bem explorada em filmes como Blade Runner, onde andróides se rebelam porque querem o status de  “seres humanos”.   

Certamente  que esta área do conhecimento vai evoluir muito e teremos sistemas com certo grau de inteligência, capazes de auxiliar o homem e em casos específicos até substituí-lo. Há avanços por exemplo na compreensão da linguagem natural. Os resultados ainda são ruins e por exemplo, sistemas de tradução não fazem trabalho decente  nem  com simples manuais, teoricamente mais simples. Aires José Rover, da Universidade Federal de Santa Catarina (http:infojur.ufsc.br\aires) analisa a aplicação da inteligência artificial na área do direito. Ele diz que  a etapa final do desenvolvimento dos Sistemas Especialistas Legais seria a capacidade destes sistemas de solucionar diretamente a disputa entre partes. Mas a presença do homem não será dispensável na medida em que segundo ele “um problema jurídico não se resolve apenas com o que está escrito na lei e exige  determinada busca de sentido que vai além dela.” Por isso o especialista, o jurista, será sempre uma parte importante do processo.