Nosso governo - até que ponto é realmente nosso?


PorPCesar- Postado em 17 setembro 2011

BRASÍLIA  – O século 21 será marcado pela evolução da internet e do setor eletrônico, e quem não acompanhar essa tendência perderá espaço, principalmente, na prestação de serviços, afirmou, ontem, o diretor executivo da International Governance Solutions (IGS), Guido Bertucci, em palestra no Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) sobre o papel do governo no setor de tecnologia da informação (TI).

O diretor da IGS – organização que desenvolve soluções para facilitar a governança – disse que o governo eletrônico é importante ferramenta para diminuir a burocracia no setor público, mas destacou que o primeiro passo nessa direção deve ser a promoção de mudanças administrativas.

“Primeiro, é preciso mudar a cultura hierárquica dentro das instituições. Quem ocupa um cargo mais elevado precisa entender que os mais jovens têm muito a contribuir e saber que a participação de todos os funcionários e da população é fundamental”, afirmou Bertucci.

O segundo desafio, especificamente no caso brasileiro, é criar um banco de dados único. Bertucci acrescentou que, em função de o Brasil ser muito populoso, isso pode ser uma barreira mais difícil de transpor, pois a solução está na integração entre os diversos ramos do governo.

De acordo com o executivo, o governo não deve se limitar a apenas prestar serviços, tem também que dominar todas as fases do conhecimento e torná-lo público para impulsionar o país. Isso já ocorre, segundo ele, na Bélgica, Coréia do Norte e Suíça, países citados por Bertucci como exemplos de governança eletrônica.

Fonte: Abril.com

 

Análise:

Quando pensamos em governo, pergunto, qual a primeira imagem que nos vem a mente? Exclusão? Corrupção? Burocracia? O fato é que por mais que tentemos achar algo de positivo, dificilmente acharemos pois as coisas ruins conseguem superar de longe as boas. Mas se pensarmos só nos problemas e não posicionarmos possíveis soluções, as mudanças nunca aconteceriam. Isso é a principal proposta do Governo Eletrônico, maior clareza e facilidade de acesso ao sistema político de nosso país, possibilitando ações diretas para com as esferas superiores e, de certa forma, quebrando hierarquias.

Com o advento e aperfeiçoamento da internet muito se questionou e ainda é questionado sobre como ela poderia ser utilizada a favor de uma conscientização política e principalmente como fator de participação popular em assuntos antes considerados "restritos" a uma pequena parcela da população. Conforme o tempo passou soluções foram criadas e diversos problemas surgiram e apesar desta inovação mostrar-se extremamente promissora, surgiu um outro paradigma de difícil solução, a exclusão digital.

"O governo [...] tem também que dominar todas as fases do conhecimento e torná-lo público para impulsionar o país." Neste trecho é necessário pensarmos em como tornar algo como acesso a internet, realmente uma ferramenta pública. Como dizer que haverá interesse por parte de nossos governantes em possibilitar acesso a internet a 16 milhões de pessoas neste país que vivem em extrema pobreza e não sabem nem se terão dinheiro para comer no dia seguinte, que dirá comprar um computador ou utilizar uma lan house?

A situação se torna mais crítica se pensarmos no que exatamente teremos real acesso e até que ponto seremos correspondidos virtualmente, pois se mesmo pessoalmente não conseguimos tirar dúvidas sobre problemas com a receita federal, como teremos certeza que isso virtualmente será solucionado? Uma vez que tal atendimento parte principalmente da boa vontade de nossos políticos em prover serviços de atendimento ao cidadão e consequentemente verbas para tal acesso.

É neste ponto que finalmente podemos perceber que os investimentos para possibilitar uma completa participação popular na política vai muito além da internet em sí, mas principalmente no investimento para possibilitar tal inclusão. No Brasil, a situação é crítica não somente pelo acesso reduzido à internet, mas também devido à falta de conhecimento de muitos de seus cidadãos sobre as estruturas governamentais e principalmente do próprio uso dos softwares.

A falta de interesse despertado sobre o assunto, também é outro grande problema pois diminui a demanda pelos investimentos nessas ferramentas. Muitos dados estão disponíveis, alguns são acessados, pouquíssimos são usados e as taxas de interação com os governos ainda são baixas, mostrando uma não-efetividade do serviço.

Temos muito a percorrer, muito a mudar, não podemos afirmar que seria melhor "continuar do jeito que está" pois a tentativa de mudança pra algo melhor sempre é válida.  O que temos que fazer é não perder a força de vontade pra não deixar tudo "nas mãos do governo" pois sabemos que pouco podemos contar com ele, temos que nos pautar em pequenas atitudes como ensinar o que sabemos no dia-a-dia e sempre que tivermos oportunidades em nossos círculos sociais, mostrar que as ferramentas estão aí e que na medida do possível podemos compartilhar o acesso que temos a elas.

Tomo como exemplo o site Avaaz, uma ferramenta simples que vem mostrando uma força incrível na mobilização política e social no mundo. Com isso tenho a prova de que o maior problema não é o fato de existir "muitos problemas a serem resolvidos" mas a falta de vontade de cada um de nós em procurarmos UNIDOS reais soluções. Isso foi o que o Avaaz fez, faz e se quisermos poderemos fazer muito mais, poderemos tornar o nosso governo finalmente NOSSO.