A última hora - Documentário


Porantonio.acsj- Postado em 05 abril 2012

Localização

UFSC
Trindade
Florianópolis, Santa Catarina
Brasil
27° 36' 2.6172" S, 48° 31' 16.7988" W

A última hora

            Ano 2012. Estamos por aqui na forma que nos encontramos hoje há cerca de 200 mil anos e já somos quase 7 bilhões. Somos frutos de um processo contínuo de aperfeiçoamento genético e, segundo Darwin, os mais bem selecionados até agora.

            Desde o nosso aparecimento, que como espécie homo sapiens ocorreu há cerca de 200 mil anos, viemos, em movimento acelerado, transformando o ambiente que nos rodeia num lugar mais seguro e cada vez mais confortável de se viver.

            Durante muito tempo toda essa transformação foi realmente necessária: permitir a vida em regiões inóspitas, devastações de grandes áreas para plantações.  Modificação da paisagem e da geografia para permitir a construção de canais de navegação, estradas, usinas, minas, etc.

            Toda essa interferência no ambiente permitiu desfrutarmos do atual estágio desenvolvimento tecnológico.

         Mas, como quase tudo na vida, isso veio com um custo embutido. Diuturnamente a natureza vem se adaptando às mudanças provocadas por nós. A temperatura do planeta vem crescendo. Os polos estão em níveis acelerados de derretimento, o polo norte inclusive poderá ser circunavegado no verão, algo antes inimaginável. O nível dos oceanos está aumentando. Tornados, tempestades, inundações, secas, e diversos fenômenos que antes ocorriam de maneira esparsa, estão se tornando cada vez mais frequentes e cada vez mais devastadores.

            Vários são os fatores que contribuem para um cenário cada dia mais preocupante: A população cresce desordenadamente. Estimativas apontam que em 2070 seremos 10 bilhões, ou seja, em menos de 60 anos teremos 3 bilhões de novos humanos consumindo recursos e produzindo sua cota de lixo e de calor extra ao planeta.  São 42 % a mais de pessoas do que temos hoje e, fazendo uma perspectiva linear, 42 % a mais de sobrecarga para a natureza.

        Muito se fala na conscientização, necessidade da mudança de hábitos para diminuir a pressão sobre o planeta, na mudança da mentalidade capitalista/consumista e na geração de tecnologias e energias limpas, que diminuam o impacto ambiental.

A grande verdade é que uma diminuta quantidade de pessoas está disposta a abrir mão da comodidade e confortos que toda essa parafernália de equipamentos e tecnologia nos proporciona diariamente.

           Às vezes a comparação do ser humano como um vírus cai bem. Invade um ambiente sadio, no nosso caso fomos criados nesse ambiente, multiplica-se indefinidamente e consome todos os recursos ali disponíveis, e então necessita de outro ambiente para invadir. Será mesmo que chegaremos ao extremo de montar uma colônia em Marte ou enviar espaçonaves colonizadoras aos confins do universo, com passagem só de ida?

          O fato é que temos capacidade de frear esse processo. Somos seres inteligentes oras! (Ou pelo menos acreditamos ser!).

         Temos que nos adaptar a ideia do controle populacional. Se a natureza tem um limite, a quantidade de pessoas precisa ser controlada! Esse é um passo importante.

        O segundo ponto é conseguirmos nos adequar a um gasto energético que não altere, ou que altere o mínimo possível, os impactos sobre o ambiente, tudo isso tem que ser repensado depressa e de maneira conjunta entre todas as nações. De nada adianta o Brasil desativar uma termoelétricas enquanto a China ativa quatro do outro lado do globo.

        O discurso de que o progresso e o crescimento da economia são necessários para a manutenção de um país estável também precisa ser revisto. Não podemos crescer indefinidamente. Precisamos de um modelo estável. Precisamos consumir o que produzirmos e produzirmos o mínimo possível. Esse é o ponto. Não há motivos para alimentos apodrecerem, florestas continuarem ser devastadas, milhões de novos veículos e eletrodomésticos modelos 2012 serem despejados todos os dias a troco de simplesmente substituir os antigos. E esse lixo todo? Continuará sendo enterrrado ou simplesmente despachado para debaixo do tapete? O modelo capitalista/consumista precisa ser revisto.

       E temos que ter em mente que esse processo não será nada barato! É expandir a ideia de que os materiais recicláveis, apesar de mais caros, são necessários. Não é uma opção.

        O planeta, apesar de já demonstrar os mais variados sintomas de que não está suportando tudo isso, ainda é um lugar estável e incrivelmente confortável de se viver. O segundo tempo desse jogo já acabou e já prorrogamos o suficiente. As iniciativas precisam sair do papel e cada um de nós tem sua cota de responsabilidade para que as mudanças sejam efetivas.