Arte e Conhecimento


Porjuliara- Postado em 09 abril 2013

 

*ler poesia em anexo antes*

Lendo essa poesia, ficam nítidas as conexões de vida e arte, este poema pode ser discutido parágrafo por parágrafo, dando muito “pano pra manga”, eu em particular gosto muito desse trecho:  “A unicidade da diversidade, o espectro da dualidade da matéria, a trindade que nutre a energia sagrada, as partes pelo todo e o todo entre as partes”, não tem como negar a beleza poética que somos, únicos na diversidade, unidades únicas e conectadas, somos matéria ou somos energia, aliás, sem cartesianismos, somos matéria E energia, onda e corpúsculo, somos milhares de fractais em crescimento eterno, temos o infinito dentro do nosso espaço finito. Dá mesmo para ir bem longe com essa poesia, mas o que eu gostaria de trazer neste momento é a idéia da ARTE como CONHECIMENTO. Lendo o livro do Maturana e Varela (A árvore do Conhecimento) e unindo com algumas idéias do livro  “ De Máquinas e Seres Vivos” dos mesmos autores, trago um trecho do primeiro que me chamou a atenção:

“Se refletirmos sobre os critérios que utilizamos para dizer que alguém tem conhecimento, veremos que o que buscamos é uma ação efetiva no domínio em que se espera uma resposta. Ou seja, esperamos uma conduta efetiva em algum contexto que delimitamos ao fazer a pergunta. Assim, duas observações do mesmo sujeito, sob as mesmas condições, mas feitas com perguntas diferentes, podem atribuir valores cognitivos distintos ao que se observa como a conduta do sujeito.” (pag. 200)

Desta forma, o que o autor sugere é que avaliamos o conhecimento do outro a partir de um domínio de condutas que nós consideramos como corretas, e esquecemos que estamos num contexto de relações e que as “respostas” do outro vem da ontogenia e da própria biologia dele, sendo assim o que ele considera como “certo” não pode ser visto por nós, não da mesma forma que ele vê, ele conhece no âmbito do existir dele, sendo que nós não podemos conhecer da mesma maneira que ele conhece, ou ainda, só podemos avaliar a partir do que nós conhecemos como certo.

A complexidade, a meu ver, que vem implícita dessa linha de pensamento é “como podemos avaliar o conhecimento de alguém, será que existem verdades absolutas? Sendo assim, o nosso sistema educacional nos parece ideal?” Em se tratando do ramo das exatas nos parece obvio que a avaliação existe, mas essa avaliação “racional” pode ser completa? Como pode o homem separar razão da emoção? Se pararmos para aprofundar esta idéia, não é só a avaliação que deve ser questionada, mas sim a maneira de “passar conhecimento”, já sabemos que a comunicação não leva informação, e sim perturbações que poderão gerar processos cognitivos a partir de quem a recebe. Logo, se a cognição traz consigo a ideia de “aprender com o operar”, por que não utilizar a arte para nutrir conhecimento? A arte traz o fator emocional em alto peso, e se todo fazer é conhecer e todo conhecer é fazer, a “autopoesia” citada pelo Filipe Freitas me parece muito coerente, mas é claro que esta afirmação está sendo dita por mim, cabe a vocês sentirem pertinência com ela ou não.

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