Notícia: Crise cria "geração perdida" em países ricos


PorJaqueline Arsie- Postado em 17 outubro 2012

Crise cria "geração perdida" em países ricos

 

  Impulsionados pela crise e por medidas de austeridade, crescentes níveis de desemprego entre os jovens em alguns países desenvolvidos - e principalmente na Europa e EUA - estão criando o que a imprensa e economistas desses países vêm chamando de "geração perdida" ou "geração desperdiçada". Os índices de desemprego entre os jovens da faixa dos 20 aos 30 anos são bem maiores do que os da população em geral. É claro que a crise atinge a todos, mas os jovens estão sofrendo mais porque, ao detectar um desaquecimento econômico, o primeiro que as empresas fazem é interromper as contratações, como explicaram à BBC Brasil Stefano Scarpetta, vice-diretor de Emprego, Trabalho e Assuntos Sociais da OECD e Richard Jackman, especialista em mercado de trabalho da London School of Economics and Political Science (LSE).Uma segunda medida comum é despedir os trabalhadores que estão em contratos temporários - em geral, também profissionais na faixa dos 20 a 30 anos.

    Por trás das estatísticas há histórias de talentos desperdiçados e expectativas que não se cumpriram - milhares de jovens que foram levados a acreditar que, se estudassem mais e se preparassem melhor para o mercado de trabalho, teriam um futuro profissional garantido e uma posição social confortável. Agora, com uma coleção de diplomas na parede, não conseguem sair da casa dos pais.

    Sem trabalho, alguns jovens fazem uma peregrinação por estágios não-remunerados, outros se dedicam a "sub-empregos". Um grupo importante pensa em emigrar, como fizeram seus ancestrais menos qualificados no passado. Uma pesquisa da Organização Internacional de Migrações (OIM) divulgada neste mês, por exemplo, revelou que 107 mil europeus deixaram o continente após a eclosão da crise em direção, principalmente, à países latino-americanos, como o Brasil.

 


 

    O que se pretende ressaltar com a notícia exposta é que, apesar das alterações no mercado de trabalho e nas formas em que este se desenvolve, há empecilhos que dificultam uma boa fluência da atividade laboral.

    Não há novidade em dizer que a crise mundial, tanto no setor econômico como nos setores social e ambiental, alteraram paradigmas estabelecidos. O que se vê, no entanto, é que novos padrões estão desde já sendo moldados por seus efeitos. Ainda que a sociedade da informação venha sendo alterada no que concerne ao mundo do trabalho, a crise atua como uma poderosa força de sentido oposto, barrando os efeitos positivos que poderiam ser gerados. É importante ressaltar que, assim como as tecnologias tiveram papel fundamental na busca de responder ao desafio de produzir mais com menos trabalho, configurando novos modelos de sociedade, seu objetivo agora é utilizar desses meios para desviar da crise. Não se pode, porém, eximir o fato de que a tecnologia também é responsável por substituir a mente humana, simulando raciocínios e, por vezes, substituindo-a. Daí que se retira o grande impasse da modernidade: alimentar-se daquilo que também a devora.

    Mesmo desenvolvendo capacidades como lógica de raciocínio, bom senso, habilitação para trabalhar em grupo e demais características procuradas pelas novas relações de trabalho do século XXI, percebe-se que o âmbito da problemática não se limita nesta questão, é também fruto do sistema e vítima da crise.