Acessibilidade aos deficientes visuais


PorWalter Dias- Postado em 19 junho 2016

 

Com os avanços tecnológicos que ocorrem na sociedade atual, ficar sem celular ou computador parece impossível para muitas pessoas, contudo para aqueles que possuem algum tipo de necessidade especial não é tão simples assim. A tecnologia mostra-se como aliada nessa transformação social e inclusão digital destas pessoas, pois o simples fato de ter acesso a cultura, noticias, ou até mesmo o mais simples acesso a rede de internet para este grupo acaba tornando-se penoso. Há algumas iniciativas no Brasil visando facilitar e tornar prático o acesso de deficientes visuais a recursos computacionais, como o desenvolvimento de softwares, apps e até mesmo aparelhos para o auxílio deste grupo.

Dois jovens estudantes do ITA de São José dos Campos, acompanhando os avanços tecnológicos promovidos pela chamada sociedade do conhecimento, estão desenvolvendo um tablet adaptado para deficientes visuais. A proposta inicial é incluir aquelas pessoas que muitas vezes por questões financeiras não podem ter acesso a tal tecnologia. Por meio de toque na tela adaptada o texto aparece eletronicamente, produzindo assim o resultado desejado pelo usuário. Um tablet para deficientes visuais custa em média 10 mil reais. A proposta dos estudantes é que o valor seja reduzido para em torno de 600 reais. O aparelho está fase final e pretende ser lançado até o final deste ano.

 

 

Figura 1 – Tablete adaptado
Fonte: http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2016/05/estudantes-do-ita-criam-tablet-adaptado-para-cegos-em-sao-jose.html

 

 

Segundo dados do IBGE, existem no país cerca de 160 mil pessoas com cegueira total e outros dois milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual. Dentro desta realidade, menos de dez mil pessoas têm acesso à informática. De acordo com a revista Exame, estima-se que três em cada quatro indivíduos apresentem visão subnormal. Essas pessoas acabam apresentando dificuldades nas suas atividades diárias, mesmo após o devido tratamento corretivo, seja eles com uso de óculos, lentes de contato ou implantes de lentes intraoculares. Pesquisadores da empresa Bonavision Auxilios Ópticos, onde está instalada no centro incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec) da USP, desenvolveram no ano de 2010 uma lupa eletrônica para leitura destinada a pessoas com deficiências visuais graves, com acuidade inferior a 5%. Segundo Bonatti, a Lupa Eletrônica se diferencia dos outros produtos do mercado pela sua simplicidade de utilização e de não requerer um treinamento complexo para o seu uso. Ele destaca para seu uso pedagógico: pelo fato de possuir uma tela grande, pode ser indicada para a utilização em sala de aula, para os centros que não apresentarem laboratórios específicos.

 

 

 

Figura 2 – Lupa eletrônica

Fonte: http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/pesquisadores-criam-lupa-eletronica-deficientes-visuais-597864

 

Há diversos softwares que auxiliam neste processo de inclusão dos que sofrem com este problema, como a exemplo do App DDreader que permite que cegos ouçam textos de livros digitais. Oprograma lê os arquivos no formato Daisy, criado pela Fundação Dorina Nowill: este é o primeiro aplicativo no Brasil que proporciona este tipo de leitura, com interface em português e grátis. Também há o software Letra, desenvolvido pelo Serpro em parceria com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD), ligado à Universidade de Campinas. Ele transforma textos que estão em formato eletrônico em arquivos de áudio. Os CDs gravados pelo Letra podem ser reproduzidos em qualquer player, pois o software utiliza o formato CDA, que é reconhecido por todos os dispositivos. O Letra roda em qualquer plataforma e será distribuído gratuitamente. O gerente da fábrica de software do Serpro, Cláudio Dallalana, espera que, com o software, as editoras passem a comercializar seus livros em versão áudio também. Outro software, ainda em fase de desenvolvimento, é o Sinal (Sistema Interativo de Navegação no Linux), criado a partir do Dosvox, conjunto de programas de acessibilidade digital via sintetizador de voz desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

O Dosvox começou a ser desenvolvido em 1993 e reúne mais de 80 programas, dentre eles: sistema operacional que contém todos os elementos de interface com o usuário; sistema de síntese de fala para língua Portuguesa; editor, leitor e impressor/formatador de textos e impressor/formatador para braille. O Dosvox opera somente em sistemas proprietários e a estimativa é que cerca de 10 mil pessoas utilizem-no atualmente. "O DosVox foi criado para que qualquer pessoa consiga fazer uso, mesmo àquelas que não têm muita familiaridade com computadores. Ele estabelece um diálogo muito prático e amigável com o usuário", diz Antônio Borges, responsável pela criação do DosVox.

 

 

 

Referencias Bibliográficas:

 

Exame.com. Pesquisadores criam lupa eletrônica para deficientes visuais, Disponível em: <http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/pesquisadores-criam-lupa-eletronica-deficientes-visuais-597864>

 

SERPRO. Software para deficientes visuais, disponível em:

<http://www4.serpro.gov.br/noticias-antigas/noticias-2005-1/20050606_05>

 

G1 GLOBO. Alunod do ITA desenvolvem tablet adaptado para deficientes visuais, disponível em:

<http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2016/05/estudantes-do-ita-criam-tablet-adaptado-para-cegos-em-sao-jose.html>

 

Tecnologia IG. DDreader permite que cegos ouçam textos de livros digitais, disponível em:

<http://tecnologia.ig.com.br/2014-08-22/app-do-dia-ddreader-permite-que-cegos-oucam-textos-de-livros-digitais.html>