As heresias gilânicas. O retroceder do pêndulo


PorRobertoamaral- Postado em 23 abril 2011

Qual o papel da mulher no contexto dos acoplamentos sociais na antiguidade? Uma luz sobre este assunto nos é dado por Riane Eisler, no seu livro “O cálice e a espada”.

Ao tratar do período do inicio do cristianismo, podemos observar que o modelo androcrático, iniciado no fim do neolítico, estava se exaurindo. As idéias de amor ao próximo, sugeridas por Jesus Cristo, conquistaram grande popularidade na época. Esta nova ideologia se constituiu uma ameaça à família patriarcal, da supremacia do homem sobre a mulher. O modelo de culto ao imperador e ao Estado, e de subordinação das mulheres, era a característica de um sistema baseado na supremacia da força.

Mas, as coisas estavam mudando, em Roma, as mulheres já ocupavam postos de destaque na comunidade, dispondo de grande liberdade na vida publica. Neste período houve um grande movimento de emancipação feminina. Alem do incipiente cristianismo, outros acontecimentos desafiavam a androcrácia, como rebeliões de escravos e de províncias distantes.  

Paradoxalmente, com a conversão de Constantino, ao Cristianismo, estes ideais de igualdade de gênero, foram abafados. Teve inicio um novo, longo período de dois mil anos de supremacia do homem e da força: a androcrácia.

Os bispos cristãos, que nos primórdios eram vitimas da repressão, passaram a exercê-la. Uma esperança de um reinado de amor ao próximo, foi substituída por dois séculos de aliança entre a Igreja e as classes dominantes. O resultado foi à volta da supremacia dos princípios antigos, androcráticos, de repressão, devastação e morte. O estimulo gilânico, pregado por Jesus Cristo, está novamente em ascensão, prenunciando uma nova era, de luta, sim, porem de esperança, para a historia ocidental.  (Roberto Amaral)