Análise crítica de organizações públicas


Pordeboraegc- Postado em 07 dezembro 2011

No livro Teoria Geral de Administração Pública, Robert B. Denhardt trata sobre Administração Pública e o Novo Serviço Público no capítulo 7, onde surge o tema “Teoria Social Crítica” destacada neste texto.

Habermas (1970) afirma que a atividade do governo se restringe a questões técnicas solucionáveis em termos administrativos. O que gera implicações para as noções de cidadania democrática, pois discussão pública é desnecessária para resolver questões técnicas. Sendo assim, a redução da esfera pública redunda numa despolitização geral da cidadania, visto que seu papel já não é mais ajudar na escolha dos rumos sociais, mas o de eleger, grupos de pessoal de gestão.

Na visão crítica se restabelece a conexão entre teoria e prática, que fora rompida pela teoria tradicional. A questão chave é o restabelecimento da 'comunicação sem distorção', ou seja:

“A discussão pública sem restrição, livre de dominação... em todos os níveis dos processos políticos ... é o único caminho pelo qual alguma coisa parecida com ‘racionalização’ se torna possível” (Habermas, 1979).

Para o autor do livro “Por meio de um processo de auto-reflexão ampla, crítica, podemos restabelecer a intimidade entre teoria e prática – tão necessária à ação humana esclarecida – isto é, a práxis”. 

Uma análise crítica de organizações públicas é então realizada para o autor, destacando alguns pontos:

  • Existe cada vez mais poder à disposição de interesses técnicos;
  • A falta de congruência é percebida entre os interesses dos burocratas e os interesses do público;
  • Os padrões de comunicação são falhos (tanto em relações internas como externas);
  • As condições de poder e dependência na vida organizacional, geram potencial de conflito e desordem;
  • Sobre as relações entre burocratas e seus clientes, usuários: exercem poder, os procedimentos são rígidos e despersonalizados;

Como forma de melhorar alguns destes pontos é sugerido o estilo educativo de gestão  que procuraria ajudar os indivíduos a descobrirem e então perseguirem seus próprios interesses e necessidades, uma situação que abriria espaços maiores para a comunicação e o diálogo normativo entre os membros da organização. Além de uma democratização interna dos grupos, oferecendo um caminho possível para se manter um compromisso com os processos democráticos.

Por: Débora Cabral Nazário

Fontes utilizadas:

Denhardt, Robert B. Teoria Geral de Administração Pública. THOMSON/WADSWORTH. 2008.

HABERMAS, Jürgen. Knowledge and human interests. Traduzido por Jeremy J. Shapiro. Boston: Beacon Press, 1970.

HABERMAS, Jürgen. Communication and the evolution of society. Traduzido por Thomas J. McCarthy. Boston: Beacon Press, 1979.