Economia compartilhada: um novo estágio da Sociedade da Informação e do Conhecimento


Porthabta- Postado em 19 julho 2016

Você provavelmente já deve ter usado ou ouvido falar de aplicativos como Uber, Airbnb e Spotify e na facilidade que eles proporcionam. Já falei aqui sobre isso quando tratei de conhecimento compartilhado no TJSC. Hoje, vou trazer um pouco mais sobre o tema

Também chamada de consumo colaborativo, a economia compartilhada se trata de uma prática comercial que permite o acesso a bens e serviços em rede (pessoa a pessoa ou peer to peer), sem a necessidade de compra ou posse individual.

Ela se intensificou após a crise mundial de 2008, como saída para diminuição de gastos, aumentando os empregos informais (freelances), na busca por trabalhos mais autônomos e com carga horária mais flexível.

Isso gera também benefícios ambientais, tais como a remissão da emissão de carbono na atmosfera (menos carros trafegando, a medida que pessoas compartilham veículos ou passam a trabalhar sem sair de casa) .

É claro que isso gera descontentamento nos modelos tradicionais de setores da economia, como o setor hoteleiro e de táxis, que se submetem a toda a fiscalização governamental e cobram mais caro, nem sempre conseguindo competir com a autonomia, simplicidade e redução de custos e aumento da qualidade dos serviços que essa flexibilização pelo compartilhamento proporciona, o que acaba por, inclusive, desestimular a contratação formal de empregados.

Por outro lado, a característica peer-to-peer é o elemento chave para a garantia da qualidade dos serviços, uma vez que há a possibilidade tanto dos usuários quanto dos fornecedores dos serviços avaliarem  uns aos outros, anonimamente, bem como as transações se dão online, sem a necessidade de dinheiro em espécie.

Como se trata de compartilhamento, a empresa responsável pela exposição da rede de fornecedores autónomos de serviços fica com uma porcentagem do que eles recebem dos usuários, garantindo a manutenção do software, sem os gastos que teria normalmente com estrutura física para a prestação do serviço que o particular fará.

No Brasil, a regulamentação desses serviços ainda é nebulosa. Com relação a serviços como o Uber, não há previsão legal no Plano de Mobilidade Nacional, Lei n. 12.587, tendo sido o estado de São Paulo o pioneiro a querer regulamentar o assunto de “táxis por aplicativo”, em outubro de 2015, mas ainda não autorizou o funcionamento do aplicativo da cidade.

Já no que se refere a aplicativos de carona solidária (no qual o compartilhamento de um mesmo veículo entre pessoas que residam na mesma região, num raio de 400 metros), o assunto é ainda mais atormentador: há quem faça uma salada com os artigos 108 e 135 e que considere crime. Isso mesmo. Carona remunerada ou transporte pirata – ou qualquer transporte individual ou coletivo de passageiros empregados em qualquer serviço remunerado.

É claro que não há nenhuma previsão expressa de tamanho absurdo. Ambos artigos se referem à necessidade de regulamentação para veículos de aluguel, tanto em pontos de transporte coletivo como em lugares onde estes não existam.

Por outro lado, algumas iniciativas têm buscado agregar ao invés de dividir, como o projeto paulista <www.cidadecolaborativa.org>, que embora esteja atualmente em manutenção, traz a ideia de mostrar mais de cem iniciativas da capital de São Paulo, separando de acordo com as categorias de cultura, mobilidade, consumo, serviços, trabalho e coworking, educação, meio ambiente, alimentação, moradia, ONGs e poder público.

Outra ideia bacana é a do Wigo, um aplicativo desenvolvido para mostrar, basicamente, qual o melhor ônibus pegar para o seu destino, em Porto Alegre.

Um vídeo que explica o conceito de sharing economy foi curiosamente elaborado por uma das gigantes que mais sofreu com a pirataria e o declínio da compra de mídia física, mas que tende a ganhar muito com a nova realidade: a Virgin Records:

https://www.youtube.com/watch?v=5y2P4z7DM88

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E você, já experimentou usar uma app de sharing economy? conta para a gente nos comentários :)

 

 

 

Fontes e dicas:

http://www.sucesurs.org.br/especial-economia-compartilhada

http://pt.slideshare.net/neoempresarial/sharing-economy-uber-economia-compartilhada

http://www.onoffre.com/artigos/2015/06/16/sharing-economy-economia-compartilhada

http://consumocolaborativo.cc/urbanistas-economia-compartilhada-bola-da-vez-nos-condominios-deve-se-estender-a-cidade/

https://www.uber.com/?exp=hp-c

www.airbnb.com

www.spotify.com

https://tecnoblog.net/186253/uber-sao-paulo-liberado-nao/

http://codigodetransitobrites.blogspot.com.br/2014/06/carona-solidaria-e-legal-ou-nao-e.html

Estou com um artigo aberto no navegador pra ler sobre sharing economy!! Há dias =( mas vou conseguir! o/

Enfim, esse artigo parece ser sobre como aplicar aspectos da economia compartilhada no governo:
http://thegovlab.org/what-governments-can-learn-from-airbnb-and-the-shar...

Momento depoimento:
Sou uma usuária eventual de Uber (quando será que vai chegar em Floripa?) e digo que foi uma das melhores soluções já inventadas de mobilidade! A qualidade do carro e do serviço são incomparáveis em relação aos táxis; ter o cliente como fiscal parece fazer toda a diferença. O único problema é a falta de profissionalismo (motoristas de Uber às vezes "se perdem" ou não sabem bem onde te buscar), mas acredito que seja questão de tempo para isso se resolver.

Lahis Pasquali Kurtz

Mestra em Direito