Leis sistêmicas no âmbito biológico


PorAnônimo- Postado em 16 maio 2010

Nas leis sistêmicas no âmbito da biologia, o objetivo é explicar o que ocorre com os seres vivos em sua constituição, realização e conservação. E explicar o seu viver ao surgirem nas operações de distinção do observador.

Lei sistêmica – 17 = Espontaneidade do viver
O viver ocorre de forma espontânea. Ocorre por meio da autopoiese (a vida se autoproduz e se reproduz). Nada faz o viver, ele simplesmente sucede.

Lei sistêmica – 18 = Organização e identidade
A dinâmica da mudança estrutural do ser vivo conserva sua organização que, por sua vez, define a identidade de classe de um ser vivo (humano, réptil, ave). O observador é um ser vivo e tudo o que lhe ocorre em seu operar como observador somente ocorre enquanto ele realiza e conserva sua autopiese.

Lei sistêmica – 19 = Adaptação
Um ser vivo somente vive na medida em que o meio que o contém desencadeia nele mudanças estruturais através das quais se conserva a sua autopoiese. Se esta relação entre o ser vivo e o meio não se conservar, o ser vivo morre.

Lei sistêmica – 20 = Determinismo estrutural do viver
Como seres moleculares autopoiéticos, os seres vivos se conservam como entes determinados em sua estrutura. O determinismo estrutural do sistema e meio são disjuntivos, um não determina o outro, apenas influencia, modula de forma recursiva as mudanças que resultam na adaptação conjunta.

Lei sistêmica – 21 = O não-tempo
Passado e futuro não existem na realização da autopoiese. O tempo é uma noção explicativa imaginária que criamos para distinção de processos e de sucessão de processos e como modos particulares de existir no presente que vivemos ao explicar nosso viver.

Lei sistêmica – 22 = Ocorre o que ocorre
Cada instante do ser vivo é único, entretanto não percebemos isto porque sentimos existindo num fluir temporal. A cada instante, num presente contínuo, as estruturas do sistema operam mudanças. O viver nos ocorre, não o fazemos. Apenas ocorre como ocorre, natural e espontaneamente. Nos sucede num continuo emergir espontâneo de um nada do qual nada podemos falar.

MATURANA ROMESÍN, H; DAVILA YANEZ, X., Eras psíquicas da humanidade. In: Habitar humano em seis ensaios de biologia-cultural, são Paulo, Palas-Athena, 2009, p. 141-147.